*** Vampiros do Futuro - Mundo Pós-Apocalíptico... Cap.1-Apocalipse(Sobreviventes)***

Era preferível a morte; do que viver em um mundo de mortes...

J.C.King

1

Os Homens Vampiros

***

Um pensamento passa pela cabeça de Willyam Damon enquanto ele se encolhe na escuridão bolorenta daquele pequeno closed, o terror apertando o peito e a dor arrebentando cada parte de seu corpo: se ele pudesse voltar no tempo, desejaria ter morrido junto com os pais naquele maldito dia. O dia em que o mundo acabou. Seus olhos estão arregalados de terror; seu corpo todo treme. No corredor escuro, dá para ouvir os passos sorrateiros de alguma criatura caçando sua presa indefesa e amedrontada, encolhida em algum buraco no chão.

O closed tem cheiro de mofo e naftalina. O ambiente é frio e escuro, e tem o aroma pútrido de morte. O ar gelado bate no rosto de Willyam. Depois de um breve momento de silêncio, que não chegam à alguns míseros segundos; os passos do lado de fora do closed retornam. Dessa vez, eles estão mais perto. É possível notar uma sombra por baixo da porta,que se movimenta como um balé do inferno.

Willyam Damon corre para os fundos, encolhido nas sombras,tremendo; na mais profunda escuridão daquele lugar macabro. A sombr a para na entrada da porta. A maçaneta gira.

ALGUM TEMPO ANTES...

Já fazia quase duas semanas quando Willyam Damon viu o primeiro deles. O primeiro de muitos. A coisa está agachada a sua frente, ao lado do corpo de uma mulher. Ela ainda tem vida, é possível notar pelos seus olhos suplicantes. O sol ainda exibe uma claridade meio tímida no horizonte. Nessa época do ano, os dias em Salt Lake City começam a ficar úmidos e sombrios. E depois do advento do apocalipse, tudo piorou.

Aquela coisa que outrora fora um homem, se encontra agora com a boca colada na jugular daquela pobre alma caída no asfalto ainda morno. Eles nunca tinham sido vistos. Nunca tinham saído na claridade, mesmo essa não lhes causando dano algum. No começo era apenas lenda, relatos de um de outro aqui e ali. Coisas desencontradas e de origem duvidosa. Uma"lenda urbana pós-apocalíptica". Tudo isso apenas alguns dias depois daquele misterioso clarão de luz que deu fim ao mundo.

Aquilo, que Willyam Damon e os outros passaram a chamar de"vampiros do futuro", se encontra segunda o sangue daquela vítima indefesa com a ânsia de uma besta selvagem, uma voracidade nunca antes vista em um ser humano. Na verdade, aquele homem já não podia mais ser chamado assim. Ele já não era mais humano. Willyam não consegui acreditar no que os seus olhos estão vendo. O jovem está tomado de um medo sobrenatural, um pavor desconhecido.

Willyam Damon relembra em um breve momento do dia anterior ao evento cataclísmico que devastou sua cidade, e ao que parece, o resto do mundo. Era seu aniversário de 22 anos, e ele estava muito feliz ao lado dos pais, amigos e da namorada. No dia seguinte já não existia mais nada.Todos estavam mortos. O jovem nunca vai esquecer daquele maldito dia, daquela manhã infeliz; que em uma fração de segundos o deixou órfão de tudo.

O jovem está de pé no meio da rua olhando para aquela coisa repulsiva se alimentando de outro igual a ele. Seu cabelo está jogado para trás, preso em um rabo de cavalo desgrenhado e mal amarrado. Seu corpo está magro, se bem que Willyam nunca foi um atleta, mas depois daqueles dias difíceis, o rapaz perdeu muito mais peso do que imaginava. Estava um esqueleto humano que andava e falava. Os olhos estão fundos e abatidos. As roupas estão sujas, há dias que o rapaz não sabe o que é um banho decente. O apocalipse levou tudo, até a água.

