O Povo das Sombras

*Baseado em Fatos Reais*

Naquela noite eu estava somente observando os devaneios da madrugada mal podia imaginar o que me aguardava, eu apenas pensava. A noite se foi dando lugar a um fétido dia quente de verão. O despertador berrava alucinadamente, já era 6:30 e eu ainda estava na cama, estava atrasado, levantei desesperado, eu tinha testes em praticamente todos os horários escolares. Desci rapidamente as escadas de madeira e corri rumo a porta, lá fora estava minha bicicleta, apanhei-a e me dirigi em direção ao colégio.

O Grande relógio pendurado no canto esquerdo da parede anunciava o término das aulas, 11 horas e 30 minutos, como de costume fui almoçar com João e Leila, eles me aguardavam no andar debaixo onde localizava-se o refeitório. No dia de hoje algo levou-nos a falar sobre lendas e contos de horror, essas baboseiras todas, eu era um cético e com ar de ironia revidei a eles:

__ Porra!!! Essas merdas não existem, e se existirem não são páreo para mim!! Agora deixem de besteira e voltem a comer.

Maldita fora a hora que essas palavras saíram de minha boca; comemos e como sempre fomos ao cinema local. As horas corriam e o tempo voava, enquanto que eu me deixava levar pelo filme não vi o passar dos minutos, olhei com raiva o velho relógio de plástico em meu pulso e vi que era tarde. Com voracidade peguei minha mochila e corri até minha casa, no caminho senti que estava sendo observado, aquela sensação era horrível e eu de fato estava com medo, mas embora tentasse controlar tal repulsa, me sentia perdido. Peguei a chave e por inúmeras vezes tentei encaixa-la na fechadura da porta, mas como mágica ela não entrava, aquela sensação horrenda novamente tomou-me conta, devagar olhei para trás e o que vi fora extremamente traumatizante, algo estava ali contorcendo-se debaixo de um poste, me olhando; minhas mãos começaram a tremer e com muita dificuldade a porta abriu-se, subi com cambaleando as escadas, joguei a mochila em um canto e mais que depressa deitei-me em minha cama cobrindo por completo meu corpo suado com aquele sujo cobertor de lã. Meus pais chegariam somente de madrugada e o medo corroía-me. Por sorte adormeci, ouvi a porta abrir-se, um alívio percorreu minh'alma, eram meus pais.

3:00, acordei outra vez com aquela sensação de estar sendo observado, olhei para cada canto do meu quarto mas não avistei nada, de repente olho para o teto, ele estava lá, vigiando-me, era negro e não tinha forma, era como uma sombra, mas os olhos vermelhos pareciam queimar no fogo de um inferno próximo; ele pulou em cima de meu peito, eu podia sentir seu bafo quente e meu coração batia de maneira desordenada, eu gritei, gritei muito, meu pai veio correndo até mim, acendeu a luz e aquela figura macabra desapareceu.

Hoje minha vida só desanda, faz mais de um mês que eu não durmo e não tenho sorte com mais nada, nada dá certo e o azar me persegue, sempre sinto sua presença e aos poucos vou enlouquecendo, maldita hora que aquelas palavras saltaram de minha boca, maldita foi a hora...

Paloma B
Enviado por Paloma B em 01/08/2014
Reeditado em 02/08/2014
Código do texto: T4905767
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