O GATO
Dona Maria estava chegando aos 80 anos de idade. Viúva há mais de vinte anos, morava sozinha num apartamento com seu velho gato Cauã. Não esperava mais nada da vida. Seus filhos e netos estavam criados, ninguém precisava mais dela. E ninguém se importava mais com a velha Dona Maria. Só muito raramente um ou filho ou neto vinha visitá-la, e quando vinha, certamente era para pedir alguma coisa, que Dona Maria, malgrado vivesse da parca aposentadoria deixada pelo falecido, nunca deixou de atender.
Além de alimentar e fazer carinho no seu velho e preguiçoso bichano, o Cauã, cujo nome ela deu para homenagear o galã que ela mais gostava nas novelas(que era o único interesse da sua vida), a outra coisa que Dona Maria gostava muito era colecionar bugigangas. Sempre que sobrava um troquinho ela ia a uma loja de antiquário, ou de penhores, e acabava comprando ou arrematando alguma coisa. O apartamento dela estava cheio de bibelôs, estatuetas de porcelana, vasos, caixinhas de música, etc.
Um dia Dona Maria comprou uma velha ânfora, dessas que antigamente se usava para guardar azeite. A ânfora estava bastante velha e ela resolveu poli-la um pouco. Pegou um pano embebido em álcool e começou a esfrega-lo. Não precisamos nem dizer o que aconteceu. O leitor por certo já intuiu. Aquela era uma ânfora mágica, igual á lâmpada maravilhosa das Mil e Uma Noites. De dentro dela, em meio a uma nuvem de fumaça colorida, cheirando a mofo de milhares de anos, saiu o famoso gênio das lendas.
– Salve Ama! ─ disse ele com uma mesura. ─ Obrigado por libertar-me depois de tantos séculos. Por conta disso a senhora pode me fazer três pedidos, que eu terei o maior prazer em atender.
Dona Maria era uma pessoa simples, mas muito bem informada. Conhecia bem a história do gênio da lâmpada. Três desejos. O que pedir? O que pode ainda querer na vida uma mulher de oitenta anos? Sabia que não ia adiantar pedir dinheiro, por exemplo, porque, sem saúde e disposição para gastar, de que ia servir? Sim, poderia pedir dinheiro e saúde, mas de serviria sem boa companhia para desfrutá-los?
Dona Maria ponderou bem o que pedir. Como eram apenas três desejos que seriam atendidos, ela sabia que precisava pedir coisas que fossem complementares umas das outras, para que sua felicidade fosse total. Depois de muito pesar ela decidiu-se por fim.
– Gênio, eis o que eu quero.: 1 ) Desejo ficar jovem de novo 2) Quero que você me faça ganhar dez milhões na loteria 3) Quero que você transforme o meu velho gato Cauã num Cauã de verdade, e que ele seja tão carinhoso quanto é o meu velho gato, e perdidamente apaixonado por mim.
Dito e feito. Puf! Puf! Puf!. Em milionésimos de segundos eis os desejos da Dona Maria todos atendidos. Olhou-se no espelho e viu a linda jovem em que havia se transformado. Em cima da cama, um montão de dinheiro. E aos seus pés, nu como se vem ao mundo um rapaz bonito e apaixonado, o próprio Cauã Raimond, seu ídolo, prometendo-lhe amor sem medida, por todo o sempre.
À noite Dona Maria e seu namorado foram a um motel de luxo. Ela queria comemorar sua felicidade com uma inesquecível noite de amor. Depois da champanhe, dos carinhos, de todas as preliminares, que ele soube executar muito bem, Cauã olhou para Dona Maria, e com um ar de extremo desconsolo, perguntou: – Você não está arrependida de ter mandado me castrar?
Dona Maria estava chegando aos 80 anos de idade. Viúva há mais de vinte anos, morava sozinha num apartamento com seu velho gato Cauã. Não esperava mais nada da vida. Seus filhos e netos estavam criados, ninguém precisava mais dela. E ninguém se importava mais com a velha Dona Maria. Só muito raramente um ou filho ou neto vinha visitá-la, e quando vinha, certamente era para pedir alguma coisa, que Dona Maria, malgrado vivesse da parca aposentadoria deixada pelo falecido, nunca deixou de atender.
Além de alimentar e fazer carinho no seu velho e preguiçoso bichano, o Cauã, cujo nome ela deu para homenagear o galã que ela mais gostava nas novelas(que era o único interesse da sua vida), a outra coisa que Dona Maria gostava muito era colecionar bugigangas. Sempre que sobrava um troquinho ela ia a uma loja de antiquário, ou de penhores, e acabava comprando ou arrematando alguma coisa. O apartamento dela estava cheio de bibelôs, estatuetas de porcelana, vasos, caixinhas de música, etc.
Um dia Dona Maria comprou uma velha ânfora, dessas que antigamente se usava para guardar azeite. A ânfora estava bastante velha e ela resolveu poli-la um pouco. Pegou um pano embebido em álcool e começou a esfrega-lo. Não precisamos nem dizer o que aconteceu. O leitor por certo já intuiu. Aquela era uma ânfora mágica, igual á lâmpada maravilhosa das Mil e Uma Noites. De dentro dela, em meio a uma nuvem de fumaça colorida, cheirando a mofo de milhares de anos, saiu o famoso gênio das lendas.
– Salve Ama! ─ disse ele com uma mesura. ─ Obrigado por libertar-me depois de tantos séculos. Por conta disso a senhora pode me fazer três pedidos, que eu terei o maior prazer em atender.
Dona Maria era uma pessoa simples, mas muito bem informada. Conhecia bem a história do gênio da lâmpada. Três desejos. O que pedir? O que pode ainda querer na vida uma mulher de oitenta anos? Sabia que não ia adiantar pedir dinheiro, por exemplo, porque, sem saúde e disposição para gastar, de que ia servir? Sim, poderia pedir dinheiro e saúde, mas de serviria sem boa companhia para desfrutá-los?
Dona Maria ponderou bem o que pedir. Como eram apenas três desejos que seriam atendidos, ela sabia que precisava pedir coisas que fossem complementares umas das outras, para que sua felicidade fosse total. Depois de muito pesar ela decidiu-se por fim.
– Gênio, eis o que eu quero.: 1 ) Desejo ficar jovem de novo 2) Quero que você me faça ganhar dez milhões na loteria 3) Quero que você transforme o meu velho gato Cauã num Cauã de verdade, e que ele seja tão carinhoso quanto é o meu velho gato, e perdidamente apaixonado por mim.
Dito e feito. Puf! Puf! Puf!. Em milionésimos de segundos eis os desejos da Dona Maria todos atendidos. Olhou-se no espelho e viu a linda jovem em que havia se transformado. Em cima da cama, um montão de dinheiro. E aos seus pés, nu como se vem ao mundo um rapaz bonito e apaixonado, o próprio Cauã Raimond, seu ídolo, prometendo-lhe amor sem medida, por todo o sempre.
À noite Dona Maria e seu namorado foram a um motel de luxo. Ela queria comemorar sua felicidade com uma inesquecível noite de amor. Depois da champanhe, dos carinhos, de todas as preliminares, que ele soube executar muito bem, Cauã olhou para Dona Maria, e com um ar de extremo desconsolo, perguntou: – Você não está arrependida de ter mandado me castrar?