A Santinha de Passo Fundo
Em várias regiões do nosso país, parte de cultura está alicerçada a crenças populares e na fé católica. Não é de se admirar que pessoas, geralmente meninas que tiveram uma vida curta e sofrida ganhem o carinho e a devoção de muitos, os quais se encarregam de santifica-las, e a elas atribuir diversos milagres.
Um desses fatos que mais me chamou atenção é relacionado a uma menina gaúcha, chamada Maria Elizabeth de Oliveira, nascida em Passo Fundo.
De família católica, a “Santinha de Passo Fundo” em sua infância se destacava das demais crianças, por conta de sua bondade. Amante das rosas, sempre tinha alguma, presa nos cabelos ou na própria roupa.
Beth ou Bethinha, como era carinhosamente conhecida também atraía a atenção das pessoas com um estranho desejo para uma criança: ela desejava morrer, para viver com Deus no Paraíso.
Dizia a seus pais que considerava este mundo um lugar muito triste e feio, tomado pela maldade, e por isso deseja morrer e ir morar no céu.
Um certo dia, Bethinha e uma colega de escola passaram em frente a uma funerária. Beth apontou para um “lindo” caixão dourado, que estava exposto na vitrine. Subitamente, disse algo assombroso para sua amiga:
- Marilde eu vou morrer atropelada e serei enterrada naquele caixão ali. Você vai me ver deitada nele.
Sua amiga respondeu aterrorizada:
-Credo Beth, vira essa boca pra lá. Não fale uma coisa dessas, nem por brincadeira. Só de ouvir já me arrepia toda.
Bethinha respondeu:
-Não estou brincando. Estou falando sério!
Os dias se passaram. Beth iria completar quinze anos, e seus familiares e amigos planejavam uma grande festa. Beth porém dizia que ao invés da festa, gostaria de fazer uma viagem, só isso.
Num domingo de muito sol e calor, Beth estava em frente à sua casa, conversando com algumas amigas, até que uma perua desgovernada subiu a calçada atropelando-a. Beth ficou imóvel no chão. Instantes depois foi levada até o hospital, mas acabou falecendo.
Quando sua família, tomada de uma imensa tristeza foi até a funerária para comprar o caixão da filha, escolheu exatamente o “lindo” caixão dourado.
Ao chegar no velório, sua amiga Marilde viu Bethinha deitada no mesmo caixão que havia falado dias atrás. Não se conteve e acabou desmaiando.
Pouco tempo depois de seu triste e trágico falecimento, Bethinha passou a receber orações em seu túmulo. As pessoas, possivelmente movidas pela história da menina, a consideraram uma santa.
Sempre levavam rosas a seu túmulo. Esta tradição existe até hoje, e há muitos relatos de graças alcançadas através da Santinha de Passo Fundo.
Algumas pessoas comentam que quando alguém reza pela alma de Bethinha e sente um perfume de rosas, é sinal que a graça será alcançada.
Embora a igreja católica seja extremamente rígida no processo de canonização de seus santos, no nosso país há dezenas de santos extraoficiais, como Padre Cícero, dentre outros, cujos fiéis não estão preocupados com o reconhecimento do Vaticano: eles creditam sua fé neles, aos quais atribuem milagres. Alguém é capaz de discordar?