O DENTISTA [MATT 6/1]

OI GENTE, MATT ESTÁ DE VOLTA EM SUA 6ª TEMPORADA COM UM EPISÓDIO TODA SEGUNDA FEIRA. ABRAÇO!

-----------------------------------------------------------------------------

MATT: O Caçador de Lendas

6ª TEMPORADA - O RETORNO

EPISÓDIO 01: O DENTISTA

Abro meus olhos, mas é como se ainda estivessem fechados, observo meu redor, mas nada vejo, será que estou cego? Não sinto presenças, é tudo um grande mar de escuridão, na tentativa de me levantar, bato a cabeça no que parece ser uma parede de metal, só assim percebo que estou preso em uma espécie de caixa, ou uma gaveta daquelas onde os defuntos são postos, mas não pode ser... Eu estaria em um caixão se fosse esse o caso. Logo a imagem de um crematório entra de repente em minha cabeça.

Entro em pânico.

Estou deitado e não tenho espaço para sequer dobrar os joelhos. Um novo som surge, como gotas de algo grosso, que definitivamente não é chuva, caindo do lado de fora, pingando lentamente, como se não houvesse pressa em se derramar, seja lá o que for.

— Alguém? — Tento gritar, mas minha voz é um mero sussurro.

Minha respiração pesa, entrando em colapso, meu ar está indo embora, inspiro e respiro devagar, mas não consigo completar a ação, estou sufocando, estou sentindo um nó em minha garganta, estou morrendo...

Me debato com força no lugar onde estou, fazendo um barulho seco com um eco infinito, do nada minha mente escura é tomada por uma luz incandescente, um branco infinito que vai regredindo lentamente até se transformar num borrão, pisco várias vezes até minha visão prejudicada se ajustar ao local. Duas mãos fortes seguram meus braços e me puxam para fora do lugar, me arremessando no chão frio e úmido sem pena.

Olho ao redor e vejo vários lances do que parecem ser armários deitados, mas uma placa de metal velha e surrada exibe um nome quase apagado: Einsam. Minha memória está adormecida e não consigo traduzir, mas sei que se trata da língua alemã.

Um golpe forte no abdômen faz com que eu me contorça, um chute com botas pretas de couro grosso. Dois homens fardados riem de mim, enquanto outro pisa em minhas costas. Só então percebo que estou nu, completamente.

— Was er tat, hier zu sein? — O que parece ser o líder deles fala.

Os outros dois se entreolham.

— Es ist wertvoll. — O outro reponde com um olhar sombrio.

O líder assente e os dois me puxam de volta até eu ficar de pé, me levam por um corretor repleto de portas de aço, no fim dele, abrem a porta maior, revelando um banheiro grande e fedido de azulejos marrons, eles me empurram no chão e ligam uma mangueira com jatos fortes demais, jorrando sobre mim como se levasse mil socos em todos os lugares. Por fim eles a desligam, continuo deitado no chão.

— Aufstellen! — O líder esbraveja, mas não consigo compreendê-lo. — Aufstellen Saukerl! — Ele repete e se aproxima para me dar um soco no rosto.

Seguro seu punho um segundo antes dele me atingir.

— Eu não falo alemão, seu filho da puta! — Grito alto o bastante para todos escutarem.

Ele se afasta, os outros dois me seguram novamente até eu estar imobilizado de pé, cara a cara com seu líder.

— Seja lá o que você for... Tem que aprender uma coisa, existe uma hierarquia nesse lugar e você está no alicerce dela. Você não passa de um resto de aborto tirado sabe-se lá de onde, então escute com bastante atenção: Eu mando aqui, se ousar me conter outra vez lamento que não escape com vida e seria uma pena, pois quem te colocou aqui pagou muito caro. — O líder fala em perfeito idioma.

— Eu não tenho medo de você. — Sussurro no mesmo tom calmo que o seu, mas escarro e cuspo em sua face.

Sinto os soldados apertarem mais forte meus braços, o líder ergue sua mão e tira do bolso de sua farda um lenço negro bordado com um símbolo que desconheço. Limpa seu rosto de forma categórica e dá um passo à frente até nossos rostos estarem separados por pouco mais que dois centímetros.

— Eu avisei.

O Líder me deu um soco tão forte que senti um de meus dentes fazer um som de “crack”, e logo o gosto de sangue tomou conta da minha boca.

— Nehmen ihn zum Zahnarzt! — Ele ordena e os outros me arrastam para fora do banheiro, voltamos a um novo corredor.

Paramos na porta 423, eles a abrem e apontam para um pequeno macacão branco que há sobre uma cama velha e rabugenta. Sem escolha, visto o uniforme desproporcional e saio, sou levado a uma ala maior, repleta de palermas e alguns soldados, descemos uma rampa para o subsolo e lá encontramos uma fila de... doidos? Não sei como nomeá-los.

Uma placa na porta dizia: Zahnarzt.

O último da fila é uma garota, vestida num macacão branco com pantufas de coelhinho, um sorriso meigo cariado e olhos azuis perfeitos, seu cabelo era loiro e descia até a cintura em cachos. Não consigo imaginar o que uma garota como ela faz aqui.

— Tome. — Ela diz me encarando, olho para suas mãos pequeninas estendidas na minha direção, lá está uma rosa negra, ela sorri genuinamente.

