Evento Zero – O dossiê.

Em vista do comunicado das Forças de Ocupação da ONU, o qual aponta uma nova data para o processo de desocupação do território nacional (ainda não definida oficialmente) nós os editores do Blog Filhos do Átomo tornamos publico o presente dossiê. Ao que tudo indica, estamos lidando com um nefasto complô governamental apoiado pelas mesmas nações que no momento ocupam nosso país rapinando os recursos naturais e ignorando nossa soberania sob o pretexto da paz e justiça.

O presente documento foi encontrado nos arquivos do jornalista Caio Platão da Agência Internacional de Jornalismo Livre, morto pela polícia secreta do governo brasileiro em dezembro de 2015.

Este foi seu último trabalho antes de sua morte perpetrada pela ditadura dos trabalhadores.

Esperamos que este dossiê dê novo fôlego ao povo brasileiro em sua luta por uma nação novamente livre e forte.

Sinceramente,

Paulo Bezerra Coimbra e Paola Caminha.

Editores.

***

Essas são as transcrições na integra dos áudios dos depoimentos de alguns sobreviventes do desastre ocorrido em 2014. Os depoimentos foram coletados entre 20 de agosto e 17 de novembro de 2014, todos os depoentes estavam mentalmente sadios.

Todos os eventos citados ocorreram entre 17 e 18 horas da noite de 13 de julho de 2014.

Todos os depoentes faleceram em consequência de sequelas do Evento Zero.

20 de agosto de 2014, Bangu, Rio de Janeiro.

Depoimento de Hélio Batista Silva, 36 anos, pedreiro.

“Eu tava voltando do trabalho, peguei dois turnos. Eu tava puto por ter que ter trabalhado no dia da final, mas é a vida. Eu tava vendo o jogo no meu celular sentado no chão do vagão do parador do ramal de Bangu. Não vi o que aconteceu, só ouvi o barulho. Muito alto. Altão. Depois o trem foi jogado longe.

Acho que não morri por que tava sentado perto da sanfona que juntava os vagão. A borracha derreteu e cai pra fora nos trilhos.

Eu me queimei todo com a borracha, mas não desmaiei na hora, deu tempo de ver os trens caindo longe, dentro da Quinta.

Era fumaça e fogo pra todo lado. Gente gritando e um pó grosso pelo ar. Sufoquei várias vez antes de desmaiar.

Acordei no hospital e depois que fui saber o que tinha acontecido.

É isso o que lembro.”

07 de setembro de 2014, Caxias, Rio de Janeiro.

Depoimento de Edilton Silva, 39 anos, vendedor ambulante.

“Eu tinha passado o dia vendendo cerveja e água ali por perto do Maraca. Era proibido né? Mas sabe como é, tudo se arruma na base da conversa. Eu dei um agrado de cem merréis na mão de um cana lá e fiquei na moral.

Eu sei que é errado, mas tenho que trazer o leite das crianças. É a vida.

Foi só acabar meus produtos que juntei minhas caixas e peguei uma van para a Central ouvindo o jogo no rádio, durante o trajeto, na Cidade Nova, a explosão aconteceu.

Teve um clarão, depois um estrondu e ai a van subiu e caiu dentro do valão.

Me cortei todo e quase me afoguei. Sai do carro sem ajudar ninguém. Mas devia! Mas sabe né? Na hora, com o sangue quente, a gente só pensa na gente.

Quando consegui subir pra rua, me caguei de medo xará. Tinha mais nada. Tudo sumiu. Só ficou a porra do pó no ar, mais nada.

Caminhei em direção do porto, mas lá no Gasômetro tombei de fraqueza.

Acordei em Niterói, lá no hospital que eles montaram.

Passei um mês lá, sem poder falar com minha família. Sabe como é. Pobre não tem vez.

Tá bom? É o que lembro.

Essa entrevista vai pro jornal? Vou ganhar alguma coisa?”

17 de setembro de 2014, Queimados, Rio de Janeiro.

Depoimento de Creuza Lopes, 54 anos, aposentada.

“Estávamos as irmãs e eu, em um louvorzão na Quinta da Boa Vista. Foi muito lindo. Os pastores falando sobre a maldade do governo, os cantores louvando o Senhor e as moças dançando. Lindo, meu filho.

Eu fui por que a Géssica Catiucia ia cantar. Adorava aquela pastora, uma pena Jeová ter chamado ela tão cedo.

Quando o Bispo Geral da Baixada começou a falar sobre como o povo de Deus devia votar no Pastor Ataíde Franco eu fui ao banheiro. Gente idosa é difícil meu filho.

Eu não uso os banheirinhos de plástico. Aquilo é uma imundície, um nojo. Fui ao banheiro que existia ali perto do museu.

Eu estava urinando quando a terra tremeu e um barulho muito alto quase me deixou surda.

A luz apagou e então uma mulher entrou correndo pegando fogo. Uma coisa medonha! Eu fugi dela.

Corri para fora e fiquei chocada! Tudo estava pegando fogo, gente gritava por socorro, coisas caiam do céu e uma poeira grossa estava no ar.

