HEMORRAGIA "A máscara"
O baile teve inicio exatamente às duas da manhã. A casa é imensa com seus lustres e moveis pra lá de luxuosos. O salão principal está repleto de convidados com suas indumentárias típica da época. As mulheres com seus vestidos decorados, pesados e rodados. Os homens com suas casacas batendo na altura da canela dançam elegantemente ao som de um violino bastante afinado. A comida é regada. Uma enorme mesa oferece aos convidados um banquete digno de rei. Todos estão à vontade na sala dançando com seus pares. Alguns degustam das delicias ali oferecidas. Mas, a maior atração da madrugada não é o baile e nem a comida. E sim o senhor da escuridão. O ser apavorante. Segundo a lenda ele surgirá descendo a escada e chamará a mais bela das mulheres para uma dança.
Todas as mulheres capricharam na vestimenta e abusaram do decote deixando os homens com água na boca só de olhar. O relógio marca três e até agora nada do mestre da noite. Todos dançam e conversam. Uma donzela de olhos azuis como o céu e pele branca macia olha para a escada e seus olhos contemplam um homem de pé. Uma máscara oculta seu rosto. Sem fôlego ela alerta aos demais quanto à presença marcante da figura. A musica para e os passos de dança também. O silêncio é sepulcral. Todos prendem a respiração enquanto o homem mediano desce lentamente as escadas. A capa negra vem varrendo todo o chão lustroso. Os cabelos umedecidos com um tipo de óleo o deixa mais atraente. Pela máscara ele vislumbra Marta a menina de olhos azuis como o céu. As outras donzelas aguardam o desenrolar da situação. O homem se aproxima de Marta e a toca no queixo.
- Quer ser minha esposa?
Marta engole em seco e nada responde.
- Você se tornará minha condessa e viverá eternamente.
Marta abre um sorriso tímido.
- Posso ver seu rosto?
Insatisfeito com o pedido o tal homem tenta convencê-la a mudar de ideia.
- Veja o lado bom minha cara, você não precisará mais de ninguém, serás rica a meu lado, jamais morreremos.
- Ah, meu caro conde, como eu gostaria de passar toda a eternidade a seu lado.
- Qual o seu nome minha condessa?
- Marta!
Com um estalar de falanges do mascarado a música volta e ele a convida para dançar. Próximo das quatro da manhã o mascarado vocifera.
- É chegado o grande momento em que eu conde Drácula irei me casar. – com delicadeza ele tomba a cabeça deixando pescoço de Marta livre e quase salivando ele vê a jugular pulsando. O violinista toca uma canção frenética enquanto Drácula crava seus dentes na pele branca de Marta que faz uma expressão de dor. O vampiro rei suga apenas o suficiente para matar a sede. Outra vez ele estala as falanges e a musica frenética para abruptamente.
- Seja bem vinda ao mundo dos mortos minha condessa.
Após essas palavras todos inclusive o violinista se transformam em criaturas horrendas e voam tomando o céu negro pelas janelas. Drácula e sua condessa permanecem no salão.
- Uma dança minha esposa?
- Sem música?
- A música tem esse poder, você pode imaginá-la.
Lentamente eles dançam no silêncio no salão vazio numa noite tenebrosa.
fim