Olá pessoal,
 
Chegou mais uma edição do nosso quadro “Quem é Quem?” onde teremos dois entrevistados, entrevistando-se às cegas.

Funcionou assim, eu, Sidney Muniz foi quem proporcionou esse inusitado encontro enviando as perguntas de um para o outro sem que ambos soubessem de quem se tratava.

 Há perguntas minhas também, mas a maior parte é feita diretamente pelos entrevistadores/entrevistados...
 

Bom, vocês também não saberão inicialmente de quem se trata, por isso, eis uma pergunta que fiz para ambos:

“Qual é seu artista predileto? Alguma obra em especial?
 
Resposta dos entrevistados:
O primeiro respondeu: Fernando Pessoa. Seus heterônimos. Eu não consigo caber em mim, por isso acho uma arte complexa tantas personalidades em uma só pessoa.

O segundo respondeu: No momento, não tenho nenhum predileto. Tenho conhecido autores sensacionais no nicho da fantasia e Sci-fi, então meu mundo está em expansão. Tenho apreciado demais Frank Herbert e Brandon Sanderson ultimamente, pela forma magnífica como criam, mas sei que com o conhecimento, o gosto vai mudar. Assim como mudou antes, quando meu predileto era Neil Gaiman. Chamaremos ele de Frank Herbert.
 

Sendo assim vamos realizar os desejos de ambos, ao menos que provisoriamente. Agora vamos começar!
 
Eu inicio a bagunça, ok? E a pergunta é: Se você fosse um Deus e pudesse disseminar uma palavra pelos corações da humanidade, qual seria ela, e por quê?

Fernando Pessoa Respondeu: Deixei este mundo pra vocês. Vivam! Não me procurem, vivam. Estarei sempre aqui. Não vivo em dinheiro ou templos glamorosos. Então, vivam e aproveitem a vida.

Frank Herbert Respondeu: Humildade. Hoje em dia as pessoas precisam aprender a se comunicar melhor e a se expressar melhor. A ignorância tem feito parte de nosso meio social de forma cada vez mais latente. E é aquilo. Humildade é a base de tudo. Uma pessoa humilde pode aprender a amar, a respeitar a ajudar... Se pudesse disseminar uma palavra, seria essa.
 
Passo a palavra para Frank Herbert

Pessoa, quais foram os motivos que te levaram a escrever?
R: Lembranças, Frank. Sempre falei melhor transcrevendo o que penso para os papéis. Escrever é tudo que penso para "fugir" da realidade.

E você tem preferência por escrever em algum estilo ou gênero literário?
R: Gosto de escrever a nostalgia. O passado é sempre presente quando procuramos inspiração. É algo que vem fácil.
 
Alguns céticos dizem que a inspiração é a noção, contida na memória espontânea, superficial e não algo que notamos do "nada". O que é inspiração para você, Frank?
R: Inspiração para mim é um mistério. Uma coisa nublada que surge em momentos aleatórios. Geralmente, um dia de chuva, um filme que assisto, uma matéria que leio, alguma ilustração que vejo... É difícil dizer o que é exatamente, Fernando.

E qual livro gostaria de ter escrito? Por quê?
 Bom, Fernando, seguindo a vibe do meu autor favorito do momento, diria Duna. Sou fascinado por coisas titânicas, e nada mais fantástico do que fremens pilotando vermes de 100 metros de comprimento! Irado! Ou seria pirado? Adoro essas entrevistas, conhecer mais esses autores (as) de perto é algo que me instiga!

 Fernando, pela sua forma de responder e divagar, acredito que seja uma pessoa que tenha uma escrita bem introspectiva. Você escreve apenas contos ou também se arrisca por outros meios.
Tipo poesia?
Esse (a) é dos bons. Já está analisando o entrevistado pelas perguntas e respostas, e mal começou!

R: Acho que tenho uma forma de modelar bem diferenciada. Tudo são palavras, mas moldadas diferentes. Se eu fosse me classificar, diria que sou um poeta mal resolvido.

Frank, no livro “A Última Aula” o autor personagem busca sua infância cheirando um giz de cera. O que faz quando senta com uma folha em branco?

 R: Eu a encaro. Muitas das vezes, busco algum sentimento e tento imaginar como eu quero contar o que estou pensando, Fernando. E também o quanto de mim devo colocar na história. Em casos raros a escrita se desdobra em minha frente, e só paro quando me dou conta que o fim inevitável chegou.

Caramba hein! Hoje está mais difícil que o normal. Nossos (as) participantes escondem bem o jogo e parecem ser de intelecto incrível. Ah, eu sei que são! Admiro a ambos (as). Mas e aí, algum palpite, caro leitor? Ele ou ela? Quem é quem? Alguma idéia? Não?? Bom, então deixe-me tentar lhe ajudar.
 
