Deserto das Almas - 4º Capítulo - O Ínicio

O ÍNICIO

O ano era 1642. Um grupo de forasteiros e bruxas estavam fugindo da cidade de Hilger, no leste do estado. A época era difícil e a perseguição à prática de bruxaria estava em seu auge naquele ano. Sally, uma das bruxas, seguia o grupo no qual ela estava. Ela e o grupo ficaram dias caminhando e procurando algum abrigo. De um tempo em diante, eles encontraram abrigo numa região desabitada e com um lindo bosque à frente. Eles decidiram que aquele lugar distante seria o melhor lugar para se refugiar, ou pelo menos por enquanto.

As bruxas adoraram o local. Sally quando chegou, achou algumas ervas que usava normalmente no bosque, alguns ingredientes para suas poções e seus feitiços, o que a tornava uma pessoa ruim e um pouco assustadora. O grupo era devoto das bruxas e de seu clã e participavam de rituais de evocação. Usavam vestes negras e sempre faziam o ritual na lua cheia, mas em sua maioria, não buscavam nada de ruim.

Alguns meses se passaram, eles conseguiram construir algumas casas, desenvolver aquele vilarejo. As bruxas tiveram filhos com seus devotos e a vila começou a crescer.

Num dia claro, mês de março, Sally havia começado a desenvolver cada dia mais sua magia, mas não era uma simples magia, era uma mágica pesada e maldita, fazendo-a se tornar a cada dia mais uma pessoa diferente e sombria. Ela conseguia seduzir os rapazes do vilarejo e os influenciava a ficar alucinados com o que ela quisesse fazer com eles. Uma das bruxas haviam percebido o quanto má estava se tornando Sally e decidiu fazer algo.

Agatha, uma das bruxas do clã, avisou ao povo o que Sally estava fazendo. Ela estava fazendo mal ao próprio povo e fazendo magia negra de forma descontrolada. O povo sabendo das suas práticas em malefício ao vilarejo e moradores, havia se revoltado com Sally e pretendiam fazer algo para detê-la.

As bruxas em nome de Agatha, uniram-se contra Sally. As bruxas do clã e os homens começaram a carregar tochas acesas em direção à casa dela. Ela já estava sabendo dos planos do povo e evocou uma magia de proteção. Um círculo poderoso no qual a fez ficar protegida de qualquer ação daquele povo enfurecido. De nada adiantou. As bruxas uniram suas mãos e fizeram um feitiço mais forte para quebrar o círculo de proteção de Sally. Ao quebra-lo, ela se enfureceu e saiu pela parte de trás da casa em direção ao bosque. O povo corria com tochas em mãos atrás de sally. Procuraram pela mata, árvores e trilhas. O lugar dava a sensação de incerteza. O tempo passara ao correr da noite e eles haviam encontrado Sally. As bruxas cercaram-na e seus devotos puxaram-na de onde estava escondida, numa árvore antiga. Eles a seguram firme e colocaram-na presa na árvore. O povo ficou ao redor dela e tentaram colocar fogo. Antes de conseguirem, Sally lançou uma maldição no vilarejo e em todos os moradores. Ela conjurou:

- “Em memória à minha morte e ódio construído por esse maldito vilarejo, eu evoco a maldição da morte a todo aquele que se atrever a entrar no bosque desta vila. Eu conjuro a dor, a perseguição...vila vazia, almas errantes, Deserto das almas...seu futuro espreita a prisão de todos que aqui invadirem...”

Sem ao menos terminar, o povo lançou fogo em seu corpo e ela gritou ao som ensurdecedor que rondou quilômetros de distância. Em chamas, mas ainda viva, Sally abriu seus olhos. Ficaram negros em meio a chama que a consumia e o fogo começou a se alastrar rapidamente pelo povo e em direção as outras bruxas. Todos haviam morrido naquele dia, exceto as crianças que permaneceram em suas casas.

As crianças acreditavam que as almas deles ainda estavam naquele bosque e nunca mais ousaram entrar naquele local. A história foi passada de geração e geração. A luz do sol nunca mais cobriu a cidade e tudo passou a ser névoa forte e noites que duravam uma eternidade. Era “Deserto das Almas”, almas das bruxas que ainda buscavam a saída daquele que parecia ser o inferno na terra.

Alguns anos seguem. O que ninguém jamais soube, é que Sally havia deixado um importante segredo guardado em sua casa.

Décadas e mais décadas passam e logo haviam novos moradores no Vilarejo. Alguns deles se instalaram na antiga casa de Sally. Morgana, seu marido e a pequena Ebbie....