A VIDA, A MORTE E A LEI DE MURPHY
Aquele jantar já estava na agenda há bastante tempo. Era o aniversário de casamento dos melhores amigos de João e Márcia. Amigos há mais de quarenta anos. Eles haviam sido os padrinhos. Suas famílias cresceram juntas, e havia mesmo quem dissesse que as famílias dos dois casais constituíam a “igrejinha” mais forte do bairro.
No entanto, Márcia se surpreendeu com a decisão de João, tomada ás seis horas da tarde, quando ela começava a se arrumar para o jantar.
─ Não me sinto bem ─ disse ele. ─ Sei, lá. Acho que tive uma queda de pressão.
─ Tomou seu remédio hoje? ─ perguntou Márcia. Ela sabia que ele tinha problema de pressão. Afinal, já estava chegando aos setenta.
─ Tomei. Mas não é isso ─ disse João. ─ É uma sensação esquisita. Um mal estar, uma coisa assim, como se a minha energia vital tivesse diminuído. Sinto-me completamente sem vontade de sair. ─ Você se importa se eu não for?
─ Eu não ─ respondeu Márcia. ─ Quem vai ficar chateado são o Mário e a Alice. Afinal, é o aniversário de casamento deles e o melhor amigo não vai estar presente.
─ É. Isso também me chateia muitíssimo. Mas não me sinto mesmo em condições de sair.
─ Então eu também não vou ─ disse Márcia. ─ Não tem sentido ir nessa festa sem você.
─ Não, não ─ protestou João. ─ Você vai sim. Você vai e justifica minha ausência. Diz para eles que assim que eu me sentir melhor, vou fazer uma visita para eles. Amanhã mesmo, se puder. Ou melhor ─ completou ele. ─ Diga que eu vou descansar um pouco e se melhorar, dou uma passada por lá ainda hoje. Afinal, o restaurante onde o jantar vai se realizar é pertinho e não vai terminar antes da meia-noite...
A contra gosto Márcia foi, deixando João em casa. Antes de sair ela deu uma olhada para ele na cama. Já estava dormindo. Daquele jeito que ele sempre dormia, de bruços, com o braço direito largado, fora da cama. “Hum, mas vai hem?. Nem que a vaca tussa”, murmurou para si mesma, com um sorriso, lembrando que ele havia dito que se melhorasse ainda daria uma passadinha lá no restaurante.
Já passava das onze horas da noite, o jantar estava rolando, quando Márcia resolveu ir ao banheiro, retocar a maquiagem. Foi remexendo na bolsa, em busca do estojo de maquiagem que ela percebeu que deixara em casa a carteira com os documentos. Ela era uma mulher muito atenta a esses detalhes. E também era muito preocupada com essas coisas. Tinha sempre em mente a velha Lei de Murphy: “Se algo pode dar errado, dará.”
Ela nunca saíra de casa sem os documentos pessoais. Especialmente sem a carteira de motorista. Mas agora, que sabia estar sem documentos, tinha certeza que seria parada por um comando da polícia. E para agravar, ela tinha bebido umas tacinhas de vinho.
Saiu do banheiro pensando em pedir para algum amigo levar o carro para ela. Não ia arriscar, embora o trajeto para casa fosse curto e nunca nenhum comando policial tivesse, algum dia, se instalado nesse trajeto. A probabilidade de que, justamente naquela noite, houvesse algum, era mínima. “Mas se a possibilidade existe”, dizia a maldita Lei de Murpy, então ela fatalmente ocorrerá e da pior maneira.
Havia outra possibilidade que ela podia explorar. Ver se João havia melhorado e telefonar para ele pedindo que ele lhe trouxesse os documentos. Se a lei de Murpy podia funcionar para ferrar a gente, ela também devia funcionar pelo outro lado, para ajudar. Se alguma coisa pode dar certo, ela dará. Porque isso também não poderia ser transformado em lei? Afinal, se o inverso era a Lei de Murpy, essa seria a Lei de Márcia. A possibilidade de que João tivesse melhorado era mais plausível do que encontrar um comando policial na rua. Por que só o que pode dar errado, tem que dar? Por que o que pode dar certo também não dará?
