Perdida

Quando ela se senta ao meu lado posso sentir seu perfume, que parece ser francês. É minha namorada da escola. Só que ela não sabe.

Sorri. Sorri para mim! Com certeza ela me ama. Vive me mostrando isso. Tenho que contar, tenho que contar que também gosto dela. Que a amo. Mas, não posso... Tenho medo. Preciso falar, prometi a mim mesmo que falaria, eu prometi...

Uma colega a chama. Logo agora que eu ia falar! Respiro fundo. Não, da próxima vez que ela chegar perto eu cochicho em seu ouvido. Ou mando um bilhete? Ah, eu não sei! As duas olham para mim e dão uma risadinha. O que será que estão falando? Tô ficando vermelho? Ai meu Deus, ai meu Deus, o que eu faço? Ah, Fernanda... Você é tão linda!

As aulas passam. Fico a manhã inteira tentando falar com ela. Senão revelar o que eu sinto, pelo menos conversar. Nada. Não tenho coragem e na única vez que consegui tentar acabei tropeçando. Todo mundo riu de mim.

CHEGA!

Preciso falar com ela. Eu preciso... Todos vão arrumando suas coisas e estão saindo, eu nem comecei. Fernanda também está se atrasando. Estamos sozinhos na sala. Preciso ir, preciso ir, eu... Levanto. Surpreso com minha própria coragem, marcho até ela. Vou falar, vou falar, eu... Ouço um tiro.

Escuridão.