Antes ela do que eu - DTRL 20

Eu até gostava de Samanta antes de ela vir pra cima de mim com sua teoria da conspiração. Talvez eu estivesse sendo muito impaciente, mas faltava menos de um mês para a minha festa de quinze anos. Havíamos planejado cada detalhe incansavelmente quase desde meu aniversário anterior. Minha mãe e minhas tias praticamente viviam em função dessa festa; eu havia aprendido a me animar com a ideia, mesmo que no início aquilo me parecesse dinheiro demais para se gastar com uma única noite.

Mas é claro que valeria a pena. Eu já frequentava os bailes das minhas colegas debutantes, e achava que seria legal estar no lugar delas, para variar. Vestir lindos vestidos, desfilar como uma princesa, valsar com quinze caras diferentes – eu tinha tios e primos mais do que o bastante para isso. Podia até excluir os carecas. O mais incrível de tudo, sem dúvida, seriam os vinte minutos em que eu apareceria em um telão, ao som das músicas do momento como uma artista. Fotos minhas para todo mundo ver até enjoar: eu recém-nascida, eu no jardim de infância, eu de perna quebrada, eu até não poder mais. E ainda tinha meu ensaio fotográfico.

Rios de dinheiro para fazer tudo isso... E fora o aluguel do salão, o bufê, o DJ...

Daí se pode tirar o quanto fiquei chocada quando Samanta fez aquela cara de pânico quando fui lhe entregar o convite da minha linda festa. Pensei que estivesse passando mal, até que ela colocou as duas mãos nos meus ombros e começou a me sacudir.

- Não, Priscila! Você não pode ir nessa festa!

Bicha doida! Como eu poderia não ir à minha própria festa? Diante do absurdo da situação, não consegui reagir imediatamente. Só quando alguns colegas começaram a nos olhar meio torto do outro lado do pátio decidi dizer alguma coisa.

- Samanta, você bebeu?

Seria meio estranho perguntar se uma menina de catorze anos havia bebido em plena segunda-feira, antes das dez da manhã. Além disso, estávamos dentro de uma escola católica. Mas não havia explicação plausível para aquele comportamento. A não ser que...

- Olha, eu sei que você não vai fazer uma festa de quinze anos, mas também não precisa surtar. Tudo bem, eu mesma nem fazia muita questão, tenho certeza que...

- Priscila – ela me interrompeu, arregalando ainda mais os olhos claros como água – Não é nada disso. Você é minha amiga, uma das poucas que me tratam bem...

“Por que será?”, perguntei-me, desviando o olhar de sua expressão agradecida. Estava começando a ficar magoada com aquele discurso todo. Só queria convidá-la para minha festa, poxa! Ainda tinha dezenas de convites para entregar e esperava uma reação mais positiva.

- É muito perigoso fazer uma festa de aniversário – ela anunciou, abrindo cada vez mais aqueles olhos assustadores.

- Tá bom, Samanta. Se não quiser ir, não vai – resmunguei, tentando lhe dar as costas, mas ela me segurou o pulso com uma força impressionante.

- Não fique brava comigo – implorou – Tem uma coisa que você não sabe.

- O quê? – perguntei, meio rude, sacudindo o braço para me livrar dela.

- O Parabéns Amaldiçoado – ela sussurrou, abaixando a cabeça de forma que a franja escura cobrisse metade do seu rosto.

- Mas o que... – dei dois passos atrás quando ela finalmente me soltou.

- Meus pais nunca comemoraram meus aniversários – ela confessou – Por um único motivo: as festas servem para reunir os demônios na sua casa, só isso.

Estaquei, muda, olhando para a cara daquela maluca. Samanta estava conseguindo me botar medo em plena luz do dia, em um pátio cheio de gente e a poucos metros de uma estátua de Nossa Senhora.

- Sei que na sua igreja não se fala dessas coisas – ela suspirou com complacência – Mas minha mãe sabe toda a verdade. Quanto mais gente se reúne para prevaricar, por gulodice, luxúria, essas coisas, mais Satanás fica alegre.

“Ele manda seus subordinados participarem das festas, para se alimentarem dos pecados das pessoas, e quanto mais gente estiver junta, melhor. Eles vão se regozijar também ao colher os frutos dos exageros humanos: gravidez indesejada, abortos, doenças, até mesmo uma simples indigestão”

Percebi que Samanta ainda não havia segurado seu convite e o guardei discretamente de volta na bolsa. Ela não parava mais de falar e nem notou.

- Você pode achar que estou brincando, mas ainda falta a pior parte: os demônios dão um jeito de se apoderar da pessoa que está fazendo aniversário. Depois dos parabéns, um versinho, que eles ensinaram, pode por tudo a perder para o dono da festa.