Foi assim que ela enfiou a mão na bolsa para procurar o celular. Mas nem chegou a completar a ação. Ficou petrificada, boquiaberta, olhando para o homem que estava á sua frente. Ela quase não podia acreditar no que via. Pois ali, na sua frente, sorridente e amoroso, estava justamente o João.
─ Querida, você esqueceu a carteira ─ disse ele. ─ Não pode ficar dirigindo sem documentos. E se um comando da polícia pega você?
─ Meu Deus, querido ─ disse Márcia, com o coração na boca, sem poder conter o susto. ─ Eu estava pensando justamente nisso. Estava pegando no telefone para ligar para você.
─ Não precisa mais. Eu trouxe seus documentos ─ disse ele, entregando-lhe a carteira.
─ Que bom que você melhorou ─ disse ela, mais calma. ─ Venha, venha cumprimentar Alice e Mário. Eles vão ficar felicíssimos por você ter vindo.
─ Não, não, por favor ─ disse João. ─ Eu só vim trazer os seus documentos. Você sabe. Quando a gente sabe que alguma coisa ruim pode acontecer, ela acontece. Paulo de Tarso já havia dito isso: “ o que eu temo é o que me acontece”─ disse ele, com aquele sorriso encantador, que a havia cativado há quarenta anos atrás.
─ Mas por que você não quer falar com eles? São os nossos amigos─ disse Márcia.
─ Por favor, não insista, querida. Eu não estou preparado para falar com eles agora─ disse João.
E antes que Marcia esboçasse qualquer reação João saiu pela porta do salão. Quando Márcia se recuperou da surpresa que o inusitado daquele comportamento do seu companheiro de quarenta anos lhe provocara, e correu atrás dele, ele já havia sumido.
Márcia voltou para a mesa do jantar, mas seu pensamento não estava mais ali. Foi por isso que ela logo se desculpou com o casal, dizendo que precisava ir para casa. Contou a eles o que havia acontecido. O esquecimento dos documentos, o medo de ser parada pela polícia, a ideia de telefonar para o João e a surpresa de encontrá-lo justamente na porta do sanitário feminino com os documentos que ela havia esquecido e um sorriso nos lábios.
─ Mas porque ele não veio para a mesa? ─ perguntou Mário. Seria tão bom vê-lo aqui.
─ Sim. Porque? ─ completou Alice.
─ Eu não sei ─ respondeu Márcia. ─ E isso é o que justamente me preocupa. Ele parecia bem, mas estava esquisito. Por isso é que eu preciso ir para casa. Tenho que saber se ele está mesmo bem.
─ Claro, nós entendemos. Vá, querida ─ disse Alice. ─ E se precisar de alguma coisa, não tenha constrangimento em nos ligar.
─ Isso mesmo. Não deixe de nos ligar ─ disse Mário.
Márcia não levou mais de dez minutos para chegar no prédio onde morava. O apartamento estava ás escuras. Foi direto para o quarto. João estava na cama, na mesma posição em ela o deixara. De bruços, com o braço direito caído, para fora da cama.
Márcia sorriu. Estava tudo bem. Maldita Lei de Murphy. Quanta consumição por causa de uma bobagem. Tirou os sapatos, os brincos e a colar. Depositou-os na caixinha de joias. Começou a despir-se e a procurar o pijama. João continuava dormindo. Ela olhou para ele. Fazia tempo que não olhava para João daquele jeito. Com o carinho e o afeto de uma mãe. Ele parecia uma criança, frágil, desprotegida, vulnerável. Pegou no braço dele, que pendia para fora da cama e ajeitou-o numa posição mais confortável. Ela sempre fazia isso. Nunca havia notado que ele era tão pesado. Aliás, parecia que estava mais pesado do que usualmente. Então deu-lhe uma vontade louca de abraçá-lo e beijá-lo. Ele fora tão gentil, tão dedicado, saindo de casa naquelas condições para levar os documentos para ela. Os quarenta anos que vivera com ele passaram, em instantes de segundos pela cabeça dela. Foram anos de intensa felicidade. Ela olhou para ele com ternura e admiração. E com gratidão. Nunca o amara tanto como naquele momento. Depositou um terno beijo nos cabelos embranquecidos e deitou-se ao ao lado, em conchinha com o corpo dele. Logo adormeceu.
