GÁRGULAS

Rodrigo odiou a casa nova. Odiou a cidade nova. Odiou também as pessoas novas que seriam seus vizinhos. Não entendia porque o pais tinham que se mudar. Compreendia que era por causa do emprego do pai, mas também sabia que ele trabalhava escrevendo: escrevia artigos e coisas do tipo. Ele podia muito bem fazer isso na casa antiga, enviando por e-mail os trabalhos.

— Tenho que ficar perto da editora! — dissera o pai sem mais explicações antes de se mudarem para Vila Magnólia.

Daniel, seu irmão mais velho, estava adorando; gostou, acima de tudo do novo quarto, pois de lá, pela janela, podia ver a Catedral de Nossa Senhora Imaculada. Era uma construção antiga de arquitetura gótica, adornada em suas torres por quatro horrendas gárgulas.

Rodrigo detestou as gárgulas também.

De seu quarto também tinha a visão de uma delas. À noite preferia fechar as cortinas para não a enxergar. Em noites enluaradas, a sombra que ela projetava na parede parecia mover-se. Claro que aquilo era por conta do movimento lunar em relação à Terra, aprendera isso na escola. Mas embora compreendesse, gostava de fechar a janela, tendo explicação ou não, aquelas coisas existiam melhor quando não vistas.

E foi justamente o fato de não as ver que o assustou.

Certa noite acordou sobressaltado, parecia ter ouvido um grito próximo de sua janela. Adormecera lendo uma história em quadrinhos que horas depois se encontrava toda amassada debaixo de si, entre as cobertas. A luz azulada da lua atravessava a janela e a cortina derramando-se pelo aposento.

Rodrigo tomou um gole de água de um jarro sobre o criado mudo, não se lembrava de ter levado a água para o quarto antes de dormir, talvez tivesse sido a mãe. Caminhou até a janela, espiou para fora por uma brecha entre as cortinas, seus olhos foram atraídos para o alto da catedral. Lá estavam as torres, uma cruz em cada uma, a torre do sino bem no centro, mas estava faltando alguma coisa. Logo percebeu, elas não estavam lá adornando a construção.

As gárgulas haviam desaparecido!

Rodrigo ficou assustado. Seus olhos perscrutaram o céu em busca daqueles horrendos seres. Mas não viu nada. Tentou forçar na cabeça o pensamento de que se elas não estavam lá, talvez tivessem sido arrancadas e jogadas fora. Mas sabia que não fariam isso com uma catedral secular. Mesmo assim, tentou enfiar na mente este pensamento, e só assim conseguiu dormir.

No dia seguinte, ao levantar-se e abrir as janelas, seu coração bateu mais rápido. As gárgulas haviam voltado ao topo da catedral.

Não podia ser!

Será que estivera sonhando na noite passada?

Logo após aquela noite, uns dois dias depois, o noticiário na TV exibiu uma matéria com a informação de que duas pessoas haviam sido encontradas mortas, estraçalhadas por algum animal na orla do bosque que circundava a cidade na parte leste.

Rodrigo passou a vigiar as gárgulas dia e noite. A notícia na TV lhe trouxe a certeza de que não estivera sonhando, aquelas coisas haviam saído de seus postos durante a noite e matado aquelas pessoas.

No entanto, quase um mês se passara e elas continuavam lá no alto da igreja, imóveis.

Então, certa noite, Rodrigo estava sentado junto à janela lendo mais uma de suas histórias em quadrinhos, lançando um olhar de vigia ocasionalmente para a catedral. Entre uma página e outra, olhou para cima e percebeu que as gárgulas haviam desaparecido novamente.

Levantou-se de chofre.

Uma sombra passou voando velozmente frente à janela.

Rodrigo caiu, levantou-se com destreza, o coração retumbando no peito e correu porta afora. No corredor, seu primeiro impulso foi bater na porta do quarto dos pais, mas quando o punho fechado estava a poucos centímetros, ele parou.

