Anjo mau
Anjo mau. Com a mão em um botão... Logo o aperta. Ele, neste momento se sente Deus... O mundo em sua mão. Sai objeto flamejante que perfurará a frágil crosta. Olha, o menino de cara suja que brinca na rua, àquela imensa calda laranja que corta o céu. Acha-a linda. Sonha em um dia, logo após curar sua fome, em ser astronauta. O menino vê, entre o alaranjado, uma nuvem em forma de uma longa barba branca... Seria Deus?
Seguraria a nave? Não, ele deixou em nossas mãos nossos destinos... Uma má opção para este momento...
Ri o monstro-anjo-mau que terá o mundo à sua cara, como ele...
Vai a nave cortando o céu, não havendo escudo que a parasse beija o solo. Festeja o egoísta. Parte-se a frágil bola azul. Choram a Lua e o Sol. Ele, perde um de seus filhos. Ela perde a sua irmã.
O menino tem aliviada sua fome. E o egoísta na sua última construção celular intacta... arrepende-se, ganha, por isso, o Céu.
Marcio José de Lima