Márcia só descobriu que João estava morto pela manhã, quando ele não se levantou para o café e ela foi chamá-lo. O médico que ela chamou, velho amigo da família, diagnosticou imediatamente: Parada cardíaca. Mas João não sofrera, disse ele. Morrera dormindo, como sempre dissera que queria morrer. Só uma coisa deixou Márcia estarrecida em tudo aquilo. A hora da morte. O médico afirmou, com toda certeza, que João morrera entre oito e nove horas da noite. Ela protestou que não podia ser. Não disse porquê, mas não podia ser. Não, não era possível.
Mas o médico não arredou pé da sua opinião. Não havia como errar. O legista também confirmou. João já estava morto desde ás nove horas da noite anterior.
Se ele já estava morto naquela hora, como poderia ter ido ao salão, ás onze horas, para levar para ela aqueles documentos? Essa é uma questão que Márcia encerrou em seu coração para sempre. Nem com os amigos Mário e Alice, os únicos com quem compartilhara essa informação ela comentou o assunto. Ela só tinha uma certeza agora, e isso é o que a faz esperar a hora da própria morte com tranquilidade. A certeza de que, sejam quais forem as leis que regem a vida do universo, a mais forte de todas é a do Amor. Ela é a única que transcende as barreiras da vida e da morte. Por isso ela espera. Seu espírito é uma ilha de paz e seu rosto uma nuvem de tranquilidade. Ela sabe que logo estará com João novamente e desta vez, por toda a eternidade.
Aquele jantar já estava na agenda há bastante tempo. Era o aniversário de casamento dos melhores amigos de João e Márcia. Amigos há mais de quarenta anos. Eles haviam sido os padrinhos. Suas famílias cresceram juntas, e havia mesmo quem dissesse que as famílias dos dois casais constituíam a “igrejinha” mais forte do bairro.
No entanto, Márcia se surpreendeu com a decisão de João, tomada ás seis horas da tarde, quando ela começava a se arrumar para o jantar.
─ Não me sinto bem ─ disse ele. ─ Sei, lá. Acho que tive uma queda de pressão.
─ Tomou seu remédio hoje? ─ perguntou Márcia. Ela sabia que ele tinha problema de pressão. Afinal, já estava chegando aos setenta.
─ Tomei. Mas não é isso ─ disse João. ─ É uma sensação esquisita. Um mal estar, uma coisa assim, como se a minha energia vital tivesse diminuído. Sinto-me completamente sem vontade de sair. ─ Você se importa se eu não for?
─ Eu não ─ respondeu Márcia. ─ Quem vai ficar chateado são o Mário e a Alice. Afinal, é o aniversário de casamento deles e o melhor amigo não vai estar presente.
─ É. Isso também me chateia muitíssimo. Mas não me sinto mesmo em condições de sair.
─ Então eu também não vou ─ disse Márcia. ─ Não tem sentido ir nessa festa sem você.
─ Não, não ─ protestou João. ─ Você vai sim. Você vai e justifica minha ausência. Diz para eles que assim que eu me sentir melhor, vou fazer uma visita para eles. Amanhã mesmo, se puder. Ou melhor ─ completou ele. ─ Diga que eu vou descansar um pouco e se melhorar, dou uma passada por lá ainda hoje. Afinal, o restaurante onde o jantar vai se realizar é pertinho e não vai terminar antes da meia-noite...