 Qual sua relação com sua família? É do clube dos solteiros (as) ou casados (as)? Eles apóiam seu amor por essa arte, a escrita?

Fernando Pessoa Respondeu: Família é uma base essencial. Sou um eterno solteiro romântico. Que gracinha! Peraí! Solteiro? Será que é um homem mesmo, ou está despistando? Meu cupido é meio míope, rs. Nunca expressei realmente esse gosto por escrita com minha família. Acho algo tão natural de mim, que acho que não preciso expressar. Faz parte do que sou. E já me conhecem bem.

Frank Herbert Respondeu: Minha relação com a família é comum. Não tenho apoio deles nas minhas coisas, então é basicamente o apoio da minha noiva em tudo que faço. Noiva? Caramba! Então são homens? Será? Quanto a escrita, o caso é o mesmo. O único que tem interesse por literatura, dentro de toda minha família, sou eu.

 Fico atordoado com essas revelações. Mais uma perguntinha... Quem é você? Sem nomes, só essência. E é claro, quem está do outro lado? Homem ou mulher? Qual seu palpite sobre o autor (a) em questão?

Fernando Pessoa Respondeu: Não sei quem sou. As vezes sou um, depois sou outro. Dizem que é força do signo, rs. Sou homem. Meu palpite, acho que é o Miguel. Será que ele acertou? O Miguel novamente por aqui? Mas esse jovem talentoso é sempre bem vindo mesmo. Grande Miguel!

Frank Herbert Respondeu: Eu sou alguém em conflito constante. Alguém que vê o futuro como Destino lê seu livro. Bifurcado e nunca limpo e alcançável. No geral, sou meio depressivo, apesar de tudo. Sou homem. Bom, não tenho muita ideia de quem possa ser, mas pela forma de falar, será que seria o Folheto? Como eu não pensei nisso antes? Claro que é! Opa, não. Será? Esse Marcos é realmente um cara que daria respostas assim, como as do Pessoa. Muito culto e de uma escrita sensacional. Será mesmo ele? E você, o que acha?
 
Voltemos ao Herbert:
Pegando carona no que respondi a você anteriormente, sobre se colocar na história: O quanto de sua essência é transmitida para o leitor em seus textos, Fernando?

R: Toda minha essência. Às vezes fui eu, noutras quem eu queria ser. Dou um pouco de mim aos personagens. Não da pra ser imparcial.

E na literatura nacional, o que lhe agrada, Frank?

  R: Não vou mentir e pagar de culto sendo que não sou, Pessoa... Rs. Meu contato com o mundo literário é recente, então por questões de gosto, nunca tive muito contato com a literatura brasileira "profissional". Os autores brasileiros que me fascinam, e escrevem os gêneros que me agradam, são novos e quase todos desconhecidos. Tenho o prazer de dividir um espaço com eles todos os meses. Um não posso dizer com certeza, mas dentro dos vários têm Rubem Cabral, Gustavo Araújo e Rafael Sollberg. Humm, acho que tenho um palpite, até porque conheço os três excelentes autores! Também curto de montão, Frank!
 
Fernando, seu amor pela arte aplica-se apenas ao meio literário, ou você aprecia a arte como um todo?

R: Sabe, Frank... A arte como um todo. Mas tenho um estilo especial de arte: A vida. Um olhar, mãos calejadas, os nortistas com suas sanfonas. Acho a simplicidade a maior prova de arte possível. Pensamento lindo! Concordo plenamente. Fernando Pessoa é mesmo incrível!

A religião estragou ou favoreceu a humanidade? O que você acha Mr. Herbert?

R: A religião, apesar de sua grande parcela de benefícios (sim, acredito que amor e igualdade ainda podem ser propagados por religião, pelo menos por algumas pessoas) ela mais atrasa do que ajuda, no âmbito geral. Hoje em dia religião é usada para mascarar a falta de escrúpulos de certos indivíduos. E contrariando sua própria filosofia, está sendo ótima em divulgar o ódio e a intolerância. Frank, opinião é tudo! Precisamos realmente separar “religião” de “Deus”. E muitas religiões são pano de fundo para comércio mesmo. Boa resposta. Precisamos, em minha opinião pensar muito sobre a pergunta do Pessoa, e também sobre sua resposta.

Quais foram os maiores feitos da sua vida até o momento, Fernando?

 R: Poxa, Frank.Vou colocar em ordem, rs. Nascer, lutar contra bilhões de espermatozóides foi difícil. Minha família Meus amigos. Minha filha, Maria Eduarda. Filha? Maria Eduarda? Acho que sei quem é essa mocinha!

