Os Sonhos da Morte

Carlos sempre tivera sonhos estranhos, grandes catástrofes aconteciam antes em sua mente do que na vida real, porém nunca lhe trouxe incomodo tal situação, pois afinal, esses sonhos costumavam ocorrer uma vez por ano e Carlos acreditava apenas se tratar de uma grande coincidência.

Mas tudo mudou quando sua querida esposa morreu, Safira. Estavam casados há apenas três meses, viviam os dois muito felizes em uma felicidade de recém-casados, sempre planejavam grandes coisas para o futuro, tudo corria bem até o dia em que Carlos teve um estranho sonho. Ele se via em um grande campo florido, caminhava feliz e sem grandes preocupações enquanto o sol brilhava forte no céu, pássaros cantavam ao longe como nunca ser humano antes havia escutado, quando ao longe algo chamou sua atenção. Via uma grande cova ainda aberta e em sua frente havia uma lápide escrita "Safira Medeiros de Souza", tomou um grande susto ao reconhecer o nome da sua esposa, logo acordou e se viu novamente em sua cama sentindo Safira respirar lentamente ao lado, abraçou-a com força, deu-lhe um beijo em sua nuca e tornou logo a dormir sem sonhar mais nada naquela noite.

No outro dia, enquanto cumpria sua hora no expediente, recebeu uma terrível notícia, sua esposa sofrera um grave acidente de carro e não resistiu aos ferimentos. Carlos ficou profundamente abatido, lembrou o sonho que tivera na véspera e se perguntou se havia sido realmente mais uma de suas estranhas coincidências ou de uma terrível premonição?

Passado um mês dessa tragedia Carlos teve outro sonho estranho, dessa vez se viu preso em espécie de reino encantado, diversas montanhas faziam contrastes aos enormes castelos dourados que se via ao longe, árvores cobertas de inúmeros frutos, algumas possuindo até mais de um fruto diferente, caminhou nesse reino de fantasia e encanto quando avistou novamente uma cova ao longe, estava do mesmo jeito que a cova que havia encontrando nos sonhos de sua falecida esposa, mas com uma grande diferencia, o nome que havia na lápide era de sua mãe ao lado do sepulcro de seu já falecido pai.

Acordou agitado e logou pegou o telefone que ficava do lado de sua cama, tentou ligar mais de uma vez para sua mãe, mas ninguém atendia. Resolveu ligar para a polícia e envia-los para lá, saiu da sua cama e foi rapidamente pegar o carro em sua garagem e ir à casa de sua mãe, chegando lá uma triste notícia o aguardava, ela falecera durante a madrugada de um súbito ataque cardíaco.

Depois desse dia os sonhos só aumentavam, primeiramente eram de alguns amigos próximos, Carlos tentava de qualquer forma avisa-los, mas se mostrava inútil, alguns não acreditavam, outros até escutavam mas não conseguiam fugir de seus tão terríveis destinos. Depois começou a sonhos com pessoas em que ele apenas tivera contato em sua infância e nunca mais vira, depois de um tempo até completos desconhecidos começaram a habitar seus tão diversos sonhos. Tentou buscar ajuda, primeiro através de drogas que tentava reduzir seu tempo dormindo, mas tais tentativas se mostraram inúteis. Depois procurou diversos psicólogos que não conseguiam lhe resolver o problema, apenas relataram que tais sonhos poderiam ser traumas vividos na infância, porém não conseguiram responder a pergunta de como Carlos sabia quem poderia morrer sem nem isso ter acontecido antes. Procurou finalmente ajuda em pessoas que alegavam possuir dons paranormais, mas esses se mostraram quase tão assustado quanto ele e disseram que isso era um dom enviado por Deus, o certo era não questionar e sim saber usa-lo com sabedoria.

E assim se passou quase um ano, Carlos tinha esses terríveis sonhos todos os dias, pensou em cometer suicídio, mas se viu fraco para isso. Estava a ponto de quase perder a sanidade mental quanto teve um fatídico sonho.

Dessa vez o sonho se mostrava diferente, era noite de um breu impossível de se enxergar muito além, chovia terrivelmente forte e os diversos raios que caiam em sua volta servia para poder iluminar o cenário em sua volta coberto de árvores retorcidas, Carlos também pode ver que se encontrava na entrada de um cemitério. Ao entrar nesse cemitério logo reparou em diversas covas que formavam duas fileiras em cada canto de uma longa estrada em sua frente, antes que mesmo percebesse viu que caminhava por ela. Andando por esse caminho as covas em sua volta chamavam-lhe a atenção, cada uma pertenciam a pessoas que já havia estado em seus sonhos a pouco tempo, a primeira cova que encontrou fora de seu sonho da noite passada, quanto mais andava, mais antigos eram as covas que encontrava.

Quando novamente um raio caiu em sua volta um calafrio percorreu sua espinha, via que atrás de cada lápide se encontrava a pessoa dona de sua cova, todas a encaram com um olhar fixo que transmitia uma sensação de ódio contra ele, como se Carlos fosse o responsável de toda as mortes ali, caminhou mais rápido naquele longo caminho até se ver no fim das longas fileiras de covas onde, em sua volta, estava sua mãe e sua esposa. Novamente um outro raio iluminou sua volta, foi apenas uma fração de segundos, mas pode ver a sua frente, para o seu grande horror, uma cova ainda aberta com um nome na lápide "Carlos Pereira de Souza".

Logo em seguida Carlos acordou de seu terrível sonho, mas algo havia de errado, ele não se encontrava na sua cama, estava cercado de uma escuridão tão terrível quanto a que antes encontrará em seu sonho, tentou levar a cabeça, mas ela bateu em uma espécia de muro invisível, tentou levantar os pês que bateram no mesmo muro, e ficou assim deitado, gritando por ajuda em plena escuridão até se encontrar fraco e tonto demais para continuar, seu ar estava acabando, foi quando um terrível pensamento passou em sua cabeça, havia sido ele enterrado vivo.

Vinicius Marques
Enviado por Vinicius Marques em 09/09/2015
Reeditado em 25/02/2018
Código do texto: T5376135
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