A contra gosto Márcia foi, deixando João em casa. Antes de sair ela deu uma olhada para ele na cama. Já estava dormindo. Daquele jeito que ele sempre dormia, de bruços, com o braço direito largado, fora da cama. “Hum, mas vai hem?. Nem que a vaca tussa”, murmurou para si mesma, com um sorriso, lembrando que ele havia dito que se melhorasse ainda daria uma passadinha lá no restaurante.
Já passava das onze horas da noite, o jantar estava rolando, quando Márcia resolveu ir ao banheiro, retocar a maquiagem. Foi remexendo na bolsa, em busca do estojo de maquiagem que ela percebeu que deixara em casa a carteira com os documentos. Ela era uma mulher muito atenta a esses detalhes. E também era muito preocupada com essas coisas. Tinha sempre em mente a velha Lei de Murphy: “Se algo pode dar errado, dará.”
Ela nunca saíra de casa sem os documentos pessoais. Especialmente sem a carteira de motorista. Mas agora, que sabia estar sem documentos, tinha certeza que seria parada por um comando da polícia. E para agravar, ela tinha bebido umas tacinhas de vinho.
Saiu do banheiro pensando em pedir para algum amigo levar o carro para ela. Não ia arriscar, embora o trajeto para casa fosse curto e nunca nenhum comando policial tivesse, algum dia, se instalado nesse trajeto. A probabilidade de que, justamente naquela noite, houvesse algum, era mínima. “Mas se a possibilidade existe”, dizia a maldita Lei de Murpy, então ela fatalmente ocorrerá e da pior maneira.
Havia outra possibilidade que ela podia explorar. Ver se João havia melhorado e telefonar para ele pedindo que ele lhe trouxesse os documentos. Se a lei de Murpy podia funcionar para ferrar a gente, ela também devia funcionar pelo outro lado, para ajudar. Se alguma coisa pode dar certo, ela dará. Porque isso também não poderia ser transformado em lei? Afinal, se o inverso era a Lei de Murpy, essa seria a Lei de Márcia. A possibilidade de que João tivesse melhorado era mais plausível do que encontrar um comando policial na rua. Por que só o que pode dar errado, tem que dar? Por que o que pode dar certo também não dará?
Foi assim que ela enfiou a mão na bolsa para procurar o celular. Mas nem chegou a completar a ação. Ficou petrificada, boquiaberta, olhando para o homem que estava á sua frente. Ela quase não podia acreditar no que via. Pois ali, na sua frente, sorridente e amoroso, estava justamente o João.
─ Querida, você esqueceu a carteira ─ disse ele. ─ Não pode ficar dirigindo sem documentos. E se um comando da polícia pega você?
─ Meu Deus, querido ─ disse Márcia, com o coração na boca, sem poder conter o susto. ─ Eu estava pensando justamente nisso. Estava pegando no telefone para ligar para você.
─ Não precisa mais. Eu trouxe seus documentos ─ disse ele, entregando-lhe a carteira.
─ Que bom que você melhorou ─ disse ela, mais calma. ─ Venha, venha cumprimentar Alice e Mário. Eles vão ficar felicíssimos por você ter vindo.
─ Não, não, por favor ─ disse João. ─ Eu só vim trazer os seus documentos. Você sabe. Quando a gente sabe que alguma coisa ruim pode acontecer, ela acontece. Paulo de Tarso já havia dito isso: “ o que eu temo é o que me acontece”─ disse ele, com aquele sorriso encantador, que a havia cativado há quarenta anos atrás.
─ Mas por que você não quer falar com eles? São os nossos amigos─ disse Márcia.
─ Por favor, não insista, querida. Eu não estou preparado para falar com eles agora─ disse João.
E antes que Marcia esboçasse qualquer reação João saiu pela porta do salão. Quando Márcia se recuperou da surpresa que o inusitado daquele comportamento do seu companheiro de quarenta anos lhe provocara, e correu atrás dele, ele já havia sumido.
