Lea
Ela é linda, ela é motivo de inveja de todas as outras garotas do bairro... ela é perfeita como uma Barbie. Seu corpo parece ter sido moldado por um artista inspirado, suas feições são angelicais, olhos de gazela, longos cabelos até a cintura, macios e sedosos... ela é linda, ela é o sonho de consumo de todos os garotos do bairro, os homem param na rua para vê-la passar com suas sandálias de salto alto e seu vestido esvoaçante... linda...
Lea vai até a cozinha e tira da gaveta a mais afiada faca para churrasco de seu pai. Seu pai que a despreza, seu pai que não a aceita, diz que não a criou para isso... sua mãe é mais doce, mas Lea sabe que a despeito de toda a sua beleza também a decepcionou, não é o que sua mãe sonhou... munida da faca Lea entra no banheiro. Encara-se no espelho. Seu rosto de boneca, seu corpo de princesa não passam de uma montagem, de uma mentira... ela nunca será o que aparenta ser. Ela não quer mais continuar vivendo assim... ergue o delicado vestido de florzinhas e com um gesto único amputa seu pênis com a faca de churrasco. O resto foram gritos de dor e um mar de sangue no banheiro... Lea sangra até a morte... nunca será mulher, nunca será homem, mas agora também nunca mais vai sofrer... é assim que seus pais a encontram quando chegam em casa.
Porque eles tinham vergonha do filho transexual.