A CRIATURA QUE VIVE NO ESCURO.
Quando tinha oito anos não conseguia dormir com as luzes apagadas, podia estar dormindo, mas bastava minha mãe apagar a luz que por algum motivo eu acordava com o coração disparado, tinha certeza que algo estava se aproximando de mim.
Gritava com os olhos fechados até minha mãe entrar no quarto e ascender a luz.
Minha mãe geralmente entrava no quarto aos berros me xingando, e as vezes me batia, por favor, não a julguem, essa foi uma época particularmente difícil para ela, meu pai havia saído de casa a poucos meses, foi morar com uma moça bem mais nova que minha mãe e isso fez minha mãe se entregar as bebidas alcoólicas como um escape.
Certa noite ela estava tão bêbada que tirou a lâmpada do meu quarto e me deixou trancado, dizendo que essa minha frescura acabaria aquele dia. eu chorava, berrava, mas minha mãe não apareceu para abrir a porta.
Já cansado resolvi deitar, não ousava abrir meus olhos e com o tempo o sono veio.
Acordei com um som quase inaudível de um instrumento que parecia ser um violino, virei assustado em direção ao barulho e escutei o impacto de cascos sobre o chão do meu quarto indo em direção a minha cama.
Me cobri da cabeça aos pés e esperei que aquilo me dessa a proteção necessária para escapar da situação, a criatura abriu a porta do meu armário e começou a jogar minhas roupas no chão, depois escutei seus cascos se aproximando da cama e ligando a televisão, em seguida senti uma mão pesada e quente alisando minha cabeça sobre o cobertor.
A criatura deixou a mão sobre a minha cabeça durante um tempo e depois deitou do meu lado, ao deitar sentir a cama afundar, seus braços envolveram meu pequeno corpo, e eu escutava sua voz dentro da minha cabeça, dizendo palavras desconexas, depois de um tempo com o coração horrorizado mijei na cama, não sei ao certo se gritei, se gritei minha mãe não veio ao meu socorro.
Quando as primeiras horas do dia chegaram a criatura se levantou e eu pude ouvir o barulho da janela se abrindo e a criatura partindo.
Contei para minha mãe quando ela acordou, mas obviamente ela não acreditou.
Na noite seguinte a criatura veio mais uma vez e fez as mesmas coisas da noite anterior e foi vindo todas as noites após essa, com o tempo me acostumei com ela, e agora passo a minha história em diante para honrar o trato que fiz com a criatura, o próximo a ler minha história receberá sua visita qualquer noite dessas.