No passado, que foi há quase duas semanas atrás, Willyam gostava de praticar esportes, e as artes marciais era sua modalidade preferida. Se aquela coisa que um dia foi um humano for ataca-lo, ele pode dá contado problema com certa facilidade, conclui o jovem em um pensamento rápido. Mas o grande problema nesse plano, é o medo que Willyam Damon está sentindo dentro de si mesmo. O rapaz está uma pilha de nervos, em ponto de ter um ataque do coração antes mesmo do vampiro ter a chance de ir para cima dele.

Seus olhos mapeiam todo o quarteirão, buscando um refugio,um porto seguro; mas sem tirar á atenção do alvo a sua frente, que continua se alimentando gulosamente; como se fosse a última refeição da sua vida. O suor escorre pelo rosto de Willyam, molhando sua camisa regata. Seu coração acelerado,quase saltando do seu peito e sua pulsação se encontra em um estado de frenesi.

O vampiro finalmente para de se alimentar e volta sua atenção para o jovem a sua frente, o encarando. Seus olhos expressam um vazio interior. Ele já não olha mais como um homem, mas sim, como uma fera selvagem pronta para atacar sua presa. Sua boca está entre aberta; seus dentes sujos de sangue e o líquido vermelho e viscoso que acabará de beber, agora escorre até seu peito. O vampiro é um homem negro e magro, na faixa dos 30 e poucos anos. Ele está descalço e em posição de ataque. Usa apenas uma calça jeans velha e surrada.

Willyam recua um pouco. Seus coração dispara violentamente ao ponto de mata-lo de tanta adrenalina, antes mesmo que o vampiros ali parado o faça. O sangue do rapaz gela nas veias de tanto medo. O brilho pálido do sol do fim de tarde já não dá mais o ar da sua graça. A noite chega, e com ela, a escuridão.

2

Crepúsculo em Tom de Morte

***

O céu está entre nuvens. Alguns poucos pingos de água caem sobre o chão da floresta. Nada que podemos chamar de uma chuva. Alan Deneen e Brenda Adlard correm em passos largos, apressados. O suor escorre pelos seus rostos, se misturando aos fracos pingos de água do sereno da noite. Seus corações estão disparados e seus olhos arregalados, tomados do mais puro terror.

Galhos são quebrados atrás deles, aumentando o clima de filme de terror antigo.

ALGUM TEMPO ANTES...

Alan Deneen e Brenda Adlard estão dormindo em uma velha cama de solteiro encostada na parede descascada e mofada de um pequeno quarto, no segundo andar de uma antiga casa no meio do nada. O ambiente é frio e escuro, sendo iluminado palidamente por uma lua envergonhada num céu sem estrelas. Nuvens de chuva vão se formando ao longe.

Seus corpos estão colados, não por uma necessidade sexual, mas sim,por uma necessidade de sobrevivência. Brenda está queimando de febre e tremendo de frio. Todo o seu corpo doe, cada junta, cada fio de cabelo louro e cacheado. Alan à abraça, tentando lhe aquecer, mas todas as tentativas parecem em vão. Já faz quase duas semanas que tudo começou. Depois daquele clarão de luz misterioso, veio o fim.

Alan Deneer conhecerá Brenda Adlard três dias depois dos eventos do apocalipse, em meio a uma onda de caos e destruição no centro de Oklahoma. Depois disso, preferiram permanecer juntos, não por escolha, mas por uma necessidade vital naquele momento. Antes, eles eram em cinco. Mas veio o primeiro contato com aqueles que à principio eram apenas uma"lenda urbana pós-apocalíptica"; e as primeiras baixas começaram.

No começo foram apenas rumores desencontrados, que acabaram se confirmando com o passar dos dias. Homens, mulheres, crianças, idosos, todos se alimentando do sangue de outros iguais á eles, como se fossem"vampiros". Algo estranho e até agora desconhecido, veio junto junto com aquele clarão que antecedeu o fim do mundo, e mudou o comportamento de algumas pessoas para sempre. Elas passaram a sentir uma necessidade louca e incontrolável de se alimentarem do sangue de outros seres humanos. E isso em poucos dias levou Oklahoma ao declínio.

