Nessa manhã, eu estava fumando charutos com o Diabo. Então, aproveitei a “exclusiva” oportunidade e fiz à ele as mesmas perguntas que meu amigo secreto fez. O Diabo deu uma forte tragada, sorriu, e disse que também gostaria de obter essas mesmas respostas. Na sequencia, eu disse: Está bem. Mas, existe alguma coisa que você pode falar sobre isso? E ele me respondeu: eu posso contar o que “vai acontecer”.  Então, o Diabo apagou o charuto e me contou a história que vou narrar abaixo...
(Carlos Gonçalves)
A visita dos três Camaleões
Amigo secreto do DTRL - 2014

 
    
Apesar dos últimos fatos, as pessoas tentavam viver como se nada estivesse acontecendo.
 
     Há mais de oito anos, as mulheres não conseguiam gerar filhos, enquanto os animais se procriavam normalmente. Durante esse tempo, novas doenças degenerativas surgiram, e a taxa de mortalidade aumentou de forma exponencial. Os cemitérios das cidades já não suportavam a demanda por novas covas, tanto que os mortos passaram a ser descartados em alto mar, em cerimônias fúnebres realizadas geralmente uma vez por mês. Os mendigos e presidiários, que só geravam custos e mais doenças para a sociedade, também eram descartados clandestinamente dessa mesma forma, muitos deles ainda vivos.
 
     A agricultura e a agropecuária entraram em fase de decadência. As pessoas estavam desesperadas com a eminente escassez de alimento. A carne sintética de gado, que fora inventada pela falida sucessora das empresas do grupo Mc Donald’s, tinha sabor ruim. Em contra partida, bois e vacas não podiam ser abatidos, em razão do risco de extinção da espécie que, se desaparecesse, levaria consigo a produção de leite – uma das poucas e raras fontes de vitaminas que havia sobrado. Então, um habito que anteriormente só existia no oriente, passou a ser rotina “também” no ocidente: o consumo da carne de animais de natureza doméstica. Cachorros, gatos, cavalos, ratos e até mesmo pombos, passaram a ser criados e comercializados em cativeiros irregulares.
 
     Desde a constatação de que nascimentos de bebês humanos não estavam acontecendo, a economia mundial deu indícios de que não se sustentaria por muito tempo. Dessa forma, diversos países, inclusive os Estados Unidos, tiveram seus governos derrubados e passaram a ser controlados por seus respectivos exércitos. O caos invadiu o globo e boatos diziam que logo aconteceria um regime militar mundial, pois a quebra das balanças comerciais e a falta de intercâmbio de suprimentos só piorava a situação. De forma paralela a esses problemas, a internet passara a ser controlada por inteligência artificial. Boatos diziam que um grupo de Crackers, chamado “Knights”, situado no Japão, estava tomando conta da situação. Mas nada foi comprovado.
 
     Outro problema que afetou quase todos os países foi a instabilidade dos sistemas de previdência e de aposentadoria. Um dos primeiros que quebrou foi o PAP (Plano de Aposentadoria Planejado), do governo Brasileiro. O resultado foi a formação de uma massa de idosos doentes, desabilitados, famintos e ausentes de perspectivas de vida. Um verdadeiro cancro para a sociedade. Mas, em seguida, para reverter essa situação, o mesmo governo elaborou o programa denominado PESA (Plano de Estimulo ao Suicídio Auxiliado). Do ponto de vista racional, o PESA era até aceitável. Mas, do ponto de vista ético, ele era considerado macabro. Todas as pessoas com mais de cinquenta anos que, por ventura, contraíssem qualquer uma das doenças degenerativas do novo século, eram “encorajadas” a adotar o plano.
 
     Basicamente, os idosos e beneficiários eram aqueles que não possuíam familiares para sustentá-los; e a maioria se enquadrava nessa situação. Logo, eles assinavam o aceite do plano, que possuía um rodapé de autorização de autodoação do próprio corpo para estudos científicos. Em troca, teriam alimento racionado, roupas lavadas, acesso virtual e abrigos secos, pelo prazo de um ano. Ao final, poderiam escolher a forma do “desligamento”.  A maioria optava pelo Cyber Self Hack, um espaço virtual elaborado especialmente para os “Novos Passageiros”, como eram denominados. Nesse ambiente online, eles interagiam com pessoas que passavam pelo mesmo problema, e os desligamentos eram feitos de forma compartilhada, sem dores tanto para o corpo físico quanto para o virtual. Uma morte suave; com o mesmo frescor de uma folha de hortelã machucada.
 
