O Doce E Macabro Segredo De Anna - O Beijo No Cemitério

O primeiro beijo de Anna foi do jeito que ela sempre sonhara; doce, molhado e muito, muito gostoso... lentamente ela se deitou sobre a pedra do túmulo, e sentiu o peso do corpo de Inácio sobre o dela. A garota ouvia a música tocando e lembrava de tudo quanto suas amigas da escola contavam sobre beijos e garotos e amassos. Ah, mas era muito melhor do que elas descreviam, muito melhor...

Inácio tinha um cheiro bom, que estranho, um cheiro que lembrava os incensos de rosa que ela costuma acender em seu quarto, para chamar o amor...

Inácio sentiu um desejo tão forte que teve medo de se descontrolar... ergueu-se sobre os cotovelos e a contemplou. Anna sorriu e o acariciou ternamente no rosto, sentindo a calcinha toda molhada de desejo e a ereção dele contra seu ventre.

- Nossa, Inácio... nunca pensei que o meu primeiro beijo fosse acontecer no cemitério!

Ele a olhava meio sem graça. Sentou-se na beira do túmulo.

- Perdão Anna, se me excedi... mas é que a senhorita... quer dizer, você... não imagina o que é passar 150 anos sem... sem...

Ela segurou a mão dele.

- Sem beijar? - completou.

- Também. - ele respondeu, ajeitando o laço que usava no pescoço. - Não quero ser abusado...

Agora o celular tocava Green Day, Boulevard OF f Broken Dreams. Inácio começou a prestar atenção.

- Bonita música. - comentou.

- É, eu adoro. - Anna sentou-se ao lado dele e o rapaz passou o braço em volta dela. Roçaram os lábios de leve. - Inácio, eu te amo...

- Eu também te amo...

Anna consultou as horas.

- Nossa, já é tarde! Tenho de ir pra casa... - olhou para Inácio e sentiu um aperto no coração. - Ai, Inácio, é duro demais ter que ir pra casa e deixar você aqui...

Ele sorriu.

- Ah, não se preocupe com isso... não sou a única alma penada que mora aqui. - tomou as mãos da garota e beijou-as. - Você virá morar aqui perto mais rápido do que imagina. Seu pai está procurando uma casa para comprar, não é?

Anna arregalou os olhos.

- Como você sabe disso?

Ele tocou de leve na fronte dela.

- Eu posso ler seus pensamentos. Então, existe uma casa à venda do outro lado da rua, vou fazer com que seu pai a compre...

- Nossa, vai ser maravilhoso! - disse Anna com entusiasmo. - Aí a gente vai poder se ver todo dia!

- Exato... - ambos se levantaram. - Eu a acompanho até a saída.

O casal andou abraçado até o portão de ferro que se queixava com seu eterno rangido. Trocaram um leve beijo. Inácio sorria.

- Depois você me conta com detalhes tudo o que eu perdi nesses 150 anos? - ele pediu.

- Ah, sim... - ela respondeu... - Assim você me ajuda a revisar o conteúdo de História! Olha Inácio, depois que você morreu a escravatura foi abolida, o Brasil passou a ser um país republicano, o Titanic afundou, aconteceram duas guerras mundiais... nossa, quanta coisa!

Inácio fez um gesto de espanto.

- Os escravos foram abolidos? E a monarquia? Meu Deus... agora vá que é tarde, e amanhã peça ao seu pai, e ele comprará a casa, Boa noite, meu amor!

_ Boa noite, meu amor... - respondeu Anna, e ele já se desvanecera no ar. Ela correu para o táxi e rumou para casa, meio tonta com tudo aquilo, mas muito feliz. Enquanto isso, Inácio foi conversar com a Pomba Gira que administrava aquele cemitério...