Almas Roubadas, Episódio I

I

- Que frio é esse? – disse o garoto abraçado na garota.

- Não se preocupe, eu te aquecerei – Então a garota o abraçou mais forte.

A garota era branca, cabelos longos e negros, olhos azuis e seus lábios maravilhosos, dava vontade a qualquer um de beijar aquela boca. Os dois começaram a se beijar intensamente, o garoto até perdia o ar.

- Você é demais

- Você ainda não viu nada!

- Como assim? – a garota o jogou na cama e colocou a mão sobre seu peito e começou a apertar – O que está fazendo?

Os olhos da garota ficaram brancos e começou a mudar toda sua face – o que é isso meu Deus? – O garoto estava assustado.

Uma força começou a fazer pressão no rapaz que sentia que algo estava sendo retirado dele. Dois segundos depois o garoto estava totalmente roxo, como os olhos completamente negros.

A garota vira as costas e vai embora, deixando o corpo em cima da cama....

Delegacia de polícia, três horas depois....

- O caso é o seguinte Eduardo, um corpo encontrado na cama, nenhuma marca de violência, luta, nada, apenas um corpo caído.

- Então esse é um trabalho para o IML não para nós.

- Ai é que a coisa fica estranha, testemunhas juram que ele entrou com uma garota em seu prédio, e nenhum dos dois saíram de lá.

- Vamos dar uma olhada....

- Como era o nome do garoto? – perguntou Eduardo andando na delegacia.

- Era Adalberto Moreira, tinha vinte anos e residia sozinho em seu apartamento.

- É Richard, já vi que esse será um caso daqueles....

Os dois entraram na viatura e foram ao local do crime...

-É aqui – disse Richard apontando o local.

Desceram do carro e foram até onde estavam as demais viaturas.

- Boa noite pessoal – disse Eduardo

- Edu, boa noite – respondeu o policial responsável.

- O que temos aqui?

- É estranho, parece que foi um assassinato, mas sem marcas de luta, apenas o corpo caído.

- Onde está o perito?

- Lá dentro.

- Posso ir?

- Claro.

- Vamos Richard – Eduardo e Richard entraram no prédio junto com o policial responsável.

- Esse é o apartamento – informou o policial.

- Certo, obrigado Luiz, vamos dar uma olhada no presunto – respondeu Eduardo.

Aproximaram-se e lá estava o perito tirando as fotos.

- Boa noite, eu sou Eduardo e esse é Richard, somos da divisão de homicídios.

- Que bom que vieram, analisem o corpo – disse o perito.

- Nenhuma marca de nada, realmente, parece que morreu de um ataque – disse Richard.

- Mas olhem os olhos dele – disse o perito – é estranho, não é?

- Meu Deus! – exclamou Richard olhando para os olhos – Veja isso Eduardo.

- Olhos escuros – Eduardo viu uma foto do garoto – Vejam, ele está com o rosto chupado também.

- Alguma ideia do que possa ter acontecido? – perguntou Richard.

- Nenhuma, parece que foi doença.

- Eu não sei não – disse o perito, um pouco trêmulo.

- O que acha então?

- Vocês vão achar ridículo, mas na cidade de onde venho, dizem que a cada quinhentos anos, um demônio vem a terra em forma de mulher para saciar sua fome de almas.

- Está dizendo que um demônio matou este garoto? – perguntou Eduardo.

- Não disse isso, mas a lenda bate perfeitamente. Testemunhas disseram que ele entrou com uma mulher aqui e ninguém saiu, como explicar isso?

- Se ela não saiu, ela ainda está aqui! Richard, peça para que a polícia faça uma batida em todos os apartamentos, ela ainda deve estar aqui. E tem razão essa historia é ridícula.

Richard saiu do apartamento e assim fez a ordem, todos os apartamentos foram revistados e nada de encontrarem ninguém.

De volta à delegacia de polícia....

- Não é possível, não achar a mulher que estava com ele! Onde está a testemunha que os viu entrarem?

- Acabou de chegar aqui, é Antônio, o porteiro do prédio.

- Vamos perguntar a ele.

Antônio foi chamado na sala de Eduardo...

- Boa noite senhor Antônio, tudo bem?

- Tudo sim.

- Aceita uma água, um café?

- Não, muito obrigado.

- Pode me descrever o que aconteceu essa noite?

- Não sei de muita coisa não, mas era por volta das nove horas da noite, Adalberto chegou com uma garota que eu nunca vi, era uma garota bonita, olhos azuis, seios grandes, eu não tive como não reparar.

- Mais alguma coisa?

- Ele me disse que era uma amiga, mas sabe doutor, apesar de ela ser bonita, quando ela me olhou eu senti um calafrio imenso, parecia que minha alma iria ser levada.

- O senhor bebeu alguma coisa hoje?

- Não senhor, eu não bebo, eu sou um ótimo evangélico, vou ao culto todos os domingos, tenho mulher e filhos.

- Tudo bem, eu já entendi. Muito obrigado!

