Cuidado com as palavras- cap.4( O bebê)

Rodrigo tinha tido um dia cansativo no trabalho. O chefe estava irritado, o trabalho parecia que não ia para frente, estava um calor dos infernos por causa de problemas no ar condicionado e os colegas pareciam querer lhe irritar. Não foi apenas o trabalho que foi ruim, a volta para casa foi pior ainda. A poluição, o engarrafamento e o barulho que são típicos das grandes cidades contribuíram para seu stress crescer a ainda mais.

Barulho. Se Rodrigo tivesse que escolher o que lhe irritou mais no dia, diria que foi o barulho. Por isso, quando seu filho ainda bebê começou a chorar, logo se irritou. O choro da criança era como o barulho das buzinas que tanto infernizaram a sua vida durante a manhã. Ele se virou de lado e tentou fingir que estava dormindo para que a sua esposa fosse acalmar a criança. Talvez a sua esposa tivesse tido a mesma ideia, pois ela parecia não se incomodar com o choro da criança e dormia profundamente, ou pelo menos fingia bem.

O choro ficava cada vez mais alto assim como o stress de Rodrigo. Com a cabeça latejando, ele se levantou da cama e se dirigiu para o quarto do bebê. Mas, parecia que naquele dia tudo estava contra o pobre homem. No momento em que entrou no quarto do filho, talvez por causa da falta de orientação provocada pela dor de cabeça ou pela escuridão, Rodrigo bateu o pé contra a mesinha, isso provocou uma dor horrível que o fez falar vários palavrões. Naqueles xingamentos ele descontou toda raiva contida naquele dia frustante.

Após os xingamentos, se sentiu mais leve. Se aproximou do berço, carregou o filho e viu que a fralda estava suja e a trocou. Após trocar a fralda, colocou o bebê de volta no berço. Nesse momento a criança havia parado de chorar e parecia dormir.

Quando Rodrigo apagou a luz e estava pronto para fechar a porta bem devagar, a criança voltou a chorar. Parecia que até o filho queria lhe irritar naquele dia. O choro da criança doeu mais do que o baque no pé. Em um momento de raiva maior que o anterior acabou dizendo:

--Por que está chorando? Será possível que hoje tudo dá errado!? Por que você não pode colaborar!

Após falar isso, ele bateu a porta do quarto com raiva. A batida foi tão forte que fez cair um quadro da parede. De noite todo barulho chama a atenção, então a esposa de Rodrigo logo chegou para ver o que estava ocorrendo:

--O que está ocorrendo? Que barulho foi esse?

--É o Júnior que não para de chorar! Já estou uma pilha de nervos. Ele parece querer me irritar!

--Talvez o problema seja você, comigo ele sempre para de chorar. Talvez se você carregasse ele e...

A voz calma da esposa o irritou. Ela sempre tinha um jeito de fazer parecer que tudo ele fazia do jeito errado. Sem uma pingo de paciência falou:

--Já estou farto. Que o diabo carregue ele! Eu vou dormir!

Quando Rodrigo voltou para o quarto o relógio marcava 00:00. Ele não sabia, mas nesse horário os anjos estão dizendo amém para tudo que é dito nessa terra. Eles disseram amém quando ele desejou que o diabo carregasse seu bebê.

*

O "diabo" que carregou o bebê de Rodrigo foi bem diferente das imagens imaginadas. Ele não tinha chifre, nem cauda, porém tinha muita maldade no coração. A bem da verdade era ela e não ele. Era a babá da criança.

Devido a rotina pesada de trabalho, Rodrigo e a esposa pagavam uma babá para cuidar da criança durante o dia. A mulher parecia de confiança e eles acreditavam que ela nunca iria fazer mal para a criança. Se enganaram.

A babá era como uma serpente, apenas esperando a hora de atacar e levar a criança para longe. No momento certo, ela carregou o bebê em seus braços e o levou para longe.

Os pais ficaram desesperados com a falta da criança. Alguns diziam que a mulher era líder de uma gangue que roubava bebês, outros que esse foi seu primeiro crime. A mídia logo estava acompanhando o caso.

Rodrigo vivenciou a pior aflição de sua vida. Ele trocaria tudo para ter o filho de volta. Todo o stress da rotina parecia pouco comparado ao desespero de está sem a criança. Seu sofrimento era pior porque a sua esposa, devido a tristeza começou a culpa-lo:

--Isso é tudo sua culpa! Você ficou falando pro diabo carregar ele e aquela mulher que era uma diaba o levou para longe de nós!-- A mulher cuspia todas as palavras com ódio-- É tudo sua culpa.

A mulher se colocou a chorar e precisou ser dopada. Quando a esposa estava longe, Rodrigo se sentiu culpado e falou:

--Me sinto tão culpado. Queria meu Júnior de volta. Se o diabo carregou meu filho bem que um anjo poderia lhe trazer de volta. Perdão, Deus.

Eram 6:00 da manhã. Os anjos estavam dizendo amém e Deus ouviu a oração.

*

Devido a mídia está em cima desse caso e a falta de ajuda se seus companheiros,a ladra resolveu abandonar a criança e partir para outra família.

O anjo que achou a criança não tinha asas e nem tocava harpa, era um trabalhador que no caminho para o trabalho ouviu o choro do bebê e o levou as autoridades. Rodrigo e a esposa ficaram muito felizes com a volta do filho e comemoraram. O anjo que trouxe o bebê foi muito bem recompensado.

A partir desse dia, Rodrigo viu o poder das palavras. As palavras levaram seu filho e o trouxeram de volta. A boca pode tanto abençoar como amaldiçoar. Por isso, cuidado com as palavras.

Ana Carol Machado
Enviado por Ana Carol Machado em 13/04/2015
Reeditado em 13/04/2015
Código do texto: T5205858
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