Tapei o rosto com um lenço e fui procurar as irmãs da igreja. Procurei, mas não as achei.

Fugi em direção da estação de trem e um ônibus explodiu perto de mim. Um pedaço de ferro me acertou e desmaiei.

Acordei no colo de um soldado da aeronáutica. Ele me levou até um caminhão que foi para o Hospital de Emergência do Exército em Niterói.

Fiquei lá até me recuperar e fui liberada.

Aquilo foi o Apocalipse meu filho. Fogo do céu, o som de uma trombeta, gente sendo arrebatada, tudo está na Bíblia. O mundo devia ter acabado naquele dia, mas Jeová foi misericordioso e nos deu mais uma chance. Aleluia.

O que? Sim, arrebatadas. Essa história que o povo virou gás, que a televisão falou é obra do Inimigo. Só morreram os falsos crentes. Os verdadeiros foram arrebatados.

Eu? Por que não fui arrebatada?

Não fui porque Jeová queria gente aqui na Terra para contar a história para o mundo.

Meu pastor está escrevendo um novo capítulo da Bíblia sobre isso e eu vou estar nele como uma profetisa do Senhor. Olha que glória. Aleluia!

O nome do meu pastor?

Silas.”

28 de setembro de 2014, Magé, Rio de Janeiro.

Depoimento de Getúlio Amorim, 43 anos, piloto de helicóptero.

“Eu havia acabado de iniciar meu horário de trabalho. Na época, a empresa em que eu trabalhava oferecia passeios noturnos sobre a cidade. Coisa normal. Eu queria ver o jogo, mas temos que trabalhar não é mesmo?

O trajeto começava no Tom Jobim e seguia pelos pontos turísticos da cidade, Pão de Açúcar, Cristo, Copa, Lapa, etc.

No momento, eu transportava quatro clientes japoneses. Foi um voo tranquilo até a explosão ocorrer.

O sistema elétrico entrou em pane e perdi o controle da aeronave. Colidimos na área da Floresta da Tijuca.

Só eu sobrevivi.

Assim que consegui escapar dos destroços, procurei por ajuda gritando pela mata e ao amanhecer, um morador da região apareceu e levou-me até sua residência. Um barraco no meio do mato.

Foi lá que pude ver a devastação da cidade. Uma parte da floresta estava calcinada e todo o centro do Rio estava encoberto por uma nuvem de pó semelhante à mostrada nas imagens do Onze de Setembro. Horrível.

Oi?

Ah, sim. Eu vi algo estranho antes da explosão. Um avião da FAB cruzou o céu em direção ao estádio do Maracanã em uma altitude muito baixa. Pensei que estava tendo um problema e comuniquei a torre do Tom, mandaram-me seguir o meu plano de voo e ficar calado.

Na hora não dei importância ao ocorrido e continue meu trabalho até o momento da queda.

O que acho sobre essa atitude da torre de comando?

Acho nada amigo.

Nada.

Acho que até falei demais. Vamos parar por aqui, certo?

Eu tenho crianças para criar.”

21 de outubro de 2014, Santa Cruz, Rio de Janeiro.

Depoimento de Carlos Eduardo Guarani, 51 anos, oficial reformado do exército.

“O que?! Desculpe rapaz, mas eu fiquei meio surdo durante o Evento Zero. Fale alto.

Claro. Entendido. OK.

Eu ainda estava na ativa, era responsável por uma das unidades de vigilância no perímetro do Maracanã. As bases de operações das unidades eram constituídas de veículos pesados de transporte civil de cargas, onde foram montados centros de logística e monitoramento.

Minha unidade era responsável pelo setor oeste.

Tudo ia bem, algumas confusões com manifestantes, uma molecada mimada, os tais Black Blocks, mas nada que pudesse estragar o evento.

Por volta das dezoito e trinta, pudemos notar a aproximação de um transporte na zona de segurança aérea do perímetro. Comuniquei aos meus superiores o fato e fui ordenado a manter o rádio em silêncio.

Estranhei a ordem, mas um soldado segue ordens. Um bom soldado sempre segue ordens.

O que?! Fale alto!

Sim, eu vi.

O dispositivo não foi uma bomba suja como o governo relatou. Era um artefato nuclear militar! Eu tenho absoluta certeza disso.

Vi quando a bomba caiu sobre o estádio. Eu vi!

E isso foi gravado pelas câmeras de monitoramento!

Onde estão as imagens? Pelo amor de Deus rapaz! Foram apagadas. Apagadas. Ponto.

Como sobrevivi?

Por sorte, pura sorte.

Assim que o PEM destruiu os equipamentos, a onda de choque lançou o veículo base longe.

De uma equipe de quatorze homens, apenas três sobreviveram, o cabo Macário, o soldado Pinto e eu. Os dois faleceram duas semanas depois, graças os ferimentos que tiveram. Uma lástima.

Se foi o governo?

Você é um piadista rapaz? Não é? Claro que é.

