HEMORRAGIA "O pecado"

Ela tenta se livrar das mãos enormes que prendem seus braços. Com as pernas ela tenta acertar as partes baixas do homem que insiste em mordê-la no pescoço. A violência empregada no ataque fez com que a mulher caísse já sem defesa. Os machucados no joelho e cotovelo demonstram a voracidade do ataque da criatura. O que fazer agora? A luta pela vida deve continuar? Quero mesmo sobreviver? Enquanto gira a cabeça para não ser sugada, Miriam repassa sua vida em sua mente. Arrependimentos, decisões tomadas por puro ímpeto e amores que a fizeram chorar em todas as madrugadas. Qual o seu pecado então? Miriam cometeu diversos pecados. Um deles foi ter saído à noite mesmo sabendo do perigo que corria.

Tarde demais para voltar atrás. As presas do vampiro já entraram em contato com sua carne e agora os lábios da criatura sugam seu precioso sangue com força. Ainda há esperança para Miriam? Conseguiria ela se safar de tão mortal ataque? Ela tenta chutar mais uma vez as partes baixas do demônio, em vão. Deitado sobre ela o vampiro rosna ao sentir o sangue quente descer por sua garganta. Com certeza ela morrerá, disso ela não tem duvida. A questão é; para onde irei depois disso? Céu, ou inferno? Fui uma boa pessoa?

Sentindo sua vida se esvair Miriam ainda tenta virar o pescoço. Um erro gravíssimo, aliás, mais um de seus erros na vida. A virada do pescoço só serviu para acender ainda mais o desejo do vampiro que a morde mais uma vez. Miriam não grita, sua voz não sai. A secura na garganta anuncia que seu fim está próximo. Os olhos reviram e a seqüência de espasmos inicia. Adeus mundo maldito, adeus mãe, pai e irmão, adeus Marcos seu traste, obrigado por me fazer tão infeliz.

O corpo esbelto de Miriam é encontrado pela manhã por pessoas que circulam por aquele parque sucateado. Curiosos se aglomeram tentando dar uma espiada no presunto fresco. A policia chega e cobre a infeliz com um saco preto de corpos. Um policial abre sua bolsa tira colo e saca de lá o celular. O ultimo número para o qual a vitima ligou é discado. Ao terceiro toque um homem atende ainda sonolento.

- Oi Miriam o que houve, fiquei te esperando a noite inteira?

- Oi, bom dia, aqui é o policial Bastos...

Fim

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 12/08/2015
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