Os pais não acreditariam, diriam que estava imaginando coisas.

Decidido, encaminhou-se até o quarto do irmão.

Bateu três vezes desesperadamente.

— Mas o que é isso? – disse o irmão abrindo a porta rispidamente. — Cê ficou doido, sabe que horas são?

— Olha pela janela! — disse Rodrigo.

— Do que cê ta falando?

— Olha pra catedral! — pediu Rodrigo em tom de suplica.

Daniel caminhou até a janela e olhou.

— O que exatamente eu deveria estar vendo? — indagou para Rodrigo.

— Olha pra cima! — pediu ele. — Não vê nada diferente?

— Não, só tô vendo a catedral e... Meu Deus! Elas sumiram!

— É disso que eu estava falando! — disse Rodrigo. — Você acha que...

— Vamos! — disse Daniel sacando uma lanterna da estante de livros.

— Espera! Vamos aonde? — inquiriu Rodrigo.

— Fala baixo pra não acordar o pai e a mãe.

— Vamos sair de casa? — indagou Rodrigo exasperado. — Aquelas coisas estão na rua!

— Vamos logo!

Sem saber por que, acompanhou o irmão porta afora.

A noite estava fria e uma brisa moderada fustigava as árvores, impedindo que a noite fosse silenciosa.

— A gente não devia tá aqui fora! — disse Rodrigo tentando não entrar em pânico.

— E perder a chance de ver essas criaturas vivas? Cê tá de brincadeira, né? — objetou Daniel.

— Então você também acha que elas ganham vida a noite?

— Não sei! Talvez estejam vivas o tempo todo, dias atrás eu tive a certeza de que uma delas estava mexendo a cabeça e a outra parecia estar farejando alguma coisa – informou Daniel em tom de maravilhamento.

Os dois atravessaram sorrateiramente o quintal, passaram pelo portão e encaminharam-se para a catedral. Tanto um quanto o outro olhavam apreensivos para o céu e para as sombras a procura de qualquer movimento. Rodrigo se lembrava daquela noticia sobre pessoas sendo estraçalhadas.

— A gente tem que tomar cuidado! — disse para Daniel, sentindo-se cada vez mais exasperado. — Da outra vez que elas sumiram aconteceu uma coisa... — E contou então para o irmão sobre suas suspeitas em relação àquelas mortes. Já estavam quase chegando às portas da catedral.

— Não sei! — comentou Daniel. — Existe todo tipo de animal no bosque... nunca ouvi falar que gárgulas comem pessoas. Elas são protetoras.

— A aparência delas diz o contrário! — resmungou Rodrigo.

— Mas é exatamente por serem protetoras que precisam ter aquela aparência, quem é que iria chegar perto delas?

— Pelo jeito é o que estamos tentando! — retrucou Rodrigo no instante em que chegaram nos primeiros degraus da entrada da catedral.

Daniel avançou e tentou empurrar as grandes portas de madeira. Obviamente, estavam fechadas.

— Temos que encontrar um modo de entrar! — disse empolgado.

— Por quê? — choramingou Rodrigo. — Podemos voltar pra casa e olhar elas retornarem de lá! O que acha? — indagou esperançoso.

— E que graça isso vai ter?

Sem discutir mais, Daniel seguiu para a esquerda contornando a catedral.

— Eu sabia! — exclamou apontado para as janelas. — De alguma forma eles tem que ventilar esse lugar, é muito velho, sabe? — Sem mais demoras, prendeu a lanterna no cós da calça do pijama e se esforçou um pouco até alcançar a janela. Sem dificuldades, içou seu corpo para dentro.

— Eu vou voltar para casa! — informou Rodrigo assustado.

— Deixa de ser besta! — disse Daniel. — Elas não vão estar aqui dentro, elas protegem o exterior da catedral.