“É bigue, é bigue, é hora, é hora, é hora, RA TIM BUM, Priscila, Priscila, Priscila... Quando as pessoas estão cantando isso, na verdade estão oferecendo sua cabeça para o demônio, sem querer! RA TIM BUM é uma maldição antiga, Priscila! Quer dizer literalmente “eu te amaldiçoo”. Quando os demônios ouvem isso, logo descobrem quem é a pessoa que está fazendo aniversário... E vão atrás dela, para entregar o seu presente”

Samanta dizia essas coisas com uma expressão tão sinistra que me deu vontade de fazer xixi. Saí correndo para o banheiro, como uma criancinha, sem conseguir tirar da cabeça o seu rosto pálido, certa de que, se olhasse fundo o bastante naqueles olhos transparentes, poderia enxergar um crânio vazio.

Ao final daquela manhã, tendo entregado quase todos os meus convites, tomei a firme decisão de jamais tornar a chamar Samanta, nem mesmo para jogar peteca. Que história mais desagradável ela havia me contado, em hora tão inconveniente! Eu já devia ter ido a dezenas de festas de aniversário em meus catorze anos de vida; quantas pessoas não amaldiçoara até então! No entanto, estavam todas bem vivinhas.

Foi nesse momento que percebi que a maioria dos meus colegas sempre estivera certa: Samanta era uma louca e era melhor ficar bem longe dela. Uma pena, porque era uma garota solitária, o que me causava pena. Mas ela pedia por isso! Ainda assim eu lamentava, porque sabia que ela tinha um bom coração, era sempre prestativa e ajudava quem quer que estivesse precisando.

Mas também não precisava ajudar tanto assim.

Passei a evitá-la, ficando de propósito perto de garotas que eram más com ela, para que não ousasse se aproximar de mim de novo. Entretanto, não contei a ninguém o que se passara entre nós, porque não queria que rissem dela. A verdade é que eu não tinha achado graça nenhuma naquilo.

***

- Vovó, a senhora acredita no diabo? – perguntei, a menos de uma semana da minha aguardada festa.

Visitava minha querida avó ao menos duas vezes por semana. Naquela tarde, estávamos na cozinha, e ela me ensinava a fazer empadas. Costumávamos trabalhar em silêncio, cada uma imersa em seus pensamentos, mas eu andava muito nervosa e ansiosa com a proximidade do meu aniversário. Como se não bastasse, não conseguia tirar da cabeça a história de Samanta.

Minha avó não respondeu de imediato, fazendo-me pensar que estava ficando surda. Realmente estava, mas dessa vez tinha me ouvido bem. Assim que terminou de me xingar por não ter batido direito a gema de ovo, disse-me algo que nunca esquecerei.

- O diabo só aparece pra quem chama, menina.

Pensei em perguntar mais, mas decidi calar a boca e começar a pensar em outras coisas. Infelizmente não era tão fácil, mas me consolei pensando que tudo acabaria depois da bendita festa.

***

Quando o grande sábado finalmente chegou, levantei-me muito cedo. Na verdade, mal havia conseguido pegar no sono, acordando com algumas lembranças esparsas de pesadelos com salas escuras e pessoas sorrindo diabolicamente. Logo me esqueci de tudo isso e fui lanchar e matar o tempo até a hora de ir me arrumar no salão de beleza.

Todo o ritual de fazer as unhas e ser maquiada e penteada me pareceu bem menos animado do que havia imaginado nos últimos meses. Não que fosse realmente uma surpresa; havíamos ensaiado e testado praticamente tudo, mas a maior parte da culpa, claro, era de Samanta. Esperava não a ver, já que não lhe entregara convite algum, e com o espírito leve acolhi a noite que traria meus quinze minutos de atenção geral.

Estava tudo saindo como o planejado. Fiquei com meus pais na entrada do salão durante meia hora, recebendo os convidados, com os olhos fixos na caixa de presentes, mais à frente. Depois tive de circular entre as mesas do enorme salão, perguntando se os adultos estavam todos se divertindo, e só então pude aparecer no calabouço escuro onde meus colegas dançavam.

A sandália de salto fino estava quase me matando, apesar de ter passado horas treinando andar com aquilo. Meu consolo era saber que estava linda, embora desconfiasse nunca mais conseguir mexer os pés. Para conseguir dançar um pouco, imitei algumas amigas e tirei discretamente os belos calçados, encostando-os a um canto. Ninguém perceberia nada, com a profusão de gelo seco que sufocava os rostos pálidos, iluminados vez ou outra por raios coloridos.

Meus amigos dançavam em círculo, como em um sabá de orgias, e faziam questão de me colocar no centro dele, pois eu era a grande anfitriã da noite. Em pouco tempo me cansei de ver suas sombras se retorcerem ao meu redor. Fosse pelo nervosismo ou pela história dos demônios sugadores de energia, eu estava desanimada e com vontade de chorar na minha própria festa. Aproveitei que uma música lenta dispersou o pessoal e tentei ir ao banheiro.

