Era, com certeza, um lobisomem!
Vi tio João se debatendo sozinho no caminho. Pensei, de novo tio João bebeu... Mirava novamente, e, ele sumiu no mato. Lutava com alguma coisa, todavia eu não enxergava nada. Nenhum zunido, grunhido, latido ou qualquer coisa assim.
Era tardinha e a penumbra começava a tomar conta. Eu e meus irmãos rimos muito da cena. Tio João, sempre brincalhão, pensava. Logo minha mãe saiu à porta. E, riu-se, achou engraçado. Todavia, olhei para minha mãe alguns segundos depois, e ela havia se empalidecido. O sorriso jã não saiu mais. E, brilhou em seus olhos um medo de outrora - de quando eu era criança - devido aos sustos pela criação dos filhos...
Silenciou-se, rezou um pouco - creio eu, pois sua boa mexia. As crianças achavam aquilo um barato e até chegaram a rolar no chão de tanto rir... Minha mãe continuava a mexer com a boca como se cochichasse... Tio João na peleja, agora se rolava pelo chão. Todo despenteado. Isso durava mais ou menos uns quatro minutos.
Meu tio gritou. Todos se calaram. Minha mãe se benzeu... Meu tio olhou para o mato, como que esperando por algo. E, olhando para lá, foi descendo a rua. Aproximou-se de nós. Todo sujo. Esperou alguns segundos. Na rua, havia só nós naquele momento.
O vício do tio, aparentemente, ninguém testemunhara tal situação de fraqueza sua - logo ele que, apesar disso, era um herói para criançada, por suas histórias sempre cheias de vida e de vitórias... ele nunca perdedor sempre conseguia superar de cabeça erguida os obstáculos que a via lhe propunha... - agradeci aos céus por isso.
O tio olha para nós e fala: "Vocês viram?" Minha mãe e eu respondemos: "O quê?" Ele se aproximou de meu ouvido, com um bafo quente, sem odor nenhum de bebida alcoólica, com um flamejar nos olhos pelo brilho intenso da lua cheia refletida neles, me disse "Era, com certeza, um lobisomem!"