Dizem que Camões salvou do naufrágio, os escritos dos Lusíadas e deixou sua amada morrer. Qual sua maior prova de amor para sua arte?

R: Acho que ainda não tive uma maior prova de amor pela minha arte, mas o contrário foi uma que não esquecerei. Pois ela me ajudou a sair de um poço que me levava cada vez mais para o fundo. Deixei que as letras me tirassem desse abismo e hoje busco agradecer sendo sincero com o que escrevo, mostrando coisas que não sou capaz de mostrar para outras pessoas. A arte faz dessas coisas, na verdade considero o arte um dos milagres da vida. Ela causa tantas sensações, tantas emoções. E como é bom, quando nós, escritores, conseguimos através da nossa arte salvar o dia de alguém, causar risos, arrepios... Como é bom, não é mesmo?

O que a escrita mudou em sua vida, Pessoa? Pode dizer que é alguém mais "iluminado" hoje em dia?

R: Descobri um novo mundo pra ficar, Frank. Muitas vezes, o mundo real me corrói. Iluminado? Talvez. Só sei que sem a escrita, eu seria a metade do que sou.

Onde pretende chegar no mundo das letras? O que espera do futuro, Frank?

R: Não tenho muitas resoluções. Acho que todo mundo, quando começa, pensa em ser Best Seller. Já passei dessa fase. Hoje em dia meu objetivo é criar uma coisa que me agrade, que enriqueça algo em minha vida e que conquiste verdadeiros admiradores. Não quero legiões, quero apenas fazer algo digno de ser lembrado.

 Última pergunta, Fernando: Crônicas de Gelo e Fogo: Clássico ou apenas mais do mesmo?

R: Mas tudo é sempre mais do mesmo, Frank. Rs. Desde a Bíblia, tudo é polissemia. Mas crônicas são demais. Acho incrível viver uma literatura de fantasia e poder criticar, rs. Quanta sagacidade! Resposta para refletirmos, agora não há dúvidas que a Bíblia é mesmo o livro mais fantástico de todos. Essa é minha opinião. Sendo ficção ou realidade, é fantástica!

As novas tecnologias ajudam, mas afastam também, os usuários. Qual sua visão sobre um futuro tecnológico. Os livros resistirão, Frank?

R: Se depender de mim, sim. Mas eu gosto de escrever e imaginar o futuro. Um dia, quem sabe, os áudio livros podem auxiliar em nossa compreensão e maximizar a leitura. Mas eu, como um velho do século 21, espero que os físicos resistam. Que os livros impressos nunca acabem! Eu gosto até do cheiro! E que a internet também continue sendo esse canal maravilhoso para nós, amantes e praticantes da literatura!

  Qual gênero não consegue escrever? Por que acha que isso acontece e por fim, quem está do lado de lá? Ele? Ela? Quem é quem?

Fernando Pessoa Respondeu: Já tentei imitar a escrita de Saramago. Aquela coisa doida sem separação de falas, rs. Não consegui, é claro. Tenho dificuldades em criar cordel. Mesmo adorando literatura de cordel, sempre quis escrever uma, mas não sai. Acho que é ele, Miguel Bernardes.

São duas alternativas, Pessoa. Ou você está certo, ou errado. E eu não faço mais ideia de quem seja. Até acho que seja realmente o Frank.

Frank Herbert Respondeu: Até o momento, tive sucesso (sucesso é relativo, galera, e para mim é sair algo que seja possível ser lido sem que a pessoa se mate de tédio) no que escrevi em todos os gêneros. Acho que ainda não encontrei esse vilão. Bom, meu veredicto é: Eduardo Monteiro. O Edu? Cara! Será? Não acredito! E eu pensando mesmo que era o Folheto. E agora? Será que você acertou, Frank?
 

Bom, antes de revelarmos, vamos dar mais umas dicas para os leitores, afinal é hora de nossas rapidinhas.
 
Rapidinhas:

O que é a sorte?

Fernando respondeu: Sorte é conseguir o que planejou.
Frank Respondeu: Algo que não tenho. Que ela apareça logo!

Programa de TV preferido?

Fernando respondeu: Programa de TV, Chaves. Sempre Chaves.
Frank Respondeu: No momento, Masterchef... Hahaha

O que mais te excita?

Fernando respondeu: Uma mulher de batom vermelho. Golpe baixo.
Frank Respondeu: A natureza. Só o fato de observá-la já tranquiliza e faz viajar.

Escrever?

Fernando respondeu: Escrever é não sufocar nos próprios pensamentos.
Frank Respondeu: Sentir-se um Deus. Nem que seja dos meus mundos.

Ler?