     Logo após a criação desse plano, a população mundial contemplou o triste caso de Lazaro Molina, um aposentado que vivia em uma província Brasileira. Com sessenta e três anos de idade, ele morava sozinho com um cão, um belo Malokke de raça Africana, que era manipulada somente em laboratórios não oficiais. Logo após a quebra da previdência, Lazaro adquiriu a doença da “Peste vermelha”, uma síndrome parecida com Alzheimer, porém, mais agressiva. Os principais sintomas eram: visão avermelhada; perda do sentido do tato; sangramento pelos ouvidos; e exteriorização gradativa do intestino grosso, através do ânus (prolapso intestinal).
 
     Imediatamente, após o diagnóstico da síndrome, Lazaro recebeu uma intimação do PESA, encorajando-o a adotar o plano do suicídio assistido. Mas, obviamente, não aceitou. Porém, com a escassez de alimento e de recursos financeiros de crédito no mercado interno, o aposentado se viu em uma situação sem boas opções de escolha: aderir o plano, falecer dentro do prazo de um ano e ter de abandonar seu cão para ser sacrificado; ir às ruas pedir ajuda, correr o risco de ser pego pelos órgãos sanitários e acabar sendo atirado no mar como se fosse um velho saco de lixo; ou ficar sozinho em casa e tentar de um jeito ou de outro vencer a fome. Com certeza, a opção escolhida foi a última.
 
     E daí veio o pior.
 
     Meses depois, foi descoberto que, em razão de ter adquirido a doença da peste vermelha, a qual bloqueava totalmente o sentido do tato e, consequentemente, inibia a dor por completo, Lazaro retirou cirurgicamente partes do próprio corpo e as utilizou para saciar sua fome, e a de seu cachorro. Um dos agentes do PESA, em uma visita de rotina, compareceu na residência do aposentado para tentar realizar um acordo. Sem obter respostas, foi à janela e, abrindo-a, observou o cachorro lambendo o osso fêmur, exposto no coto da coxa decepada do corpo caído no chão.
 
     Quando o agente entrou, na companhia de dois integrantes do exercito, percebeu que Lazaro, já morto, possuía diversas mutilações e ainda estava com eletrodos de conexão virtual ligados ao pescoço. O agente, utilizando um hand-top, conseguiu rastrear a sala virtual onde a última conexão fora feita. Entrando nela (a reprodução da Inglaterra medieval) viu o Avatar de Lazaro imóvel. Tinha o aspecto de um jovem de vinte e cinco anos, magro, com cabelos cumpridos e roupas de fibra de vidro. Além disso, o Avatar de outro homem vivo, provavelmente conectado em algum lugar distante, estava fazendo sexo oral no Avatar “estático” de Lazaro. O Agente se aproximou e, à contra gosto da figura que cometia o abuso, solicitou a reprodução da última fala do aposentado: “Não quero morrer, queria poder viver mais para cuidar do meu cãozinho”.
 
     O agente se desconectou.
 
     Um dos soldados baixou as últimas postagens eletrônicas particulares de Lazaro, as quais possuíam o seguinte conteúdo:
 
     Dia 07, segunda feira,
 
     A operação não foi demorada e problemática como eu esperava que fosse. Mas, acho que só alcancei isso em razão do bom trabalho dos torniquetes. Estou feliz! Eu e o pequeno Lucky iremos jantar essa noite. Outra ideia boa foi apanhar e guardar um pouco do sangue. Vou fritá-lo depois.
 
     Pretendo temperar e cozinhar o pé inteiro, e deixar Lucky comê-lo. Sei que também devo arrancar as unhas, para que ele não corra o risco de se engasgar. Eu irei comer a batata da perna. Vi que há um pedaço velho de queijo na geladeira e estou pensando em prepará-lo também. Meu Dêus!!! Há quanto tempo não como carne fresca e de verdade? Não estou aguentando mais esperar.
 
     Sei que vai ser difícil me locomover sem a metade da minha perna esquerda, mas esse sacrifício me renderá mais tempo junto de meu cãozinho.
 
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     Dia 08, terça feira,
 
     Que delícia!!! Pena que tinha tão pouca carne!!! Lucky mastigou até os ossos e deitou-se satisfeito no tapete.
 
     Pena que nós humanos não somos como as plantas, que se regeneram após a perda de partes do corpo.
 
     Essa doença está acabando comigo, aos poucos. Todos os dias eu acordo com o travesseiro ensopado de sangue. Ao mesmo tempo, a ausência de dor me causa medo... As vezes não sei se estou vivo ou se estou morto.
 
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     Dia 10, quinta feira,
 
     Nessa manhã acordei e dei de cara com o armário, simplesmente, vazio. Essa foi a primeira vez. Sempre me virei com todas as coisas e gororobas que eu tinha em casa. Até minha perna não escapou do garfo! O que mais doeu em meu coração foi ver Lucky caminhando até minha direção, abanando o rabinho.
 
