Um mar de almas

A neblina em meio a temperança de minhas sensações.

Passei em meio ao mar sombrio e perpetuo, um mar de almas, no qual corpos em meados de sangue me cercavam e um mórbido luar, reluzia na água turva e cálida.

Não ouvia mais o estridente grito que soava em meus ouvidos, o fluxo da morte continua; observava estática a modulação da vida.

Estava só, a minha volta somente os despojos mortais fétidos deteriorados.

Até que vejo algo se mexer, em meio a água estupefata, a esperança soa em meu peito, um olhar de um homem, estaria vivo? Estaria ferido?

Mas o olhar me chamou atenção, o olhar da dor e da resignação, de lutar contra a morte e dizer não a tentação de morrer insole.

Aquele olhar me arrepiou, era o de alguém que estava morrendo.

Demonstrava fraqueza e indulgência, demonstrava medo e persistência.

Estaria eu atento ao mundo, ou aquele simples homem seria a luz.

O olhar me causou pena, queria mesmo é voar, mas não podia, voando só os urubus que sobrevoavam a enorme quantidade de defuntos sobre a água.

O homem desapareceu em meio a água se escondeu, fiquei ali parada.