Sombra – Ato V – Capítulo 15
 
   Doze permanecia ali, parado e com os olhos fixos em mim. Me aproximei devagar enquanto ele continuava a me encarar, o mais estranho era o fato de ele não estar usando seus óculos.
-O que está fazendo aqui? – perguntei.
-Você adora brincar de Deus, não é? Age sem pensar em seus atos e depois quer culpar o mundo por tudo que acontece. 
-Do que está falando?
-A lança, você a usa de um jeito tão infantil, não sei o que a  de tão especial  em você  afinal de contas.
-Se acha que não sirvo para usá-la por que Destino a entregou a mim então? Por que não deixou apenas você para a usar? 
-Por que não preciso dela. Já você, o fraco, sim. 
-Fraco?
-Vamos, eu já cansei desse jeitinho família, onde está o garoto arrogante e sem controle que reuniu todos aqui? 
-Você está me irritando. 
-Esse é o plano.
   Não sabia se aquela situação era real ou se Doze apenas estava me testando, mas acabei agindo sem pensar direito e depois de fazer a lança surgir entre meus dedos disparei um golpe contra ele, que o atravessou como se não existisse.
-O que é isso? – perguntei.
-Você realmente não sabe o que faz. Luta pelo equilíbrio, sendo que aqui não existe equilíbrio você e Derek são os seres mais poderosos do grupo.
-Qual o problema? Nós protegemos os outros, somos sim uma família, apesar de não concordarmos sempre, isso é normal.
-Se você diz, por que não conseguiu me atacar? Se proteger? Não sou um perigo pra você, a lança sabe disso.
-Mas isso não explica por que o ataque o atravessou.
-Bom, vocês tem seus truques, eu tenho os meus. Lembra-se de meu pequeno livro? Aquele onde você leu as duas letras JH? Bom, ele realmente não é comum, tudo que eu anoto nele se torna real, então, desde que eu anote lá que nada pode me ferir ou atingir, isso se torna verdade.
-E Destino?
-Nem mesmo ele pode me atingir. Essa sim é a maior arma  de todo o universo.
-O que pretende escrever nele? – perguntei um pouco assustado.
-Não sei, prezo pelo equilíbrio. O que foi? Agora começou a me respeitar?
-Sempre o respeitei.
   Doze caminhou a diante, para dentro da floresta, em direção a grande toca de Sombras. O acompanhei por alguns metros até que me mandar voltar.
-Não preciso de você aqui, vá para casa e comemore, vou acabar com todas aquelas Sombras e farei isso sozinho.
-Por que vai me ajudar? – perguntei.
-Você me intriga e isso já é alguma coisa, cansei desse mundo cheio de medos, talvez a solução seja realmente colocar um pouco mais de luz no horizonte.
   Fui para casa enquanto começava a chover, alguns minutos depois um clarão surgiu no centro da floresta, era a prova de que Doze estava do nosso lado e que suas palavras apenas queriam fazer com que eu abrisse meus olhos. Estamos unidos em uma guerra infinita, mas finalmente sei que não vou mais lutar sozinho.

 
Ato V

Fim


 

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 08/09/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5374769
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