Alan e Brenda estavam naquele esconderijo a um dia e meio. É um pequeno casebre no meio do interior do Kansas. Haviam cruzado a fronteira dos dois estados no começo da manhã passada. A morada era a única no meio daquela desolação de visão. Os ex-ocupantes do lugar já se foram há muito tempo. O interior da casa parece que estava vazio muito antes do apocalipse irromper. Lençóis amarelados e empoeirados cobrem os móveis antigos. Os poucos quartos estão vazios, câmaras mortuárias congeladas no tempo. Um velho relógio de parede se encontra parado no passado, encostado na parede de uma sala qualquer.

Ornamentos de um tempo que já passou terminam de transformar o velho casebre em um museu mal-assombrado: portas vitorianas paramentadas e escadas circulares que levam ao segundo andar. Debaixo de um lençol está um fogão de duas bocas, de outro, um velho armário caindo aos pedaços.

De repente, um baque e um susto, e Alan e Brenda se colocam de pé quase que imediatamente. Passos violentos e apressados sobem as escadas, aos trancos e barrancos. Quando chegam ao quarto, Alan e Brenda já pularam a janela e se encontram correndo pelo quintal da propriedade, na direção de um grande pomar. A noite está fria e escura, e logo começa a cair pingos de água. Para Alan Deneer, os minutos seguintes a fuga da casa se passam como um sonho em preto e branco.

Ele ouve os passos apressados de seus perseguidores atrás dele e de Brenda, enquanto correm por entre as árvores. A luz aguada da noite projeta sombras densas nos pomares, aumentando o pavor em seus corações. O pomar vibra com movimentos vindos de todas as direções. Os dois já estão dentro da floresta, fora dos limites da propriedade. Brenda está exausta e a febre aumentou.Suas pernas estão cansadas e ela não aguenta mais correr do que ela não sabe.

Alan apoia Brenda em seus braços e sai lhe puxando, sentindo também toda a fadiga e exaustão daquela adrenalina macabra. Galhos são quebrados atrás deles, aumentando o clima de filme de terror. A floresta projeta sombras e vultos por todos os lados. Alan Deneer e Brenda Adlard param, eles estão perdidos no meio de toda aquela mata densa. A jovem cai ao chão, esgotada física e mentalmente. Alan se desespera.

3

Vermelho Sangue na Madrugada

***

Tiros ecoam na madrugada, quebrando um silêncio mortal instalado á duras penas por um apocalipse que trouxe o fim do mundo em uma manhã. Três corpos jazem no chão mofento e sujo de um velho galpão abandonado, no final da Sant Mary Street,subúrbio de Atlanta. Um amontoado de corpos sem vida espalhados por todos os lados, alguns por cima dos outros; homens, mulheres, crianças e idosos, de todas as formas e tamanhos completam aquele canvas macabro pintado com vermelho sangue.

Eliot Desmond olha para todas aquelas infelizes criaturas mortas e uma lágrima solitária rola em seu rosto. Ele se coloca de joelhos e cobre a face com as duas mãos, ainda sujas de sangue. Mesmo que seja um sangue invisível, mas, ainda sim, sangue. Em seguida, ele esmurra o chão de cimento bruto violentamente, tirando sangue; e com uma fúria do inferno, solta palavras de blasfêmia contra Deus por toda aquela merda.

Seus companheiros, Tyler Petrovis e Ed Lunnos apenas trocam olhares em silêncio, com suas armas em punho.

ALGUM TEMPO ANTES...

O sol ainda brilha no céu de Atlanta, dando uma falsa sensação de vida á uma cidade morta. De repente,passos agitados no meio da rua deserta quebram um silêncio perturbador, que outrora não existia; e gritos finos e agudos que ecoam, mas que se perdem no meio dos paredões de concreto da grande metrópole, chama à atenção de"outros". E eles surgem de todos os lugares; becos sujos, vielas empestadas de lixo, avenidas antes movimentadas, agora adormecida para sempre no sono da morte, de dentro de lojas saqueadas, da podridão ao redor.