— Tem certeza? — indagou Rodrigo desconfiado.

— Tenho! — mentiu o irmão.

Rodrigo esticou os braços e deixou que o irmão o puxasse para o interior da catedral.

A luz azulada do luar iluminava fracamente o ambiente. Enormes pilares de mármore sustentavam um teto abobadado. Dezenas de bancos estavam dispostos em perfeita simetria voltados para o altar. Quadros representando a via sacra espalhavam-se pelas paredes. Ao fundo, atrás do altar, havia uma cruz com um Cristo em tamanho real pregado nela; uma expressão de dor e sofrimento transpassava o rosto da representação.

— Viu? — disse Daniel. — Está vazia. — Mesmo falando baixo, sua voz ecoava por toda a nave da igreja. — Temos que subir.

Rodrigo não o questionou. Sabia que de nada iria adiantar, de modo que acompanhou Daniel enquanto este se dirigia para o altar. Subiram uma escadinha de cinco degraus. Em cada lateral do altar havia uma porta. Rodrigo se encaminhou para a esquerda, girou a maçaneta e a porta se abriu. Lá dentro a escuridão imperava. Ligou a lanterna e a luz se derramou sobre o recinto revelando que era lá que ficavam guardadas as vestes de cerimônias, bem como outros materiais a serem usados na comunhão. Havia outra porta ao fundo desta sala. Daniel encaminhou-se para ela, mas estava trancada. Mirou o facho de luz sobre uma bancada e localizou um molho de chaves. Pescou-o dali e passou a experimentá-las na fechadura. A quarta chave se encaixou perfeitamente e girou com suavidade, com um clique mínimo. Daniel girou a maçaneta e a porta se abriu revelando uma escada em espiral e ascendente.

— Isso deve levar até a torre do sino! — ele informou com os olhos brilhando de excitação.

Rodrigo iria tentar convencê-lo novamente, mas antes que dissesse qualquer coisa o irmão já se encontrava uns dez degraus a sua frente. Olhou para a representação de Cristo atrás do altar, fez o sinal da cruz e começou a subir.

Daniel estava certo. Depois de pelo menos uns sessenta degraus, os dois encontravam-se bem embaixo do sino da catedral. O sino era grande o suficiente para comportar um carro dentro de si, a sua volta havia uma amurada, Daniel passou um pé por cima dela e Rodrigo o agarrou.

— O que vai fazer? — indagou com sofreguidão, sem conter o pânico.

— Vou até lá na frente, quero ver quando elas retornarem!

— Não vai! — choramingou Rodrigo. — É muito perigoso!

Sem lhe dar ouvidos, Daniel seguiu andando pelo través que circundava toda a catedral. Rodrigo pulou a amurada para acompanhá-lo quando uma das gárgulas voltou.

Ela pousou, vindo de qualquer lugar do céu, bem de frente para Daniel. Rodrigo pôde perceber que o irmão parecia ter petrificado, bestificado com o que estava vendo, assim como ele também se sentia.

O animal a frente do irmão parecia uma cruza de lagarto e cavalo. Sua pele era escamosa, de um verde escuro, tinha a altura de um cavalo, a cabeça se assemelhava a um réptil, porém, era adornada com um sorriso que a Rodrigo parecia diabólico. Como aquilo podia ser o guardião de uma catedral?

Então, aquela coisa abriu duas enormes asas negras e ficou de pé sobre as patas traseiras. Um cheiro nauseante, como de carne estragada preencheu o ar. O grito que ela emitiu foi a coisa mais horrível que Rodrigo já tinha ouvido em toda a sua vida.

Ela estava se armando para o ataque.

