A boneca
A menina ganhou aquela boneca de uma tia.
Era uma tia não muito ligada à família, mas era uma tia, vivia em uma casa um tanto quanto sinistra em um sítio afastado da cidade. Vivia sozinha, nunca havia se casado e alguns diziam que era uma bruxa. Pura lenda.
Algum tempo depois, essa tia veio a falecer, não se sabe exatamente de que, como vivia sozinha só foi encontrada morta alguns dias depois do ocorrido, e claro em avançado estado de putrefação.
E foi então que tudo começou a ficar estranho.
A menina nem ficou sabendo da morte da tia, era muito nova para isso e preferiram não comentar.
Uma noite a menina entrou correndo no quarto dos pais e subiu rapidamente na cama e se enfiou no meio das cobertas, estava assustada e com medo.
Disse que a boneca estava andando pelo quarto, sim aquela boneca que fora presente da tia, agora já falecida.
Os pais a acalmaram e ela dormiu junto com eles nessa noite,
No dia seguinte, a menina foi até o quarto e lá estava a boneca no mesmo local onde ela havia deixado quando fora dormir. Tudo normal.
Brincou o dia todo normalmente. O dia foi normal para uma criança e ela nem notou que no rosto da boneca havia um sorriso diferente, sinistro, maldoso. Ninguém percebera isso.
Aquela noite foi tranquila, todos dormiram muito bem. Sono pesado. Profundo. Ninguém ouviu o som de pequenos passos pela casa.
Mais um dia e tudo normal. O pai saiu pro trabalho, a mãe cuidando dos afazeres e a menina brincando como qualquer criança feliz.
A noite chegou, e com ela a escuridão, e com a escuridão o sono, e com o sono ...sonhos.
Mas para a menina também vieram pesadelos terríveis. Ela viu a boneca andando pelos cômodos da casa, pela sala, cozinha, corredor, banheiro...e voltando para o quarto.
E nessa parte do pesadelo ela acordou chorando e com muito medo, gritando e se agarrando ao cobertor. Seus pais vieram correndo. A menina chorava desesperada. E apontava para a boneca em canto perto da porta do quarto. E depois para uma cadeira perto da cama onde havia outras bonecas. Os pais não conseguiam entender o que ela queria dizer, pois falava e chorava ao mesmo tempo.
Mas ali na cadeira era onde a menina havia deixado a boneca antes de dormir.
A mãe se deitou junto com a menina, cantando e fazendo carinho até que a menina adormeceu. A mãe então deixou a menina e foi para seu quarto.
A noite estava escura e sombria. Fria. Nefasta.
A manhã chegou, o sol saiu fraco, os pássaros não cantaram, o silencio era total. A menina não entrou correndo no quarto
Era sábado e o pai não iria trabalhar, ficaram um pouco mais na cama.
E a menina não apareceu. A mãe estranhou essa atitude e foi ver se a menina ainda dormia, afinal acabou dormindo bem tarde após o pesadelo.
Ao entrar no quarto, levou as mãos à boca sufocando um grito de pavor, medo e desespero.
Na cadeira estava apenas aquela boneca, todos as outras estavam jogadas pelo chão,
A boneca tinha no rosto um sorriso horrível, assustador e os olhos arregalados e nas mãos uma faca toda ensanguentada.
Na cama a menina jazia inerte como se estivesse dormindo, com a camisola encharcada de sangue. Uma cena medonha.
O pai ao ouvir os gritos da esposa logo chegou correndo pelo corredor.
Pegou a boneca e ateou fogo sem pensar duas vezes. Desesperados, enterraram a menina no quintal da casa e fugiram para outra cidade, pois não iriam convencer a polícia de que a boneca havia matado sua filha.
Ou teria sido a própria mãe? Afinal, ela havia ficado com a menina e depois foi quem encontrou a menina assassinada.
Algum tempo depois a mãe enlouqueceu e dizia ouvir passos durante a noite andando pela casa.
O pai nunca ouviu passos. E nunca soube qual a verdade