E a medida que eles vão se juntando, vão formando uma verdadeira horda semelhante à de zumbis; do que um dia foram seres humanos, e hoje não passam de um bando de"sugadores de sangue", vivendo á margem do que sobrou de uma sociedade. Ninguém tem uma explicação para o surgimento deles. Se uma bomba nuclear tivesse explodido em alguma parte do planeta e causado tudo isso, poderíamos colocar a culpa em algum Governo.

Mas isso não aconteceu. Nem tão pouco foi obra de algum experimento científico mal sucedido. Foi obra de Deus, no final das contas, conclui os religiosos. O fato é que o mundo acabou depois de um clarão de luz misterioso, e hoje, as"pessoas" tem que conviverem com"pessoas" que desejam o sangue delas mais que tudo na vida.

Aqueles passos furtivos pelas ruas desertas de Atlanta são de duas crianças. Duas meninas, com idades entre 8 e 10 anos; e aparentemente irmãs e ainda usando trajes de dormir, que acabam encurraladas em um beco sem saída. A horda de vampiros, que conta com uns 30 sugadores; mas vai aumentando em número aos poucos, se lançam sobre aquelas pobres almas indefesas e se refastelam com o sangue que jorra daqueles dois corpos pequenos. Vampiros se lançam uns sobre os outros com violência, tentando chegar o mais próximo possível do"prato do dia", para também saborearem do pequeno banquete.

Eliot Desmond olha para toda aquela brutalidade com um bolo no estômago. Ele se põe de joelhos e começa a vomitar até não sobrar mais nada para colocar para fora, sobrando apenas a bílis. Eliot se encosta na parede imunda de um banheiro sujo e mal conservado do segundo andar de um velho galpão abandonado, no final da Sant Mary Street, subúrbio de Atlanta. O ex-fuzileiro naval retira do bolso de sua camisa amarrotada e maltratada, uma fotografia do que um dia foi uma família feliz. A mesma se encontra meio amassada e suada.

E lembranças de um passado vivido ao lado da esposa e do filho há um tempo não tão distante assim, afloram em sua mente como um filme em tempo real. O tempo passa e Eliot Desmond não percebe o pálido sol de Atlanta se escondendo por de trás dos paredões de concreto da grande cidade. Já é madrugada, e alguns vampiros ainda se encontram vagando pelo lugar, como cães sarnentos em busca de sobras de lixo ou almas sem rumo. Outros ainda se refastelam com os restos das duas garotinhas, apenas ossos agora.

Eliot se põe de pé depois de passar a tarde toda encostado na parede imunda de um banheiro velho e fedido, entregue em seus pensamentos mais íntimos. O ex-fuzileiro naval paga sua arma, uma metralhadora semi-automática, e a empunha. Ele manda que Tyler Petrovis e Ed Lunnos façam o mesmo. O "Capitão", como Eliot Desmond gosta de ser chamado; abre as portas do grande galpão e dá um assovio, chamando á atenção de todos os vampiros da redondeza. Outros surgem timidamente de entre as sombras da escuridão.

Tyler e Ed se entre olham, não entendem o que está acontecendo; acham que o Capitão enlouqueceu. Os primeiros vampiros começam á adentrarem pelo grande portão, e as primeiras rajadas de bala se fazem ouvir, quebrando um silêncio mortal na madrugada; instalado á duras penas por um apocalipse que trouxe o fim do mundo em uma manhã. Os três últimos corpos jazem no chão mofado e sujo do velho galpão; agora misturado á um rio de sangue.

Todos os corpos exibem uma palidez tipica de vampiros de verdade, o que é incomum em caso de seres humanos normais. No entanto, esse fato passa despercebido aos olhos do Capitão e de sua "tropa de dois". Eliot dá as costas para Tyler e Ed, e sobe as escadas em silêncio. Sua arma fica jogada no primeiro degrau.

O Capitão não sabe, mas sua matança desproporcional acordou sombras adormecidas ao longe. Uma imensa horda daqueles conhecidos como "vampiros do futuro", se forma e marcha enfileirados na direção do velho galpão no fim da rua.

Fim do Capitulo 1

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Johnathan King
Enviado por Johnathan King em 23/04/2015
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