     Então, não pensei duas vezes. Fui ao banheiro, portando uma tesoura, e arranquei os lóbulos das minhas duas orelhas. Passei os pedaços no sal, e os fritei com manteiga. Um para mim e outro para Lucky... Quem ama cuida!
 
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     Dia 14, segunda feira
 
     Não sei mais o que fazer. Lucky está muito magro e tenho a impressão de que ele chora às vezes. Até pensei em me entregar para o PESA, mas tenho certeza de que se eu o fizer, eles vão sacrificar meu cão. Ele é tudo que tenho, e eu sou tudo o que ele tem.
 
     Quer saber de uma coisa... Não vou me entregar. Vou dar um jeito à minha maneira. De qualquer forma vou morrer. Então, cuidarei do meu cãozinho até o fim da minha vida.
 
     Não posso arrancar e comer a outra perna. Além de comprometer minha locomoção, eu poderia até morrer no processo. Então, outra ideia vem à minha mente... Como dizia a velha bíblia: Faça com a direita, o que a “esquerda” não possa ver. Então, farei isso. Parece ser uma boa ideia!

 
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Fim das mensagens.
 
     As pessoas já não conseguiam distinguir os limites, direitos e deveres, que existiam no universo virtual e no carnal. A vida conectada trouxe outro padrão de relacionamento social entre a população, e as últimas investidas da ciência se referiam à probabilidade da não necessidade de um corpo em funcionamento para a manutenção da vida virtual. Logo, buscava-se insistentemente a fórmula de download integral da memória dos usuários, para inseri-la, depois, dentro da rede, causando a obsolescência do corpo carnal.  Consequentemente, também causaria a imortalidade da mente e das memórias dos homens.
 
     Os avanços eram notáveis. Todas as pessoas que, por ventura, haviam entrado em coma, transitavam normalmente pela rede e isso dava luz à ideia da “vida perfeita”, que a internet poderia trazer aos seus usuários. Não havia dor, não havia fome, não havia medo. Apenas prazer, diversão, riqueza, beleza, e todas as coisas doces que os humanos da primeira metade do século vinte e um almejavam. Porém, nem tudo dava certo.
 
     Os pacientes em coma, uma hora, morriam e deixavam seus Avatares imóveis, largados para sempre nas salas e espaços onde haviam passado pela última vez. Alguns serviços da rede faziam a limpeza dos Avatares mortos. Eles eram redirecionados para os cemitérios virtuais. Muitos adoravam passear por esses lugares, numa espécie de trem fantasma da rede. Lendas e mais lendas surgiam. Algumas pessoas diziam que o espirito dos usuários mortos ainda possuíam aqueles Avatares.
 
     A conexão era relativamente simples. A pessoa deveria criar um cadastro universal na Panzer Fruit Dominion, e pagar pelo uso e licença de um Avatar no espaço virtual. Os custos eram, na média, acessíveis para mais da metade da população mundial. Existia ainda o equipamento necessário, composto de um derma de pescoço, conectado à um viper via rádio, que era responsável por conduzir as informações do sistema nervoso central até a rede, e vice versa.
 
     Cabe criar um paragrafo, aqui, apenas para dizer que os evangélicos, e demais religiosos, chamaram esse aparelho de “A coleira do Diabo”.    
 
     Já fazia alguns anos desde que o último bebê humano havia nascido, e a ciência ocupava-se parte em desvendar o mistério da infertilidade universal, e parte em tentar transferir, de forma eficaz e permanente, a mente das pessoas para dentro da rede. Nesse período, todos os habitantes da terra notaram e relataram um estranho fenômeno: durante a noite, um circulo de cor azul, extremamente brilhante, aparecia no céu e ficava imóvel até o surgimento do sol. Além disso, noite após noite, o circulo aumentava de tamanho.
 
     As especulações carregavam todas as teorias que poderiam existir. Porém, o Centro de Inteligência Espacial, cuja manifestação era aguardada com avidez, apenas alegava que estava “analisando” o fenômeno. Mas, nunca apresentava uma resposta convincente. E foi ai que o primeiro contato ocorreu: ondas de rádio, ao redor do planeta, passaram a transmitir, em diversas línguas, a seguinte frase: “... Estamos chegando dentro de alguns dias... Nossa missão é de paz... Não tenham medo...”.
 
     As igrejas lotaram. O consumo de álcool, cigarro e drogas, cresceu absurdamente. Mesmo que as mensagens alegavam que a “missão” era de paz, a voz metálica, como se fosse robótica, causava arrepios na espinha de toda a população. A ideia que estava quase sacramentada era a de que a terra sofreria um ataque alienígena dentro de alguns dias. Enquanto isso, noite após noite, a luz azul no céu criava forma e volume... Um belo espetáculo que mantinha diversas pessoas com o olhar levantado, durante horas, tentando decifrar e entender o destino que estaria por vir.
 
