Sombra – Ato V – Capítulo 7
 
   Não sabia se estava sonhando ou desorientado, vagava pelo espaço sem caminho ou direção, com aquela lança presa em minha mão esquerda. Olhei em frente, para a lua que aquela altura mais parecia um globo gigante azul, sim, azul em vez de branca.
-Onde estou? – perguntei ao vazio que me rodeava, na esperança de ser ouvido por alguém.
-Você está no caminho certo Liam. – respondeu uma voz conhecida.
-Destino? – perguntei.
-Vamos em frente, você precisa me acompanhar. – ele se projetou em forma humana em minha frente e desviou o olhar para onde deveríamos seguir.
-Para onde vamos?
-Logo entenderá Liam, quando eu criei o universo, também criei um júri, estranho não? Muitos pensam assim, mas foi um meio que encontrei de não tomar ações sem pensar, ou ser punido por elas, assim como todo ser importante neste universo.
-Isso é confuso, complicado.
-Não espero que entenda agora, só quero que tudo seja acertado.
-O que o júri irá fazer?
-Analisar, se suas ações foram necessárias e se minha ajuda também influenciou em sua vitória.
-Isso é claro, sem sua lança eu não conseguiria vencê-los.
-Você acha? – me perguntou soltando um breve sorriso. – Eu a joguei ao chão, você só poderia tocá-la e usá-la se fosse realmente capaz. Na verdade ninguém poderia usar minha lança além de mim, mas naquele momento abri uma exceção, senti que precisava ajudar. – concluiu.
-Obrigado.
-Pelo que?
-Por me ajudar.
-Não o ajudei, você se ajudou. Entenda, eu apenas forneci um instrumento, que você foi capaz de usar, é isso que dirá, entendeu?
-Entendi.
-Certo.
-Como é esse conselho? Júri? – perguntei.
-Para você parecerão humanos, comuns, uns quarenta anos provavelmente.
-E você, por que usa esse corpo jovem?
-Gosto de me sentir jovem, é um tédio ser o criador de tudo isso e se fantasiar de um velho barbudo, não acha?
-Faria  o mesmo. – respondi enquanto olhava para a lança, ainda em minha mão.
-Você ficará com ela. Pelo menos por enquanto. – ele nem sequer olhou para mim enquanto falava.
-Tem certeza? E se alguém roubá-la de mim? – perguntei.
-Quem? Como eu disse, nenhum outro poderá usá-la. Ela é uma invenção minha. Totalmente minha.
-As Sombras e Demônios, estão extintos?
-Não, Sombras e Demônios nascem todos os dias Liam, mas agora todos eles temem você. O que lhe trará um pouco de sossego, porém problemas maiores.
-Nascem? Como isso é possível?
-Quando um humano morre, sua alma é dividida em três partes. Sua parte boa é enviada ao céu e se torna um Anjo, sua essência humana é transformada em Sombra e sua parte maligna se torna um Demônio.
-Lauren tinha uma essência inocente, uma garota assustada brutalmente assassinada.
-Não sei Liam, naquele dia pensei que você fosse morrer, mas ela hesitou e depois que vocês se conectaram ela se transformou, primeiro em um espírito e depois em uma humana.
-Falando em espíritos, o que somos exatamente? Eu nunca consegui definir.
-Vocês são humanos Liam, diferentes claro. Conseguem ver o mal no mundo, ah, tem Sombras que você nunca viu mas que o rodeavam o tempo inteiro, Lauren foi a única Sombra que mudou de lado, do mal para o bem, por isso vocês dois se conectaram, por que ela viu algo em você, confiou em você. Sei que é um pouco confuso, mas logo você conseguirá entender melhor.
-Quando eu voltarei para casa?
-Em breve, mas primeiro tenho que lhe ensinar algumas coisas.
 

 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 24/08/2015
Reeditado em 25/08/2015
Código do texto: T5357582
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