Fernando respondeu: Ler é ser crítico e ter opinião. Só é feliz quem lê. Rs
Frank Respondeu: Desligar o botão "mundo".

Dança?

Fernando respondeu: Sou duro como um tamanco, rs.
Frank Respondeu: Já fiz (break dance), por incrível que pareça. Acho uma linda forma de expressão.

Animal?
Fernando respondeu: Queria ter um elefante. Mas, amo os cachorros também, rs.
Frank Respondeu: Leopardo das Neves.

Cor?
Fernando respondeu: Vermelho
Frank Respondeu: Verde

Lápis ou caneta?

Fernando respondeu: Tijolo de construção, rs. Um brinde ao poeta Renato Russo!
Frank Respondeu: Lápis

Quando tudo acabar?

Fernando respondeu: Quando tudo acabar? Eu gostaria muito de ser um dos últimos humanos a cair. Quero observar tudo.
Frank Respondeu: A morte levanta os bancos do salão e tranca a porta antes de sair.

 E aí, descobriu de quem se trata? Bom, eu ainda estou confuso... Mentira! Eu já sabia desde o início... Haha! Dãã, Sidney Muniz... E vamos descobrir agora quem é o nosso portuga de plantão... Opa, plantão?  Vixi, essa é uma palavra que ele conhece bem, não é mesmo Senhor ator, autor, poeta, contista, amante da arte num todo e ainda profissional da belíssima arte de ser enfermeiro, lapidando e preservando a vida de tantas pessoas... (uma pequena observação: “NÃO É PETISTA”...). Acho que ele gosta de enfatizar isso... haha. Brincadeiras a parte, eis o nosso Fernando Pessoa...
 
 

 
 Eduardo Monteiro é pernambucano, porém Paulista também. Tem 28 anos, é técnico de enfermagem e formado em Letras pela Universidade Paulista. Solteiro, e pai da Maria Eduarda. Ele gosta da simplicidade e de pessoas autênticas. Participa há quase três anos do DTRL. Ele não citou aqui, mas também é ator de teatro “eu adorei assistir e conhecer mais de seus talentos”. Como diria a poetisa: Ele canta porque o instante existe (...). Escreve, pois pensa que ao passar para o papel o que sente, consegue uma "fuga" da realidade e assim voltar à infância. Não consegue ser o Peter Pan, rs “palavras dele”. Você pode encontrá-lo no endereço de pastagens que é http://www.recantodasletras.com.br/autores/eduardomonteiro.  Como o mercado está meio escasso de pessoas boas, para as moças solteiras que não querem ficar para titia, aproveitem que está solteiro. Para análise do produto, procure no face, pois fotos sem camisa, e com poses em ângulos diversos não faltarão... risos... Ah, adorei entrevistar esse meu amigo. Leiam esse cara sem moderação!
 


Já que o Frank descobriu quem era o Fernando, será que quem estava do outro lado era mesmo o Miguel Bernardi? Hummm... Eita, Edu, acredita que você acertou em cheio? Cara, é mentira! Se fosse para dar uma injeção no bumbum, você acertaria a testa do paciente... Haha... O nosso Frank também é muito bom em ficção científica, e tem chegado cada vez mais perto do primeiro lugar do DTRL, “desenhando” uma trajetória linda na escrita, por meio de muita luta e exercício. Com vocês o excelente autor e contador de histórias...
 

 
  Jefferson Lemos é natural de Itaguaí, Rio de Janeiro. Tem 22 anos, é escritor, desenhista e tradutor (Não que seja o ás em todas essas modalidades, mas faz o melhor que pode). Iniciou-se no mundo literário em 2013, e desde então vem tentando fazer algo que preste. E faz!  Nos recantos das internet, tem contos espalhados por vários sites, como:
onerdescritor.com.br;
recantodasletras.com.br;
rodadeescritores.com.br;
entrecontos.com

Também tem alguns de seus textos em antologias online, como Devaneios Improváveis 2, pelo site Entre Contos e a Primeira Antologia do Contadores de Histórias. Sonha em um dia lançar um livro de contos. Um sonho tangível, mas provavelmente distante. Que seja breve!
 
E ai? Surpreendidos? Gostaram? Comentem sem moderação!

Obrigado aos amigos que me deram a honra de proporcionar esse encontro de excelentes autores e mais que isso, artistas de muitas faces. Parabéns de verdade, pelo que representam para a literatura, são investidores dessa arte maravilhosa e obrigado novamente por investirem no DTRL.

 
Até a próxima pessoal! 
DTRL Desafio de Terror Rascunhos Literários
Enviado por DTRL Desafio de Terror Rascunhos Literários em 01/07/2015
Reeditado em 01/07/2015
Código do texto: T5295946
Classificação de conteúdo: seguro