T.O.C Sobrenatural - Parte 2
Desta maneira, noite após noite, madrugada após madrugada, o ritual tomava conta de sua mente. Em uma ocasião, quando todos estavam dormindo, chegou a ouvir passos dentro da residência, deixando a família em alvoroço, sendo duramente criticado pela atitude.
Assim sendo, o ano transcorre, e com ele, o transtorno de ansiedade do sofrido rapaz. Embora já tivesse ido ao médico, os pensamentos obsessivos e compulsivos persistiam, a ponto de a cada dia, os sintomas piorarem. A necessidade de lavar as mãos dezenas de vezes durante o dia, os múltiplos banhos, pertences revisados e organizados milimetricamente, eram somente alguns dos flagelos que maltratavam o seu espírito.
Certa noite, após o jantar, Manoel sentiu falta de um objeto, rapidamente recordou-se que o tinha esquecido na escola. Uma verdadeira avalanche tomou conta de seu cérebro perturbado. Sem avisar ninguém, encaminhou-se com destino ao local. Logo, defrontou-se com o vigia, implorando para que o deixasse entrar. A confusão se formou, e com isso, devido ao incidente, seus pais foram chamados, o descontrole do garoto era tanto, que um calmante foi administrado a fim de adormecê-lo.
Levado de volta à sua casa, e bem mais equilibrado por causa do medicamento, o jovem repousa profundamente. Desta vez, o seu drama antes de dormir, seria abreviado graças ao remédio.
Lá pelas tantas, um barulho o acorda, mesmo assustado e ainda que sonolento, seus sentidos o levam para o quarto de seus pais. Ele, aos poucos, apressa os passos, à medida que pressente algo de muito grave.
No momento em que chega à entrada do cômodo, a visão é estarrecedora. Dois homens mal-encarados surram o seu pai, enquanto o outro violenta a sua mãe. Por puro instinto, o rapaz se joga contra os malfeitores para defender a família.
No primeiro golpe, uma surpresa, suas mãos transpassavam os corpos dos bandidos como se fossem energias. Na ânsia de dar um fim nesta barbárie, repete o ato por várias vezes, sempre com um final idêntico e inútil. Ainda assim, ele grita aos berros, porém, de nada adianta, é como se não estivesse ali.