Sugestão maligna
A voz começou a perturba-lo ainda na madrugada. Ele observou a esposa adormecida e se aproximou com ímpetos de estrangula-la. Em poucos momentos ele se livraria daquele casamento que o tornara escravo. Já não sentia amor pela mulher há muito tempo. Amava outra. A criança chorou no quarto ao lado e isso o tirou do transe. Enquanto fumava um cigarro na sala, escutava a esposa acalmando o filho. Durante o expediente de trabalho ele continuou ouvindo incessantemente a voz, e antes que terminasse o seu turno voltou para casa. A mulher ensaboava os cabelos embaixo do chuveiro enquanto cantava uma antiga canção de ninar. Estava feliz. Soubera naquele dia que seria mãe novamente. Sempre sonhara em ter muitos filhos. Uma família grande. Imaginava a alegria do marido ao saber que seria pai outra vez. Antevia a sua expressão de contentamento. A porta do banheiro se abriu abruptamente. A mulher gritou quando sentiu os primeiros golpes de faca. Teve todo o corpo retalhado, exceto a barriga que ela protegeu durante o ataque.Enquanto a vida ia se esvaindo ela tentava entender o que fizera de errado. Por que havia tanto ódio no olhar do homem que ela amava. “Agora mate a criança. Não a deixe viva.” - A voz sussurrou em seu ouvido. - O garotinho sorriu inocente para o pai ao vê-lo se aproximar do berço. O homem olhou para o filho por alguns minutos. Nenhum sentimento o dominava nesse momento. Somente a vontade de matar. Segurou o corpinho da criança e decepou lhe a cabeça.
Não muito longe dali, a porta de um quarto se abriu. A anciã com um sorriso doce se aproximou da neta e sussurrou em seu ouvido: _ Está feito. Ele agora é todo seu.