Márcia voltou para a mesa do jantar, mas seu pensamento não estava mais ali. Foi por isso que ela logo se desculpou com o casal, dizendo que precisava ir para casa. Contou a eles o que havia acontecido. O esquecimento dos documentos, o medo de ser parada pela polícia, a ideia de telefonar para o João e a surpresa de encontrá-lo justamente na porta do sanitário feminino com os documentos que ela havia esquecido e um sorriso nos lábios.
─ Mas porque ele não veio para a mesa? ─ perguntou Mário. Seria tão bom vê-lo aqui.
─ Sim. Porque? ─ completou Alice.
─ Eu não sei ─ respondeu Márcia. ─ E isso é o que justamente me preocupa. Ele parecia bem, mas estava esquisito. Por isso é que eu preciso ir para casa. Tenho que saber se ele está mesmo bem.
─ Claro, nós entendemos. Vá, querida ─ disse Alice. ─ E se precisar de alguma coisa, não tenha constrangimento em nos ligar.
─ Isso mesmo. Não deixe de nos ligar ─ disse Mário.
Márcia não levou mais de dez minutos para chegar no prédio onde morava. O apartamento estava ás escuras. Foi direto para o quarto. João estava na cama, na mesma posição em ela o deixara. De bruços, com o braço direito caído, para fora da cama.
Márcia sorriu. Estava tudo bem. Maldita Lei de Murphy. Quanta consumição por causa de uma bobagem. Tirou os sapatos, os brincos e a colar. Depositou-os na caixinha de joias. Começou a despir-se e a procurar o pijama. João continuava dormindo. Ela olhou para ele. Fazia tempo que não olhava para João daquele jeito. Com o carinho e o afeto de uma mãe. Ele parecia uma criança, frágil, desprotegida, vulnerável. Pegou no braço dele, que pendia para fora da cama e ajeitou-o numa posição mais confortável. Ela sempre fazia isso. Nunca havia notado que ele era tão pesado. Aliás, parecia que estava mais pesado do que usualmente. Então deu-lhe uma vontade louca de abraçá-lo e beijá-lo. Ele fora tão gentil, tão dedicado, saindo de casa naquelas condições para levar os documentos para ela. Os quarenta anos que vivera com ele passaram, em instantes de segundos pela cabeça dela. Foram anos de intensa felicidade. Ela olhou para ele com ternura e admiração. E com gratidão. Nunca o amara tanto como naquele momento. Depositou um terno beijo nos cabelos embranquecidos e deitou-se ao ao lado, em conchinha com o corpo dele. Logo adormeceu.
Márcia só descobriu que João estava morto pela manhã, quando ele não se levantou para o café e ela foi chamá-lo. O médico que ela chamou, velho amigo da família, diagnosticou imediatamente: Parada cardíaca. Mas João não sofrera, disse ele. Morrera dormindo, como sempre dissera que queria morrer. Só uma coisa deixou Márcia estarrecida em tudo aquilo. A hora da morte. O médico afirmou, com toda certeza, que João morrera entre oito e nove horas da noite. Ela protestou que não podia ser. Não disse porquê, mas não podia ser. Não, não era possível.
Mas o médico não arredou pé da sua opinião. Não havia como errar. O legista também confirmou. João já estava morto desde ás nove horas da noite anterior.
Se ele já estava morto naquela hora, como poderia ter ido ao salão, ás onze horas, para levar para ela aqueles documentos? Essa é uma questão que Márcia encerrou em seu coração para sempre. Nem com os amigos Mário e Alice, os únicos com quem compartilhara essa informação ela comentou o assunto. Ela só tinha uma certeza agora, e isso é o que a faz esperar a hora da própria morte com tranquilidade. A certeza de que, sejam quais forem as leis que regem a vida do universo, a mais forte de todas é a do Amor. Ela é a única que transcende as barreiras da vida e da morte. Por isso ela espera. Seu espírito é uma ilha de paz e seu rosto uma nuvem de tranquilidade. Ela sabe que logo estará com João novamente e desta vez, por toda a eternidade.