Antônio se levanta e vai embora da sala.

- Ouviu o que ele disse chefe?

- Ouvi Richard.

- Você acha que a história do perito...

- Pode parar, vai você começar a acreditar na historia dele!

- Mas quando nós entramos no apartamento, eu senti um calafrio também.

- É claro tinha um corpo lá dentro, até eu senti. Já está tarde, vá para casa, amanhã conversaremos mais.

Já era de madrugada e Eduardo ainda estava na divisão, sentado em frente ao computador, analisando as fotos.

- Não deve ser homicídio, nenhum sinal, por que estou perdendo meu tempo? – Abriu seu armário e pegou um copo e uma garrafa de Whisky, olhou a foto que tinha em cima da escrivaninha de sua mulher e seu filho – Homicídio foi o que fizeram com vocês naquele dia! Não isso!

A sala começou a ficar fria, Eduardo olhou mais uma vez a foto do jovem, ampliou para tentar pegar qualquer detalhe, viu uma pequena marca no peito do jovem, mas não conseguia ampliar, um estrondo veio de fora de sua sala.

- Alguém ai? – gritou Eduardo, mas ninguém respondeu.

Eduardo pegou sua arma e olhou fora de sua sala, tudo apagado. Andou lentamente até o interruptor e acendeu a luz, porém a luz estava falhando – Mas que droga!- um novo estrondo agora de sua sala.

Eduardo correu em direção à sala, as luzes apagaram totalmente – Pronto! Não faltava mais nada – Chegou a sua sala, apenas o monitor ligado, no chão estava o retrato de sua mulher e filho, com o copo de whisky caído em cima.

- Droga como foi cair isso? – olhou para o fundo da sala, uma sombra negra – Quem está ai? – sem resposta, olhou para a foto no computador e o corpo não estava mais na foto – Mas que bosta é essa? – a sombra negra se levantou e dela se formou o garoto do mesmo jeito que estava na foto.

- Ela quer mais! – disse o garoto.

- Santa mãe de Guadalupe! – gritou Eduardo acordando em sua mesa – Nossa! Que sonho.

- Eduardo! – disse Luiz entrando em sua sala – Vamos embora, já são duas da manhã!

- Vamos! – Eduardo olhou a foto e o corpo estava lá normal – Cruzes!

- O que houve? – perguntou Luiz

- Nada, acho que estou trabalhando muito – pegou suas coisas e fechou a sala – Vamos nessa!

Na manhã seguinte...

- Alô – falou Eduardo atendendo ao telefone.

- Edu, põe no noticiário! – gritou Richard pelo telefone.

- Já vai! – Eduardo se levantou rapidamente e ligou no noticiário da manhã.

“Mike Oldfield – Sentinel”

- Três jovens foram encontrados hoje pela manhã, mortos e todos do mesmo jeito, com os olhos negros e o rosto mais magro do que o de costume, a semelhança entre eles é que ambos moravam sozinhos e tinham a faixa etária entre dezenove e vinte um anos. A polícia ainda não viu ligação entre eles, e nem sabe dizer se foi mesmo assassinato!

- Só pode estar de brincadeira comigo! – exclamou Eduardo.

- O que será que está acontecendo? – perguntou Richard.

- Não sei, me encontre na delegacia em vinte minutos – Eduardo desligou o telefone e foi se arrumar.

Eduardo estava no banho e começou a se lembrar do sonho na delegacia, sentia que algo estava errado, mas não podia acreditar no que o perito disse.

Na delegacia, Eduardo chegou e encontrou Richard.

- Edu, o chefe quer falar conosco!

Entraram na sala, estava o chefe lá sentado à mesa.

- Sentem-se!

- Na mesa também? – perguntou Eduardo brincando.

- Sem brincadeiras porra! Três jovens aparecem mortos e vocês levando na brincadeira?

- Calma aí, Oliveira! Nem sabemos mesmo se foram assassinatos! – disse Richard.

- Não me interessa! A Mídia tá caindo em cima! Precisamos de uma resposta!

- Não temos como saber ainda – respondeu Eduardo – Nem vimos os outros corpos!

- E estão fazendo o que ainda aqui? Vão logo!

- Mas que chefe chato! – disse Eduardo ao sair da sala.

- Eu escutei isso Eduardo! – respondeu Oliveira de sua sala.

Chegaram ao IML para ver os corpos.

- Somos da divisão de homicídios, queremos ver os corpos.

- Está bem, disse o Legista, venham comigo!

O legista abriu as gavetas e retirou os três corpos e os colocou nas mesas. Eduardo e Richard analisaram bem os corpos.

- Estão iguais ao outro.

- Ainda bem que a mídia não sabe do quarto.

- Mas não há marcas de nada, como pode ser assassinato?

- Eu não sei Richard! Mas vamos descobrir!

Tato Ferrarezi
Enviado por Tato Ferrarezi em 09/09/2015
Reeditado em 11/09/2015
Código do texto: T5376125
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