Digo que tentei, porque antes precisava das minhas sandálias. Consegui localizá-las com alguma dificuldade, e me dirigi ao canto onde ia pegá-las, mas alguém o fez antes de mim e saiu correndo. Meio perturbada, decidi ir atrás e forcei um riso, pensando que se tratasse de alguma brincadeira ou trote de aniversário – ouvira boatos de que pretendiam me jogar em uma piscina. Resignei-me ao destino e persegui o vulto ladrão de calçados.

Não conseguia ver muito naquela escuridão; mesmo quando deixou a boate, meu alvo se manteve nas sacadas pouco iluminadas do salão de festas, subindo escadarias que contornavam todos os seus três andares. A certa altura, deixei de sonhar e percebi que sabia muito bem quem era, e por que estava tentando chamar a minha atenção.

- Samanta, isso já perdeu a graça. Fique quieta aí mesmo e me devolva a sandália – esbravejei, sem paciência nenhuma.

Ela havia parado atrás de um balaústre e estava mais esquisita do que nunca, toda enfiada em um sobretudo de couro, apesar do calor de novembro. Recusou-se a me devolver as sandálias, e seu rosto, meio na penumbra, era o de alguém em desespero.

- Priscila, você não pode ir pra lá. Não pode deixar que coloquem uma maldição em você. Peça pra cantarem outra coisa, um hino... Por que não fazem uma oração?

- Vá se lascar! Devolva minha sandália, senão eu juro por Deus e pelo Diabo que te jogo dessa varanda!

A coisa prometia ficar feia se um segurança não estivesse por ali em um passeio suspeito com a organizadora da festa. Comecei a gritar que não tinha convidado aquela garota e mandei que a jogassem na rua antes que eu fizesse uma besteira. Chamaram minha mãe, e ela conseguiu negociar com Samanta o resgate das minhas sandálias, em troca de sua permanência no restante da festa.

Fui ao banheiro com a promoter para trocar de vestido e me recompor para a valsa e o bendito parabéns, amaldiçoado ou não. A essa altura, já não conseguia aproveitar nada, e só queria acabar com tudo aquilo e ir dormir.

Foi como em um sonho leve e translúcido que entrei com meu vestido azul no salão espaçoso e valsei, passando dos braços de um tio para um primo, um colega, até meu pai e meu irmão. Todos usavam ternos que me pareciam iguais, e mal reconhecia seus rostos, pois passavam tão depressa, apesar da dança ser lenta e cansativa. Só me lembro da face distante de minha mãe, chorando copiosamente em uma espécie de altar, ao lado do bolo rosa e branco de três andares. Comecei a ter sentimentos melancólicos, como se eu ou ao menos alguma parte de mim estivesse prestes a morrer naquela noite.

E então vi Samanta. Muito séria, era a única que eu podia distinguir no meio dos convidados. Quando notei seu rosto pálido e grave, tive certeza de que algo horrível estava para acontecer. Algo horrível havia sido despertado naquela festa, terminando de vez com a minha alegria por estar ali, comemorando meus quinze anos. E a culpa era toda de Samanta.

Agora só faltava o vídeo de dez minutos com três músicas de trilha sonora para mostrar todas as fotos minhas que cabiam na tela. Antes minha mãe e minhas tias fizeram, cada uma, um discurso emocionado que me parecia tão eterno quanto a morte. Pelo canto do olho, percebia que Samanta não tirava os olhos de mim, como se esperasse alguma desgraça.

Enquanto as fotos da minha infância feliz passavam uma a uma aos olhos de quem quisesse (ou não) ver, eu meditava sobre as razões de todo o empenho daquela garota perturbada em atrapalhar a minha festa. Pensava que era pura paranoia dela, mas a expressão fixa de seu olhar aos poucos começou a me inspirar uma ideia um tanto sádica.

Samanta tinha inveja de mim. Invejava minha família dedicada, minha mãe diplomática, minha festa meticulosamente planejada. Sobretudo, o que ela não suportava era ver a atenção e afeto com que me cercavam, principalmente naquela noite. Podia pensar que estivesse me fazendo um bem, me “salvando” de uma maldição, entretanto, o que realmente almejava era ver tudo dar errado para mim. E ela faria com que desse errado, de uma forma ou outra, assim como havia conseguido entrar em uma festa daquelas sem convite.

A percepção da inveja me levou a tomar a decisão que estraçalhou o resto de infância que havia em mim. Quando o vídeo terminou, me entregaram o microfone para os últimos agradecimentos, e não hesitei. Meus olhos se estreitaram maldosamente por uma fração de segundo; então agradeci por todas aquelas frescuras e reafirmei o amor eterno enquanto dure que sentia por todos ali presentes. Depois...

