Cuidado com as palavras- cap.6( A carona)

Daíra e as amigas Amanda e Micaela se preparavam para uma festa. Em uma cidade pequena como aquela, uma festa dessas era um grande evento. Depois de horas se arrumando e se produzindo as meninas saíram no carro de Amanda, a única que tinha carro do grupo.

A festa estava quente e logo as meninas se entregaram a diversão. Só que a diversão acabou quando Micaela, por nunca ter ido a uma festa antes acabou se empolgando muito e exagerou na bebida.Passou muito mal.

Amanda achou melhor elas voltarem por causa de Micaela. Daíra não gostou da ideia, a festa estava apenas no começo, ainda nem era de madrugada, para a menina, sair da festa antes da madrugada era como sair de um aniversário antes dos parabéns.

-Vocês podem ir, vou ficar aqui.

-Mas, amiga, como você vai voltar? Eu vou levar o carro comigo e você sabe como meu pai é. Ele não vai deixar eu voltar para lhe buscar. Andar de ônibus sozinha é muito perigoso, sem falar que aqui não tem ônibus de madrugada.

-Não se preocupe comigo, vou ficar com algum gatinho de carro, assim arrumo uma carona.

-Mas e se você não conseguir ?

-Eu vou conseguir. Vou tentar arrumar um gatinho é claro, mas se eu não achar vou ficar com qualquer menino, feio ou bonito, vou ficar até com o demônio, aquele ser chifrudo e feio, se ele estiver em um bom carro -Falou Daíra rindo e provocando riso na amiga

--Cuidado, amiga. É meia-noite, dizem que nesse horário os anjos estão dizendo amém para o que as pessoas dizem na Terra. É perigoso o chifrudo aparecer em um carrão cheirando a enxofre.--Falou Amanda rindo

As amigas ainda conversaram um pouco antes de Amanda ir embora com Micaela.

Foi logo depois da saída das amigas que Daíra o viu chegar. Ele tinha os cabelos cor de mel, estava vestido de uma forma elegante e tinha um belo sorriso. Mas o que realmente chamou a atenção da moça foi o carro dele.

Daíra tratou de se aproximar dele, como quem não quer nada. Estranhamente era como se o rapaz já esperasse isso. Ele a recebeu com um belo sorriso e se ofereceu para pagar uma bebida. Os dois ficaram juntos o resto da madrugada, dançaram e conversaram bastante. Durante as conversas a moça descobriu que o nome do rapaz era Heitor e que ele não era daquela cidade, estava apenas de passagem. Daíra estava gostando muito do rapaz.

Heitor sabia como deixar uma moça feliz, era calculista e sabia como envolver uma inocente menina em sua rede. Daíra não seria a primeira e nem a última vítima dele. Em cada cidade, em cada festa, o rapaz usava um nome diferente e uma história diferente para atrair meninas. Ele fingia interesse por cada palavra de suas vítimas, pois sabia que a sua verdadeira diversão iria começar no momento que elas entrassem no carro.

Na hora da saída da festa, enquanto conduzia Daíra para seu carro, Heitor pensava em como havia sido fácil com a menina, muito mais fácil do que com as outras meninas das outras cidades, talvez por se tratar de uma cidade pequena, sem muitos crimes, as meninas fossem mais inocentes.

Daíra não imaginava que estava entrando no carro de um demônio. Não era o demônio feio e chifrudo que ela imaginava, era um demônio com boa aparência, um bom carro, mas com um coração cheio de maldades. Esses são os piores.

Durante o percurso de carro, Heitor puxava assunto com Daíra, mas a menina começou a reparar algo diferente em seu olhar, seus olhos mostravam um brilho assassino. Era como se o rapaz tivesse mudado de cordeiro manso para um lobo que quer sangue.

Daíra pediu para ele parar o carro. Heitor obedeceu, porém, estranhamente, a menina sentiu um calafrio doloroso quando ele fez isso, talvez por ter parado em uma área deserta. Mesmo com medo abriu a porta e saiu do carro. Deu passos firmes para frente, sua casa não era muito longe dali, poderia ir andando. Andava sem olhar para trás. Seu coração acelerou quando ouviu os passos de Heitor logo atrás dela. Antes que se desse conta estava correndo, mas ele era mais rápido.

A menina corria sem olhar para trás, não parou nem quando sentiu uma forte dor na cabeça, o psicopata havia atirando alguma coisa nela. Sentia como se algo tivesse se quebrado dentro de sua cabeça. O sangue logo começou a manchar sua linda roupa nova, mas ela continuou correndo até não aguentar mais e cair no chão. No chão, percebeu que toda essa correria apenas tinha servido para dá mais prazer para Heitor. O rapaz que segurava uma faca se aproximou dela sorrindo e disse:

--As vítimas que tentam fugir são as minhas favoritas.

Quando Heitor começou a cortar suas roupas, o medo que tomava conta de Daíra foi substituído pela raiva. Sentia raiva de Heitor, raiva dela mesma por ter sido tão boba, raiva de Micaela por ter bebido demais, se a amiga não tivesse bebido demais nada disso teria acontecido. Sentia raiva de todos. Essa raiva fez ela se sentir viva e ter vontade de lutar.

Daíra se fingiu de fraca, não mostrou nenhuma resistência aos abusos, mas sem que Heitor visse , pegou uma pedra pontiaguda que estava próxima dela e esperou. No momento certo, enfiou a pedra no olho esquerdo do monstro e se colocou a correr.

Heitor urrava de dor devido ao olho furado e corria com mais fúria atrás da vítima. Daíra nem sentia os machucados devido a adrenalina. Ela estava com uma certa vantagem em relação ao seu perseguidor, mas isso mudou quando em um ato abrupto, o rapaz se jogou e agarrou a moça pelas pernas. Daíra caiu no meio da pista, mesmo caída ainda continuou tentando resistir.

Heitor conseguiu a imobilizar com certa facilidade. Segurou a garota de frente para ele, a obrigando a ver seu olho furado, do qual escorria um líquido que se misturava ao sangue. Ele levantou a faca para começar a torturar a garota, planejava a cortar em pedacinhos para vingar seu olho furado, mas algo o fez largar a faca e correr para seu carro o mais rápido possível. Um carro vinha na pista no sentido contrário. Uma possível testemunha.

Heitor ao chegar em seu carro deu a partida o mais rápido que conseguiu. Ele não se preocupava em ser reconhecido por Daíra, tudo que ele disse para a menina era mentira, até mesmo seu nome. Poderia ir para outra cidade, pintar seus cabelos e achar uma solução para o olho furado. Depois de um tempo poderia até voltar a fazer o que mais gostava. Aquele demônio em forma de pessoa ainda estaria solto por aí, se divertindo matando meninas inocentes, meninas que o único erro foi confiar em um rostinho bonito com coração de demônio.

Daíra gritou usando suas últimas forças ao ver o carro se aproximar. O carro parou há alguns metros de onde ela estava. Se assustou e se alegrou ao ver a amiga Amanda descer do carro e vim em sua direção. A moça estava voltando para buscar Daíra, caso ela ainda estivesse na festa. Ao ver a amiga naquela condição, se desesperou e correu na direção dela.

--O que houve com você, amiga? Quem fez isso?

Daíra não conseguiu dizer nada. Amanda abraçou a amiga e a ajudou a subir no carro. Enquanto se afastava do local, pensava em como Daíra teve sorte dela chegar na hora. Ela foi um anjo que salvou a amiga de um demônio.

Ana Carol Machado
Enviado por Ana Carol Machado em 03/06/2015
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