Pedro e o Lobisomem
Caminhava pela rua deserta quando viu a figura negra agachada na beira da estrada, fundindo-se ao contorno de uma moita de capim. Os olhos brilhantes já estavam fixos nele. Sentiu o frio do medo paralisar seu corpo, e atordoar sua mente. Não sabia o que fazer enquanto via o monstro aproximar-se lenta e cuidadosamente, bloqueando o caminho da presa, confiante no sucesso de seu ataque. Ao chegar bem perto, o lobisomem avançou rapidamente sobre Pedro, que com muita dificuldade tentou uma tímida reação. O lobisomem agarrou-lhe o pulso, fechando os dedos peludos e fortes de forma quase cuidadosa, causando dormência, enquanto olhava firmemente em seus olhos. O cenho franzido, vincado em profundas rugas de ferocidade, encimava a face monstruosa. A boca escancarada parecia sorrir maldosamente, como que saboreando o pavor da vítima. Pedro chorou, sentiu que era seu fim. Morreria de forma horrível e estranha. Lembrou de sua infância. As mordidas do monstro rasgando sua carne, e quebrando sua clavícula, arrancaram-lhe gritos de dor e jorros de sangue. Logo, tudo escureceu.