Não passou. Ao contrário, com o passar do tempo só piorou. Dona Glorinha não perdia oportunidade de criticar a menina. Era desajeitada, preguiçosa, tinha uma voz desagradável, não sabia cozinhar, parecia meio largada, era muito “dada” com os amigos dele etc...
Fez de tudo, disse tudo que era possível mostrar e inventar para que o Toninho largasse a Walderez, mas o tiro saiu pela culatra. Quanto mais ele torpedeava o namoro deles, mais crescia neles a vontade de casarem-se logo. Ela, para dar um troco naquela bruxa, ele para escapar das garras dela.
Assim, eles acabaram se casando antes do previsto. Dona Glorinha ficou fula de raiva. Recusou-se a ir ao casamento, falou um monte de impropérios para a nora, brigou com o filho, fez as chantagens emocionais de praxe (chorou, inventou doenças, reclamou do abandono em que estava sendo deixada, prometeu se matar, etc. ), mas nada adiantou. Eles sabiam com quem estavam lidando.
Então Dona Glorinha mudou de tática. Como viu que não adiantou a pressão pelo lado de fora, passou a trabalhar pela parte de dentro. Aproximou-se de Walderez e tornou-se amiga da nora. Ia visitá-la sempre, nunca mais fez qualquer crítica à moça, nem se queixou mais com o filho. Em princípio, o casal ficou meio desconfiado com a mudança repentina da Dona Glorinha, mas logo eles se acostumaram com isso, pois com coisas boas é fácil se acostumar.
Dona Glorinha tornou-se uma sogra simpática e prestativa. Já fazia uns dois anos que eles haviam se casado e tudo ia bem com a vida do casal. Mas um dia Toninho recebeu um telefonema estranho de uma mulher que se dizia amiga dele. Não quis se identificar, pois segundo ela disse, era também amiga de Walderez, mas não se conformava com o que ela estava fazendo com ele.
De uma forma velada e subreptícia ela disse que Walderez estava passando ele para traz. Deu detalhes do caso. Disse que quando ele saia para o trabalho, pela manhã, um cara costumava entrar na casa deles, pela janela do quarto do casal. Ficava lá algumas horas e depois saia pela mesma janela. Era sempre o mesmo cara, segundo a denunciante. Ela o vira várias vezes.
Chocado pela denúncia, ele quis tirar o assunto a limpo. A primeira coisa que passou pela cabeça dele foi que isso poderia ser uma armação da mãe, embora a voz, pelo telefone, não fosse a dela. Mas uma voz pode ser disfarçada, pensou. De repente a Dona Glorinha estava tendo uma recaída. Escorpião não perde o ferrão assim de repente.
Foi imediatamente procurá-la. Dona Glorinha ficou indignada. Como ele poderia pensar uma coisa dessas da sua própria mãe? Se ela soubesse de alguma coisa nesse sentido ela diria isso na cara da Walderez. Não era uma mulher de subterfúgios. Sugeriu que ele ficasse de tocaia na manhã seguinte para ver se era verdade que um sujeito costumava entrar pela janela depois que ele saia. Isso era coisa fácil de verificar.
Foi então que no dia seguinte, lá estava o Toninho, espreitando. Saíra para trabalhar normalmente, mas se acoitara atrás de um muro, de onde podia ter uma vista completa da sua casa, e principalmente da janela do seu quarto.
Não demorou meia hora. Viu quando Walderez abriu a janela do quarto e olhou para fora, como se estivesse respirando o ar da manhã. Depois se retirou, deixando a janela abera. Cinco minutos deepois um vulto de homem abriu o portão, esgueirou-se cuidadosamente pelo beiral da casa, como se temesse ser visto e pulou para dentro do quarto pela janela aberta. Não era alguém conhecido do Toninho. A única coisa que ele pode notar no sujeito foi o vasto bigode que ele usava.
O que aconteceu depois todo mundo, naquela cidade, ainda se lembra. Os jornais comentaram durante a semana inteira o fato.
"Marido enlouquecido de ciúmes mata a esposa, a própria mãe e depois se suicida" foi a manchete. A polícia tirou as mesmas conclusões. Foi uma tragédia familiar, provocada pelos ciúmes do marido. Não adiantava procurar as razões. Não sobrara culpados para punir.
