CHARLIE CHARLIE CHALLENGE

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INSPIRADO NA NOVA FEBRE DA INTERNET, O JOGO DO LÁPIS

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Os garotos só pensam em sexo, que droga. É tudo que parece importar num relacionamento. É sexta feira e meus pais viajaram, estava refletindo sobre convidar Jensen para passar o fim de semana comigo, mas na condição de meu namorado, ele pensaria que eu o estava convidando para um fim de semana de sexo sem fim.

Quando o sinal tocou entrei em desespero, era o único momento que eu tinha para convidá-lo, já que meu iPhone havia quebrado e meus pais se recusaram a me dar outro.

Ele vinha pelo corredor junto a alguns amigos, dei o nosso sinal secreto e fui ao banheiro, era assim que marcávamos de nos encontrar para dar uns amaços. Entrei na última cabine e cinco minutos depois ele apareceu.

— Oi Jared, não estava mais aguentando de tanta saudade. — Ele disse e me beijou com força. Seu cheiro doce me inundou e eu fiquei tão excitado que quase esqueci o objetivo.

Me aninhei em seu abraço forte.

— Meus pais estão fora de hoje até segunda-feira, eu queria ter um fim de semana inteiro só nosso. A gente mal pode se encontrar, sempre escondido em lugares podres como esse banheiro... — Expliquei.

— Você sabe que não posso me assumir Jared, ainda não. — Ele voltou a tocar nesse assunto que me incomodava.

Sorri para ele, não era disso que se tratava.

— Eu só quero ter um fim de semana inteiro com você. Podemos cozinhar, assistir seus filmes estúpidos de ação e dormir agarradinhos...

Eu sabia que a última sugestão o agradaria mais que todas as outras.

— Eu topo. — Disse imediatamente.

Nos beijamos novamente.

— Meus pais saem às dezessete horas, você pode ir às dezenove. Antes disso farei nossos deveres de casa e arrumarei meu quarto.

— Certo, então até mais tarde. Te amo. — Ele disse.

Oh meu Deus, ele disse que me ama!

— Te amo. — Respondi.

Nos beijamos mais uma vez, ele me apertou com tanta força que quase o pedi para tirar a roupa e fazermos “algo” ali mesmo, mas infelizmente precisávamos ir embora antes que fechassem as portas.

Ele chegou uma hora depois do combinado, como já era típico de seu jeito de ser. Comemos sushi e assistimos um filme de ação que eu nem sei o nome, não prestei sequer atenção, estava feliz por tê-lo agarrado a mim no sofá, sem medo de sermos descobertos.

Fizemos amor pelo menos umas três vezes até o amanhecer.

Durante o sábado tivemos que nos separar, ele tinha natação e eu aula de pintura, no fim do dia repetimos a sequência comer-assistir-transar-dormir. E no domingo ele acordou com o apetite ainda maior.

— Não Jen, preciso descansar. — Falei irritado.

— Quem nega fogo, acaba sendo trocado por outra chama...

Levantei da cama irritado e vesti uma samba-canção. Fui ao banheiro e voltei bufando de raiva, ignorando o olhar dele em mim. Fingi mexer no celular, mas ele veio na minha direção e o tirou de minha mão, estava nu, mais lindo que nunca.

— O que foi?

— Você fala isso e depois me pergunta o que foi? Nossa relação é puramente sexual? Quando você diz que me ama é verdade ou é apenas um apelo para que eu me entregue? — Falo prestes a chorar.

Ele sorri e me abraça forte, então me puxa para a cama e nos sentamos de frente um para o outro.

— Amor, não duvide do que sinto por você, eu faço tudo para ter você comigo. Eu te amo e você sabe que o que eu falei foi brincadeira.

— De mau gosto.

— Desculpe então...

Não resisti a sua carinha triste, dei um beijo nele em resposta.

— Vou tomar banho. — Jensen diz como se quisesse que eu fosse junto, mas entendeu que eu não queria ter mais uma noite de sexo sem fim.

Em vez disso, abri meu laptop e procurei por algum jogo que pudéssemos fazer para passar o tempo, que fosse divertido. Ele amava o jogo do copo, compasso e coisa e tal, mas já tínhamos feito tantas vezes e nunca deu certo que resolvi procurar por algo novo, para minha surpresa acabei encontrando.

Charlie Charlie Challenge, com dois lápis ou canetas e uma folha de papel, coisas simples que eu tinha em casa, desenhei uma cruz no papel e em um dos quatro lados pus as palavras, sim, não, sim, não.

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SIM | NÃO

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NÃO | SIM

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Coloquei os dois lápis em forma de cruz, devidamente equilibrado e pronto. Estava tudo certo, só tinha que dizer as palavras.

— Charlie Charlie, você está aí? — Perguntei me sentindo um idiota.

— Que droga! — Jensen esbravejou no banheiro e eu corri para ver o que era. Quase me assustei.

Abri a porta e entrei sem avisar, pisei em um caco de vidro, olhei para cima, a luz havia estourado, estava escuro e ao que parece, estilhaços tinham ferido sua pele levemente.

— O que aconteceu Jen? — O puxei para mim, meu pé sangrou e ardeu, puxei ele comigo até a claridade do quarto, alguns estilhaços estavam fincados em seu braço e pescoço, mas não era nada sério, apenas superficiais.

— Eu preciso pegar uma pinça, álcool e curativos, não se mova, eu voltarei logo.

Fui até o banheiro social e procurei pelo kit de primeiros socorros, em certo momento achei que havia alguém me observando, mas ao olhar não havia nada além do meu reflexo no espelho que ia do chão ao teto.

Peguei o kit voltei ao quarto.

A porta estava escancarada, pude ver gavetas no chão, móveis espalhados, lençóis, tudo amontoado, ao entrar senti um medo profundo tomar conta do meu corpo, minha mente implorava para que eu corresse dali, mas meu corpo estava paralisado.

O corpo ensanguentado de Jensen estava sobre a cama, degolado.

Comecei a chorar, olhei ao redor para ver se o possível maníaco que havia feito aquilo ainda estava no quarto, mas foi pior.

Sobre a escrivaninha, algo havia acontecido com o jogo, a caneta que eu botei estava apontada para a palavra SIM.

No espelho estava uma frase escrita com sangue:

“Charlie está aqui, você não disse tchau.”

Me voltei para a saída do quarto, como se uma âncora me prendesse ali, a gravidade não era a mesma, eu estava lento e a porta se fechou antes que eu chegasse até ela. Parei por um momento fiquei assustado e então as luzes se apagaram.

FIM

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 28/05/2015
Reeditado em 02/06/2015
Código do texto: T5257724
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