Daniel virou-se para correr. Rodrigo o imitou, mas ao se virar para pular de volta a amurada do sino, dois olhos amarelos o encaravam. Havia outra gárgula ali, e esta era mais horrenda que aquela que estava prestes a pegar o seu irmão. Seu corpo era coberto de pelos marrons, a carranca era esticada, distorcida num esgar malévolo, tinha um queixo bicudo e dois chifres curvados se projetavam logo acima dos olhos. Rodrigo gritou enquanto escorregava pelo través, suas mãos não foram rápidas o suficiente para se agarrar à amurada que circundava o sino.

Sentiu o ar passando velozmente pelos seus cabelos. O chão estava a poucos metros e se aproximava cada vez mais. No entanto, antes que se chocasse contra o solo, conseguiu olhar para cima e viu que a gárgula que perseguia o irmão levantara voo. O animal descreveu um círculo no ar e mergulhou e agarrou o seu irmão.

Uma pata com garras compridas o agarrou a poucos centímetros do chão e ele agradeceu.

Mas pouco tempo tivera para o alívio.

O horror lhe abraçou.

Era a gárgula que estava na amurada do sino. Agora, cada uma daquelas criaturas tinha os irmãos presos em suas patas e subiam cada vez mais em direção ao céu enluarado.

Um pensamento terrível invadiu a mente de Rodrigo. A gárgula que pegou seu irmão não o tinha salvado de nada, ela o atacara. Do mesmo modo, a gárgula que o agarrou não o salvara de se estatelar no chão, elas voavam cada vez mais alto, talvez... Talvez só para ter o prazer de soltá-los de uma altura maior, para garantir que morreriam de uma vez por todas.

Rodrigo viu que as outras duas gárgulas voavam ladeando as amigas. As outras duas eram cinzentas e assemelhavam-se a dragões com chifres.

Um pensamento mais terrível que o anterior se espremeu para os recantos de sua mente de doze anos. A visão das gárgulas atirando os irmãos para cima, como se fossem bonecos de carne — como alguns pássaros que brincavam com suas presas — ganhava forma dentro de sua cabeça. Iria começar a gritar por socorro quando a gárgula que o carregava embicou para o chão com uma velocidade maior do que subira.

Estavam descendo.

Estavam mergulhando em direção ao bosque.

Meu Deus, pensou Rodrigo, elas vão nos estraçalhar lá dentro, nunca vão encontrar nossos corpos.

As árvores se tornavam mais próximas, crescendo à medida que as feras que os carregavam desciam. Quando atingiram a altura da copa das árvores elas planaram por sobre o bosque. Instantes depois, Rodrigo sentiu que era solto e ele se virou no intuito de amortecer a queda com os braços cruzados frente ao corpo, como fazia quando caia de skate.

Sentiu-se deslizar sobre o chão do bosque e os antebraços serem arranhados pelo atrito e pensou o quanto aquilo arderia quando tomasse banho. Mas depois pensou também que jamais tomaria outro banho na vida.

O irmão caiu logo em seguida ao seu lado.

— Eu disse pra você não sair de casa! — disse fechando a cara para Daniel.

— Relaxa. — disse o irmão pondo-se de pé. — Acho que se quisessem nos matar elas já teriam feito isso, era só terem nos soltado lá no céu!

— Se não vão nos matar, por que nos trouxeram para o meio do bosque? — bradou Rodrigo assustado. — Lembra-se das pessoas dilaceradas que eu te contei? Elas vão fazer a mesma coisa com a gente!

Daniel abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ouviram as asas batendo acima da copa das árvores. Elas estavam chegando. Um farfalhar violento perpassou as folhagens e chegou ao chão revoluteando a relva. As quatro gárgulas desceram tão rápidas lá de cima que pareciam ter se materializado do nada.

Todos aqueles pares de olhos amarelos estavam voltados para eles.

Elas fecharam o circulo ao redor dos irmãos, o cheiro delas penetrando em suas narinas.

É agora, pensou Rodrigo.

— Por favor, não mate a gente — suplicou Daniel com a voz trêmula de medo.

— E por que deveríamos poupá-los? — inquiriu aquela que havia carregado Rodrigo. Sua voz parecia ser tão velha quanto o tempo.

