Sombra – Ato VI – Capítulo 3
 
Miguel Bondesan
 
   É complicado explicar minhas ações, aprendi a ser frio e calculista mas nem isso consigo ser, o que sou afinal? Meus pais iram me odiar depois de saberem o que fiz, mas não podia deixar que Liam ficasse sem descobrir o que vai acontecer, ele merece o direito de lutar, mesmo tendo poucas chances.
   Tudo aconteceu a duas semanas, meus pais saíram para um chamado urgente, era Diablo o senhor do inferno que os chamará para uma missão, exterminar todos os espíritos rebeldes na terra.
   Podia ser só mais uma caçada qualquer, mas sentia que tudo estava diferente, Giovanna mal falava comigo nos dias seguintes e Jean começou a me ignorar completamente, ambos focados demais no que deveria ser feito. Foi quando decidi agir e alertar Liam sobre o que iria ocorrer. 
   Iríamos atrás deles em dois dias, todos já estavam se preparando e exercitando faziam alguns meses desde nossa última caçada e alguns parentes mais velhos de nossa família começaram a se ausentar devido a sua ineficiência. É ruim para qualquer vampiro se tornar velho, com o tempo vivemos nosso auge, mas depois tudo começa a desaparecer, nossas habilidades se enfraquecem até sumirem e nos tornamos mais fracos e inúteis.
-O que pretende fazer? – perguntou uma voz sombria vindo da janela do meu quarto.
-Quem está ai? – falei baixo para não chamar tanta atenção.
-Eu sou a Morte, você sabe disso. – o homem entrou pela janela coberto por sua capa negra e uma foice enorme.
-O que faz aqui? Eu não o conheço. – respondi.
-Conhece, você foi até a casa de Thomas, avisar Liam sobre o ataque. O que pretende fazer? Ajudá-los?
-Não há como ajudá-los. Somos em mais de cem vampiros, contra, vinte deles?
-Você é mais forte do que pensa Miguel e parece que depois de anos finalmente pode se vingar pelo ocorrido em sua infância.
-Como eu ajudaria? Seria apenas mais um contra minha própria família.
-Eles não são sua família Miguel, seu lugar não é aqui. Pude ver como você sofreu, como foi arrancado de tudo que amava.
-Você sabe? Não sabe o que senti, nem mesmo o que vivi durante esse tempo. Não se faça de consolador, me diga logo o que veio pedir para mim.
-Quero que os ajude, se torne um membro do grupo.
-Para? Ser morto?
-Pegue. – ele esticou uma das mãos e soltou uma pedra vermelha ao meu alcance.
-O que é isso?
-O que você precisa para libertar sua fúria contra todos aqueles que o fizeram mal.
-Uma pedra?
-Sim. Vá encontrá-los. Faça o que puder para os preparar e depois se concentre, Liam o explicará o que fazer com a pedra.
-Espere, você o conhece? – perguntei.
-Eu sou o melhor amigo dele.
-Quem tem a Morte como melhor amigo? – sussurrei para o vazio que já preenchia meu quarto.
   Peguei algumas roupas e sai pela janela, não demoraria muito para chegar até Liam e os outros. Me hospedei na floresta, entre duas árvores próximas, podia ver as luzes da casa e o movimento das sombras de cada um do lado de dentro.
-Você está aqui! – anunciou um homem vindo de minha esquerda.
-E quem é você? – perguntei.
-Doze. – respondeu o garoto de olhos azuis e uma altura bem elevada.
-Isso é um nome? Quem dá o nome de um número para alguém?
-Derek mandou você não foi. – ele apenas me ignorava e continuava a falar.
-Derek?
-Sim, a Morte, ficou com medo dele?
-Claro, é a Morte.
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 17/09/2015
Código do texto: T5385382
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