SINOPSE MACABRA

Imaginei um enredo para um conto policial que eu queria escrever. Nesse conto um sujeito muito importante mata uma pessoa sem querer e com medo de ser preso e condenado esconde o cadáver. Mas seu crime é descoberto por alguém que começa a chantageá-lo. Em princípio ele paga, mas depois a chantagem começa a ficar cada vez mais cara e ele resolve matar o chantagista. Mata, mas o seu crime é descoberto por dois investigadores que também começam a chantageá-lo. Logo o silêncio dos caras começa a se tornar tão caro que ele chega á conclusão que encomendar a morte dos dois policiais fica mais barato. É o que ele faz. Mas os bandidos que ele contratou para matar os policiais também começam a fazer chantagem com ele. A coisa vai se avolumando até que o ricaço chega á conclusão que teria sido bem mais barato e menos doloroso se ele tivesse enfrentado a justiça no primeiro crime. Só que não dá mais para voltar atrás e ele continua cometendo crime atrás de crime, sempre com a intenção de esconder os anteriores. Até que chega á conclusão que a única morte que pode quebrar essa corrente macabra é a dele.
Comecei a escrever o conto e á medida que fui desenvolvendo a trama notei que ao invés de escrever um conto policial ele estava se transformando mesmo é numa história de terror, na qual um sujeito, em principio ingênuo e sem maldade, acaba se transformando em um serial killer sem o menor escrúpulo só pelo medo de ser honesto e enfrentar as consequências de um erro cometido.
Dai pensei que descontadas as diferenças de roteiro e de forma de atuação, a história de Lula e Dilma bem que poderia servir de inspiração para um conto assim. Pois é o que eles tem feito desde o começo de suas carreiras. Tomaram dinheiro de empreiteiros para financiar suas eleições e se tornaram reféns deles. Claro que sabiam do apetite insaciável que esse tipo de gente tem. E que teriam que fechar os olhos para o superfaturamento dos contratos que eles teriam que conceder para eles em troca da grana que eles deram para comprar eleitores e depois políticos para compor a base aliada. E que depois teriam que lotear a máquina pública entre os políticos para que estes ficassem de boca calada e olhos fechados para não ver nem falar nada sobre as falcatruas que os amigos do Lula e da Dilma andaram fazendo pelo país afora. Um crime puxa outro. Para encobrir o mal feito torna-se necessário outros mal feitos, cada um mais grave do que o anterior. E assim, o mar de lama vai aumentando até o desastre final, quando seja qual for o tamanho do crime, não dá mais para esconder. Tudo isso dá uma sinopse bem macabra. O único problema é se trata de uma história real.

Senão vejamos. Já tivemos o Mensalão. Agora vem o Petrolão. Quanta gente o PT teve que comprar, até agora, para encobrir tanta falcatrua? A eleição do deputado Eduardo Cunha, representante do grupo mais chantagista que existe no PMDB vai custar muito caro para a Dilma e para o Lula. Esses caras não vão se contentar só com verbas parlamentares e cargos de segundo ou terceiro escalão. Por isso já estão começando as ameaças. Por outro lado, os empreiteiros que estão na cadeia não estão a fim de ”pagar o pato” sozinhos. Nem os executivos da Petrobrás, que não armaram esse esquema criminoso por própria contra e risco, vão ficar quietos para sempre. Eles já estão incomodados pelo fato de eles estarem na cadeia e os políticos, que são os principais beneficiários dos assaltos aos cofres públicos que o governo Lula/ Dilma permitiram, estarem soltos. Já, já, vão soltar a língua. Aí vai ser um salve-se quem puder. Não é toa que alguém até já encomendou ao jurista Ives Gandra um parecer sobre o impeachment da Dilma. Se tudo isso não é chantagem da grossa, então eu não sei o que é.
Antigamente era difícil pegar os chefões, como dizia o Mário Puzzo, autor do romance “O Poderoso Chefão”, que conta a história de uma família de mafiosos nos Estados Unidos. Isso porque eles montavam seus esquemas criminosos de forma tal que seus “capos”, ou seja, os operadores do esquema, eram pessoas tão leais a ponto de sacrificar a própria vida para não entregar seus Dons. Mas como dizia Don Corleone, o chefão da família protagonista do romance, a “família” comprava juízes, advogados, políticos e banqueiros para sustentar os seus negócios sujos, mas nunca deixava que eles fizessem parte da “família”, isso é, que conhecessem o negócio por dentro. Eles sabiam que em banqueiros e políticos, principalmente, não se deve confiar.
Até que ponto os “chefões Lula /Dilma” vão aguentar sustentar essa “família” de mafiosos que a incomPTencia (ou será PTfaria ?) deles  deixou proliferar, não se sabe. O problema é que quem paga tudo isso somos nós. Na Itália a Operação “Mãos Limpas” desbaratou a Máfia que controlava boa parte da economia italiana. Mas isso levou mais de vinte anos de investigações, processos, denúncias premiadas, traições e defecções nos quadros das “famílias”. Aqui esse processo apenas começou. Só espero que não fique pelo caminho, como tantos outros que terminaram em pizza.  E que não dure tanto tempo, porque, cá entre nós, é tão fácil esquecer.