— Porque só queríamos vê-las — informou Daniel. — Só queríamos saber como eram.

As gárgulas apenas os encararam.

Cada uma adiantou um passo, de modo que o círculo que formavam em volta dos irmãos se fechou mais. O cheiro nauseante quase fez Rodrigo vomitar.

— A vida de vocês em troca de uma promessa! — disse a gárgula mais alta.

Os dois irmãos se entreolharam, encararam as gárgulas e acenaram afirmativamente.

— Vocês nunca devem revelar que nos viram, nem a nossa real aparência, caso contrário, qualquer um que estiver a volta de vocês será morto.

Novamente se entreolharam e afirmaram com a cabeça.

— Como juramento do que não irão quebrar esta promessa, cruzamos o coração de vocês!

Sem avisos, cada gárgula passou uma garra sobre o peito dos irmãos, cortando o tecido da camisa e a carne que revestia o tórax. Depois disso, elas voaram para o céu.

Sozinhos no bosque, com o sangue escorrendo das marcas deixadas pelas gárgulas e pelo tombo, os dois choraram.

Voltaram para casa em silêncio. Para encontrar a saída do bosque, seguiram a mesma direção para onde as gárgulas haviam voado. Depois do que pareceram horas, avistaram a Catedral de Nossa Senhora Imaculada ao longe. Caminharam para casa. Antes de entrar, olharam para o topo da catedral. Elas estavam lá em seus postos, parecendo nunca terem se movido.

Faltava pouco para o dia raiar. Os dois entraram em silêncio em casa. Os pais ainda dormiam e pelo visto, não pareciam ter notado o desaparecimento dos filhos. Antes de entrar para o quarto, Daniel olhou para Rodrigo e os dois trocaram um aceno.

Nunca mais procuraram ficar observando as gárgulas, mas, pelo menos mais duas vezes, notaram que elas não estavam por ali. Nunca comentaram com ninguém. Daniel, certa vez, viu que ao atravessar a rua, as gárgulas o seguiam com as cabeças virando-se em sua direção, acompanhando seus movimentos.

Rodrigo ficou atento aos noticiários. Nunca mais ouviu falar de casos onde pessoas haviam sido encontradas estraçalhadas. Aquelas pessoas que foram encontradas na orla do bosque tiveram o caso arquivado. O relatório final afirmava com certeza que deveriam ter sido vítimas de algum animal do bosque como um cachorro selvagem ou onça. Mas Rodrigo tinha certeza de que foram as gárgulas que fizeram aquilo, tinha certeza que aquelas pessoas quebraram um juramento.

Anos se passaram, de modo que o evento com as gárgulas se tornou apenas uma lembrança guardada no fundo da memória. Daniel se casou com uma jovem que conheceu na universidade e se mudaram para São Paulo. Alguns meses depois do casamento, os dois foram encontrados mortos em seu apartamento. Estraçalhados. Como se algum animal tivesse entrado pela janela.

Rodrigo sabia o que havia acontecido. Daniel achou que longe de Vila Magnólia, em outro país, poderia quebrar o juramento que fizera para as gárgulas. Naquela mesma noite, em que os pais e ele receberam a noticia da trágica morte do irmão e da esposa, Rodrigo olhou para o alto da catedral. As gárgulas não estavam lá. Lá longe, no céu, pode avistar uma delas voando.

Um profundo sentimento de tristeza o preencheu na solidão do quarto.

Sabia que onde quer que fosse, o evento ocorrido entre ele, o irmão e as gárgulas, deveria permanecer em segredo para sempre e ser levado para o túmulo junto com ele. Podia simplesmente ignorar isso, deixar a lembrança guardada no fundo da memória e prosseguir com a sua vida, como se nada daquilo houvesse acontecido. Era o que ele queria fazer. Era o que estava decidido a fazer.