Três
Primeiramente, gostaria de deixar bem claro que eu não sou um assassino, sou a vítima. Essa é apenas o depoimento para a polícia.
Eu e mais dois amigos, meu nome é Lucas, sou um câmera amador que estava atrás da grande notícia junto ao meu amigo Christian e amiga Vivian, também jornalistas amadores. Fomos até a casa de Jordan Sávico, uma mansão abandonada em Belo Horizonte. Esse homem foi um dos crânios do Bonde do Palhaço, não esses moleques que se acham o tal por matar um policial, mas o verdadeiro Bonde do Palhaço, pessoas inteligentes, sedentas por sangue e sequestradores natos, com o poder de roubar, fazer temer e realmente preocupar as pessoas, uma gangue que assustou os brasileiros por mais de 17 anos. Ótimo, era a notícia perfeita, achar um desses caras seria o estopim das manchetes, ainda mais com fontes seguras dizendo assistir a vultos e risadas de palhaço, fomos com a minha pequena van, ambos juntos e eu como câmera, pra variar.
20 minutos de carro, uma vizinhança pequena, velha e nada convidativa para se morar. A mansão era enorme, do estilo americano, um grande jardim, dois andares e um sótão. As paredes de madeira perderam a cor com o sol, o telhado emburacado pelos morcegos e janelas quebradas por arruaceiros. Já havia se passado mais de 7 anos dês do abandono do caso e 15 de sua morte, a porta estava velha, podre por cupins, um solavanco foi mais que o suficiente para arrombá-la, fazendo alguns morcegos saírem de lá. O cheiro de mofo era horrível e o ar era pesado de poeira.
Os dois entraram cada vez mais nos cômodos, horrorizados com cada coisa, cada pequeno detalhe que havia dentro da mansão, os policiais deixaram aquele lugar do mesmo jeito que encontraram, sangue pelas paredes, equipamentos de tortura enferrujados, roupas de palhaço, plantas mortas, móveis quebrados. Voltando a Jordan, ele era um homem absolutamente normal, trabalhava numa fábrica, tinha esposa, três filhos, dinheiro herdado. Uma ótima vida. Mas finalmente decidiu assassinar sua família, como se descascasse uma mexerica, fácil e delicioso. Sua vida era ótima, apenas disse, "Não tem emoção nesse cotidiano".
Honk - Uma buzina de palhaço.
Eles olharam para cima, decidiram subir.
A ótima ideia de nos separar para o segundo andar, um para cada lado, mas me juntei a Christian, mesmo ele sendo irritante.
Eu filmava tudo, já havia usado uma das fitas para filmar a introdução do projeto e da casa, haviam 2.
Honk - Novamente a buzina.
A única luz se apagou, que vinha do corredor. a câmera era antiga e não possuía luz noturna, Christian gritou, mas eu não o encontrava, ele se mantinha em silêncio e eu estava escondido, algo bateu em meu ombro, apenas tentando achar meu amigo e dar o fora daqui. Piso em algo molhado, passo a mão vazia e a outra segura a câmera. Estou na porta, olhando o corpo do meu amigo entre a luz, seu rosto foi desconfigurado e esmagado, eu tropecei, mas logo voltei a correr. Depois de cruzar o corredor, vejo a lente quebrada. Será que filmei o assassino?
Vou para o outro lado, procuro Vivian e ela está num quarto, eu coloco a câmera no chão, procuro por ela e a acho enquanto era silenciada, silêncio. Alguns segundos depois um barulho de passos e depois uma nova sombra cai em cima dos dois. Eu pego a câmera e corro. Ótimo, ele sumiu. Eu estou perto do banheiro, eu consigo vê-lo lavando as mãos e olhando em meus olhos. Continuo até a saída e me deito na grama. entro na van, vou para casa, meus amigos estão mortos, eu tenho as provas.
No outro dia, o policial vem até minha casa, eu prestei queixa de desaparecimento dos meu amigos e falei que eles foram assassinados naquela maldita casa. Ele entra e nos assistimos aos vídeos, mas mesmo assim não tem pistas sobre o caso, ele quer ver os vídeos novamente e o convido para entrar:
-Só você estava filmando?
-Sim
-Nos iremos procurar por seus amigos.
-Ótimo, fico feliz por isso.
-A quanto tempo é câmera man?
-Mais ou menos 1 ano e meio
-Haviam mais corpos lá?
-Não.
-Quantas vítimas foram?
-Meus amigos, ou melhor do...- Ele se senta na poltrona.
"Honk"
-Três.