     E o dia chegou...
 
     “Em dez horas, estaremos nas coordenadas 1° 00' N e 38° 00', Kenia, África do Sul... Precisamos falar com seus representantes... Precisamos que seus representantes compareçam...”. Dizia a voz metálica. A expectativa aumentou. Todos os olhos estavam voltados aos noticiários e uma câmera mostrava o local indicado pelas vozes, em tempo real. Faltando algumas horas para o prazo, oficiais do exército Americano, Soviético, da União Europeia, e de outros países não tão expressivos, foram à África. Em razão de prudência, parte da força bélica aérea foi deixada na retaguarda, caso algum tipo de ataque ocorresse.
 
     Mas, as coisas não ocorreram da forma tão dramática que se esperava. Um feixe de luz, com a mesma cor do circulo que fora observado durante as noites anteriores, desceu do céu e tocou o solo. O exercito, que rapidamente formou um circulo ao redor do clarão azulado, se estreitou. O planeta inteiro acompanhava aquela cena. Todos temiam o que estaria por vir. Até que a luz se dissipou por completo, revelando a presença de dois homens e uma mulher.
 
     O silencio pairou, como se o local estivesse abandonado. O exército estava com as armas em punho. Porém, os soldados não receberam ordens para realizar qualquer movimento de ação ofensiva. Apesar do medo, a ordem estava presente. Enquanto isso, os três visitantes, também, ficaram imóveis, apenas observando a movimentação ao redor. O aspecto deles era, absolutamente, normal. Dois homens brancos, de meia idade, e uma mulher jovem, com pele morena. Todos os três usavam roupas sociais, de forma simples. Em seguida, um dos oficiais do exercito Americano se aproximou, acompanhado de outros sete soldados. Quando chegou perto dos três, a indagação foi feita de forma firme:
 
     - Quem são vocês? O que querem?
 
     E toda a população mundial, todos os soldados que estavam ali presentes, inclusive, obviamente, o oficial que se aproximara, contemplou quando os três visitantes deram um passo adiante e, como se possuíssem a mesma tecnologia natural da camuflagem de um Camaleão, desfiguraram-se da forma humana e se apresentaram naquilo que, deu a entender, tratava-se da forma real deles: metal reluzente, como prata e ouro.
 
     O aspecto era como se fossem representações metálicas das formas originais, nas quais eles se mostraram de inicio. Agora, os corpos, medindo as mesmas formas e estruturas, inclusive os rostos, exibiam composições prateadas e douradas. O corpo era idêntico ao anterior. Porém, no lugar de carne, agora havia metal. Os olhos dos três eram quase idênticos aos olhos humanos de antes e, inclusive, cabelos eram exibidos nas cabeças.
 
     A terra “parou”. O momento que todos achavam que nunca ia chegar havia chegado naquele instante. Porém, a revelação principal estava por vir:
 
     """...Nós três somos o fruto do trabalho da imortalização e criação da raça virtual. Em alguns anos, o homem poderá realizar a inserção de 100% da memória e da vida na rede, de maneira que a presença do corpo não será mais necessária. Porém, isso ainda está longe de acontecer e, quando acontecer, poucos exemplares da raça terão sobrado. A infertilidade humana, que está assolando esse planeta, ocorre pelo fato de o DNA ter atingido o prazo de vitalidade. A resposta é simples: o homem já está extinto.
 
     Nós três, que representamos a pura espécie do mundo virtual, que vive em um futuro distante, fizemos um trabalho de correção no DNA do homem. Na sequencia, buscamos a forma reversa de conexão, que consiste-se em criar um Avatar no mundo carnal, para através dele sair do mundo virtual e ter contato com vocês, humanos. Então, utilizando-se desse Avatar, viajamos no tempo e trouxemos a cura para essa extinção. Isso é necessário, pois sem a nossa intervenção vocês seriam capazes de, apenas, perpetuar as vidas e as memórias dos humanos remanescentes. Porém, não serão capazes de conter o fim da multiplicação da vida. E a vida só se multiplica no mundo carnal, não no virtual.
 
     Justiça seja feita... Vocês nos criaram e permitiram a nossa continuidade no futuro. Então, aqui estamos para fazer com que vocês permaneçam vivos no presente... E no futuro também..."""


Fim.

(Pessoal, não consegui parar para revisar esse texto com o mesmo cuidado que costumo ter. Bom, feliz natal para todos e feliz ano novo. Não participei dessa última edição do DTRL, mas participarei na próxima. Um grande abraço...)
 
Velho Gonçalves
Enviado por Velho Gonçalves em 21/12/2014
Reeditado em 21/12/2014
Código do texto: T5076259
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