Cripta Motel
Sob a luz do luar línguas serpenteiam
Nas bocas devassas de duas gueixas
Deitadas no jazigo de cimento estéril
Sobre a cama do morto, sem queixas
Assobia soturna uma coruja insólita
Gorando o sangue fresco dos corpos
Quente é o desejo do cadáver frio
Vivos, os vermes vagantes nos mortos
Uivam e dançam as lobas da noite
Mãos insurgem na fofa terra
O gozo suor escapa das fontes
O solo se abre feito uma fera
O menino morto começa a subir
Os gritos despertam o perpétuo
Cruzes, covas e mortos-vivos
Riscos de um sexo no cemitério