O Mensageiro
- Eu vou me matar! - Evelyn gritou
- Para com essa droga Evelyn, ninguém aqui vai morrer.
Há dias o Dr. Kaleb tentava de todas as formas descobrir o que estava acontecendo com Evelyn.
"Sexta-feira, três de abril de 2015. Começou no domingo passado" - Kaleb registrava tudo no gravador portátil - "A paciente queixa-se de pesadelos frequêntes com mortes, assassinatos, acidentes. Apresenta irritabilidade, autoflagelação, talvez inicio de esquizofrenia. Entretanto, agora a paciente tem tentado suicídio. O que poderia se encaixar, mas não tenho certeza. Tivemos que intervir. Atualmente, é submetida a medicamento antipsicótico e teve de ser contida para que não machucasse a sí mesma nem aos funcionários da clinica"
- Doutor, fala comigo. Ele está vindo - Evelyn insistia.
- Quem está vindo Evelyn?
- O mensageiro... ele quer o senhor.
- A mim?
- Sim, doutor, por que não acredita?
- Quem é esse tal mensageiro?
- Ele... ele vem... trazer notícias.
- Sobre o que Evelyn?
- Morte, juízo, justiça... ele quer te avisar doutor.
- Você está dizendo que eu vou morrer?
- Morte, juízo, justiça - seu olhar estava fixo no chão - Morte, juízo, justiça.
- Evelyn?
- Morte, juízo, justiça. Morte... juí... Ele está aqui.
- Só estamos nós dois aqui Evelyn.
- Ele chegou doutor. Eu avisei.
Nessa hora os móveis tremeram, um vento espalhou as anotações por toda a sala e as luzes se apagaram.
- Morte, juízo, justiça. - Ela repetia insistentemente.
Dr. Kaleb, de olhos arregalados, não acreditava no que via. Parado na janela, de pé à sua frente, com um manto marrom surrado. O ser começou a repetir com Evelyn: " Morte, juizo, justiça"
Foram os seis segundos mais longos da sanidade de Kaleb que ele podia se lembrar.
Quando voltou a sí, Evelyn estava num canto da sala, sem as ataduras, com uma navalha na mão e os pulsos cortados.
Kaleb se questionava como explicaria a navalha, como explicar o que aconteceu, como dizer o que tinha visto.
O que Evelyn quis dizer quando disse que o mensageiro o queria?
Tudo estava errado, tudo muito surreal.
Mas o caso teria um fim, um trágico fim.
"Pobre menina, estava iniciando a vida" - pensou
Pobre Kaleb, mal sabia o que viria pela frente.