- Gostaria de pedir a compreensão de vocês no seguinte sentido. Eu me sinto muito privilegiada tendo essa festa com tantas pessoas queridas. Mas tenho uma amiga aqui, a Samanta, que nunca teve essa chance. É, ela nunca teve uma festa de aniversário, acreditam? – um gemido geral de piedade ecoou pelo salão – Por isso, eu queria pedir que esse “Parabéns” fosse cantado para ela, e não para mim.

Minha mãe fez uma cara de quem começou a sentir as dores do parto. Minhas tias se dividiam entre um assombro educado e indignado. Mas a maioria das pessoas aceitou numa boa, e já emendaram o “Parabéns”, loucas para comer bolo e voltar para a boate. Quase todos os meus colegas só notaram a presença de Samanta naquele momento, e ela, em pânico, foi gentilmente arrastada e empurrada para o meu lado.

- É Samanta o nome dela, tá? Sa-man-ta – repeti, só para ficar bem claro, enquanto prendia o riso.

E assim foi. Samanta recebeu o “Parabéns” que seus pais tanto haviam se esforçado para evitar, entoado por nada menos que duzentos e cinquenta convidados. Perdi o meu, mas não fazia tanta diferença depois de toda aquela festa, e ainda por cima todos passariam semanas louvando minha santificada generosidade. Algo me dizia que aquela noite estava longe de acabar.

Assim que terminamos de cantar os Parabéns, Samanta desceu do altar do bolo, e todos pudemos ver que chorava desesperadamente enquanto corria para o banheiro.

- Coitada, não aguentou a emoção – lamentei hipocritamente, enquanto pegava uma faca para tirar o primeiro pedaço.

Felizmente, a festa já estava quase acabando. Senti-me aliviada por fazer quinze anos apenas uma vez na vida, enquanto ria de mim mesma por ter acreditado naquela ridícula história de maldição. Quando percebi, só restávamos eu, mamãe, minhas tias e a promoter responsável pela festa. Fomos todas ao banheiro para que eu pudesse tirar toda a roupa de princesa e descansar um pouco. Mas nenhuma de nós descansou naquela noite, ou nas próximas que se seguiram.

O banheiro tinha apenas duas cabines, além de uma outra que só tinha um chuveiro. Uma delas estava trancada por dentro, o que era estranho, já que os convidados haviam ido embora. Minha mãe bateu na porta e perguntou se estava tudo bem. Como não houve resposta, ajoelhei-me no chão e espiei pelo vão entre a porta da cabine e o solo.

Vi muito bem a maldita Samanta ajoelhada, voltada para o vaso sanitário. Suas botas e o sobretudo eram inconfundíveis; felizmente a cabine era espaçosa, destinada a deficientes físicos, e consegui me esgueirar pelo vão para entrar e falar com a maluca. Eu jamais invadiria tanto a privacidade de alguém, mas já estava desesperada para me livrar dela. Nem tentei evitar o desastre de esfregar no chão o lindo vestido azul alugado.

Levantei-me, desajeitada e furiosa, dividindo com Samanta o banheiro de deficientes, na intenção de lhe passar uma boa descompostura. Contudo, estranhei a posição em que ela estava. A impressão que tive era de que estivera vomitando no vaso, ajoelhada com os braços em torno dele. O pescoço, entretanto, inclinava-se em um ângulo inusitado, e terminei percebendo que sua cabeça estava literalmente enfiada na privada.

Quase sem respirar, ergui a mão hesitante, pensando se deveria tocar-lhe o ombro, chamá-la. Tomava consciência das vozes curiosas do outro lado da porta, mas nada conseguia responder. Sussurrei o nome de Samanta, mas talvez tenha apenas imaginado o som da minha voz. Desejei não estar trancada a sós ali com ela, mas antes de destrancar a cabine eu precisava tirá-la daquela postura constrangedora.

Para terminar de vez com aquilo, de uma só vez agarrei o pescoço de Samanta com as duas mãos e a puxei para trás. Seu corpo inerte rolou sobre meus pés, e desde essa noite venho tentando esquecer a visão de seu rosto. Inchado, com os olhos claros dilatados e manchados de vermelho, tinha a expressão faminta e apavorada de quem viu o Diabo em pessoa. Pelo jeito, naquela noite, os demônios tiveram alguém a quem entregar o seu presente de aniversário.

Tema: Lendas Urbanas. Colegas, desculpem o texto muito longo e pouco revisado, eu queria ter feito algo mais legal mas não deu. Não podia perder esse desafio, já fiquei viciada rsrs. Obrigada pela paciência!

Virginia Barros
Enviado por Virginia Barros em 11/02/2015
Código do texto: T5133051
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