O detalhe que ninguém conseguiu entender até hoje foi o fato de a mãe do rapaz ter sido encontrada morta na cama do casal. E o detalhe pitoresco foi que ela estava vestida com as roupas do seu falecido marido e usando um vistoso bigode postiço
Fez de tudo, disse tudo que era possível mostrar e inventar para que o Toninho largasse a Walderez, mas o tiro saiu pela culatra. Quanto mais ele torpedeava o namoro deles, mais crescia neles a vontade de casarem-se logo. Ela, para dar um troco naquela bruxa, ele para escapar das garras dela.
Assim, eles acabaram se casando antes do previsto. Dona Glorinha ficou fula de raiva. Recusou-se a ir ao casamento, falou um monte de impropérios para a nora, brigou com o filho, fez as chantagens emocionais de praxe (chorou, inventou doenças, reclamou do abandono em que estava sendo deixada, prometeu se matar, etc. ), mas nada adiantou. Eles sabiam com quem estavam lidando.
Então Dona Glorinha mudou de tática. Como viu que não adiantou a pressão pelo lado de fora, passou a trabalhar pela parte de dentro. Aproximou-se de Walderez e tornou-se amiga da nora. Ia visitá-la sempre, nunca mais fez qualquer crítica à moça, nem se queixou mais com o filho. Em princípio, o casal ficou meio desconfiado com a mudança repentina da Dona Glorinha, mas logo eles se acostumaram com isso, pois com coisas boas é fácil se acostumar.
Dona Glorinha tornou-se uma sogra simpática e prestativa. Já fazia uns dois anos que eles haviam se casado e tudo ia bem com a vida do casal. Mas um dia Toninho recebeu um telefonema estranho de uma mulher que se dizia amiga dele. Não quis se identificar, pois segundo ela disse, era também amiga de Walderez, mas não se conformava com o que ela estava fazendo com ele.
De uma forma velada e subreptícia ela disse que Walderez estava passando ele para traz. Deu detalhes do caso. Disse que quando ele saia para o trabalho, pela manhã, um cara costumava entrar na casa deles, pela janela do quarto do casal. Ficava lá algumas horas e depois saia pela mesma janela. Era sempre o mesmo cara, segundo a denunciante. Ela o vira várias vezes.
Chocado pela denúncia, ele quis tirar o assunto a limpo. A primeira coisa que passou pela cabeça dele foi que isso poderia ser uma armação da mãe, embora a voz, pelo telefone, não fosse a dela. Mas uma voz pode ser disfarçada, pensou. De repente a Dona Glorinha estava tendo uma recaída. Escorpião não perde o ferrão assim de repente.
Foi imediatamente procurá-la. Dona Glorinha ficou indignada. Como ele poderia pensar uma coisa dessas da sua própria mãe? Se ela soubesse de alguma coisa nesse sentido ela diria isso na cara da Walderez. Não era uma mulher de subterfúgios. Sugeriu que ele ficasse de tocaia na manhã seguinte para ver se era verdade que um sujeito costumava entrar pela janela depois que ele saia. Isso era coisa fácil de verificar.
Foi então que no dia seguinte, lá estava o Toninho, espreitando. Saíra para trabalhar normalmente, mas se acoitara atrás de um muro, de onde podia ter uma vista completa da sua casa, e principalmente da janela do seu quarto.
Não demorou meia hora. Viu quando Walderez abriu a janela do quarto e olhou para fora, como se estivesse respirando o ar da manhã. Depois se retirou, deixando a janela abera. Cinco minutos deepois um vulto de homem abriu o portão, esgueirou-se cuidadosamente pelo beiral da casa, como se temesse ser visto e pulou para dentro do quarto pela janela aberta. Não era alguém conhecido do Toninho. A única coisa que ele pode notar no sujeito foi o vasto bigode que ele usava.
O que aconteceu depois todo mundo, naquela cidade, ainda se lembra. Os jornais comentaram durante a semana inteira o fato.
"Marido enlouquecido de ciúmes mata a esposa, a própria mãe e depois se suicida" foi a manchete. A polícia tirou as mesmas conclusões. Foi uma tragédia familiar, provocada pelos ciúmes do marido. Não adiantava procurar as razões. Não sobrara culpados para punir.
O detalhe que ninguém conseguiu entender até hoje foi o fato de a mãe do rapaz ter sido encontrada morta na cama do casal. E o detalhe pitoresco foi que ela estava vestida com as roupas do seu falecido marido e usando um vistoso bigode postiço