Aceito seu presente e apesar do caos, lhe dirijo um meio-sorriso.

— Não se deixe enganar por sua beleza. Lily matou toda sua família antes de vir para parar aqui. — Uma mulher alta ao lado diz, mas a ignoro.

O líder já se foi com seus soldados, restam apenas alguns guardas na porta e um soldado vigiando a fila, todos pesadamente armados. O

Drew conseguiria ler os pensamentos deles.

Drew?!

Onde diabos ele estaria a essa hora, junto com Frank e Dante tentando me tirar daqui, eu espero. Ou talvez eles nem tenham ideia de onde estou. Espero que a primeira opção seja a resposta certa.

Faço um esforço para lembrar de como vim parar aqui, mas não há nada além da escuridão, nem sequer me lembro onde estive pela última vez.

A porta se abre e uma pessoa sai, segurando sua face com um pano sujo de sangue, ao longe observo uma garota com máscara de hospital ordenar que outro paciente entrasse.

— Lily, não é? — Pergunto, me abaixando até estar na altura dela.

— Sim. — Sua voz doce responde. — E você?

— Matt. Lily você sabe o que é o Zahnarzt? — Rezo para ela ter uma resposta.

A menina ri e aponta para seu dente negro.

— É o Dentista. Ele é um homem mal. Muito mal.

Sinto um arrepio me percorrer, não era exatamente o sentimento de que algo sobrenatural pairava ali, não necessariamente sobrenatural, mas há algo ruim, algo perverso.

Penso no que dizer como desculpa de que não posso ir ao Dentista, mas duvido que algum dos soldados alemães me entenderiam, e se entendessem não me dariam ouvidos, acabaria na sufocante solitária outra vez.

Espero a fila andar, mais algumas pessoas com problemas se juntam à mim, dez pessoas para ser exato e apenas três à minha frente. Sinto meu coração acelerar de medo, sem armas e sem amigos não tenho nada para me defender, seja lá o que for que paira ali dentro, não estou nos meus melhores dias.

Pareceu uma eternidade, mas a fila andou e a cada paciente que saía com a boca sangrando eu só ficava cada vez mais ansioso e perturbado, foi então que a garota com máscara abriu a porta novamente e ordenou que eu entrasse, ela tem olhos pequenos e um cabelo bonito, mas quando fechou a porta tirou a máscara e revelou sua verdadeira forma: ela devia ser portadora de alguma síndrome ou simplesmente ter sofrido um acidente, pois sua boca era aberta, não possuía dentes, não havia lábios, apenas um emaranhado de dentes e saliva que ela escondia por trás da máscara.

A garota faz menção para que eu me deite. O Dentista parecia não estar ali, mas assim que me deitei na cadeira, ela fechou com força as amarras em meus pulsos, tórax e tornozelos. Tentei me debater, mas ela havia feito tudo com muita maestria. Mal conseguia me mover.

— O Doutor cuidará bem de você... — Ela disse de forma quase incompreensível, então com suas mãos forçou minha boca a abrir, pondo nela um aparelho que não permitiu que eu a fechasse mais.

O desespero tomou conta de mim quando o Dentista, o doutor a quem ela se referiu anteriormente, entrou por uma porta do que devia ser a dispensa e trouxe consigo uma bandeja grandiosa, com dentes humanos, uma língua em decomposição cheia de vermes, algo que não reconheci na primeira olhada, pareciam vísceras, mas logo constatei que era algo pior: cordas vocais.

— Não se desespere criança. Vou cuidar bem de você.

Na bandeja, além de tudo que me causou náusea, havia instrumentos banhados no sangue que escorria ali, diferentes tipos de alicates.

Quando ele levantou um deles, percebi que estava enferrujado e quase tive um ataque de pânico por estar impotente.

— Doutor, alicate de pressão doerá mais. — A garota balbucia.

O doutor me encara, ao ver meus olhos arregalados ele sorri com malícia se volta para a assistente e assente, ela sai na direção do local de onde ele havia saído, enquanto isso o Dentista pega uma seringa usada com um líquido estranho.

— Não é veneno meu adorável raio de sol, pode ficar tranquilo. Isso vai te fazer dormir, espero que tenha mordido algo antes de vir parar aqui, pois é certo que quando acordar nunca mais será capaz de morder...

Ele aplica a seringa em minha veia, uma picada fina e quase indolor, senti um formigamento imediato tomar conta das pontas dos meus pés conforme ele forçava o líquido a adentrar o meu sangue, foi quando um grunhido ecoou do quarto onde a sua assistente entrou. Ele tirou a seringa quando o líquido estava na metade, o que não me fez dormir, mas a quantidade injetada foi suficiente para me deixar dormente.

Ele entrou na sala e eu ouvi um baque, algo caiu no chão. Passos se aproximando atrás de mim, não consegui me mover para tentar enxergar, estava fraco e amarrado, senti o suor frio escorrer por minha testa.

Nunca pensei que um dia sentiria medo, mas à minha frente apareceu uma figura morena que eu conheceria a quilômetros de distância.

— Matt, o que seria de você sem mim? Não consigo nem pensar. — Ele falou tentando, sem sucesso, conter um sorriso.

Era Drew!

Continua...

E N Andrade
Enviado por E N Andrade em 20/04/2015
Reeditado em 23/04/2015
Código do texto: T5213260
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.