Você sabe a resposta. Todo mundo sabe.

O senhor é um pandego.

Um merda de um pandego.”

29 de outubro de 2014, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Depoimento de Eduardo Campelo, 27 anos, jornalista esportivo.

“Eu havia acabado de enviar meu artigo sobre as estatísticas do jogo da tarde daquele dia para a redação e então segui para casa. Queria ter ficado, mas a FIFA exigiu a saída de quem não estivesse credenciado para a final. Posso dizer que tive sorte.

Como o transito na área do estádio estava proibido para veículos de passeio, tomei o metrô na estação Maracanã rumo ao centro da cidade, onde deixei meu carro.

Assim que a composição saiu da estação da Central, a energia acabou e tudo tremeu. O túnel ruiu sobre a composição e várias pessoas foram esmagadas. Um verdadeiro horror ficar no escuro ouvindo as pessoas gritando por socorro. Um horror! Nunca mais dormi direito, preciso me entupir de remédios para pegar no sono.

Como?

Sobrevivi graças ao fato da estrutura acima do vagão onde eu estava ter suportado o dano.

Fiquei preso nesse vagão com mais 48 pessoas por 26 dias. Bebi minha própria urina e passei uma fome desgraçada esperando a equipe de salvamento. No dia do resgate, havia só catorze pessoas vivas, a maioria dos mortos faleceu por inanição ou suicídio.

Foi um inferno.

O que? Sim, aconteceu. Alguns dos sobreviventes comeram os mortos. Foi uma coisa absurda, mas quem pode os culpar? Quem não faria de tudo para sobreviver?

Eu?

Não.

Já disse, eu não.

O que eu acho que aconteceu?

Foi o governo. Todo mundo sabe disso, mas quem vai fazer alguma coisa? Quem?

Isso aqui é uma ditadura velada amigo. Meter a cara contra o governo é pedir para sumir.

Essa é a verdade.”

17 de dezembro de 2014, Búzios, Rio de Janeiro.

Depoimento de Paulo Carvalho, 32 anos, político.

“No horário do chamado Evento Zero eu estava em uma reunião com um capitão da aeronáutica, o senhor Leão Gomes Fagundes. Ele entrou em contato com meu gabinete e marcou essa reunião dizendo que tinha em seu poder documentos comprometedores. Documentos sobre uma enorme conspiração em escala global que mudaria os rumos da história.

Apesar de não levar fé na estória, marquei a reunião para as dezoito e quarenta em meu gabinete na assembleia do Rio.

O capitão Fagundes foi muito pontual e cordial, mas a figura dele era medonha.

Como assim medonha?

Parecia um louco. Estava prestes a surtar. Olhava para todos os lados, cheio de nervosismo e segurava uma pasta sob o braço como se a coisa fosse correr caso ele a largasse.

Com um pouco de jogo de cintura acalmei o homem e então ele me apresentou os documentos que trazia na tal pasta.

O que eles diziam?

Diziam que os americanos e o governo do Brasil bolaram um plano para dar carta branca aos EUA continuarem a rapinar o oriente médio e o governo brasileiro nunca mais mudar.

Eles iriam criar uma comoção em larga escala que o mundo todo iria se condoer.

E que comoção melhor do que um ataque terrorista nuclear durante uma Copa do Mundo?

Não há.

Morreriam pessoas do mundo todo e por isso todos os países iriam tocar o foda-se nos árabes, até mesmo os seus aliados no oriente médio e na China. Aí os americanos dominariam as reservas de petróleo e essa quadrilha travestida de governo iria poder instalar essa ditadura velada que o Brasil vive.

Entendeu?

Onde estão esses documentos?

Sumiram durante a explosão.

Eu só sobrevivi por que o capitão Fagundes, sabendo do horário do ataque me jogou dentro do poço do elevador para me proteger.

Quanto tempo se passou até eu ser resgatado?

Seis horas! Uma eternidade!

Mas aguentei como um herói!

E tenha certeza! Irei até as últimas consequências para provar a verdade! Para acabar com essa patifaria!

Isso basta?

Sim? Opa! Muito bom.

Agora em off menino, diga lá: Essa entrevista vai sair em qual jornal? Diga lá, pois vou comprar uma boa quantidade e distribuir pelo estado, gratuitamente. Eleições chegando.”

***

Departamento Geral de Informação do Itamarati.

Agência de Controle de Danos Radioativos do Itamarati, doc. n°: 00001/15 – Série 02.

Relatório de baixas humanas: dados atuais.

Mortes estimadas durante o Evento Zero: Um milhão e oitocentos e setenta mil.

Mortes comprovadas durante o Evento Zero: Um milhão e duzentos e trinta e dois mil e oitocentos e vinte e nove.

Mortes estimadas em decorrência ao Evento Zero: Dois milhões e quinhentos mil.

Mortes confirmadas até o momento: Um milhão e cento e vinte dois mil e quarenta e dois.

Danos materiais gerais: Incalculáveis.

Nível de contaminação do ambiente (Assinalar a alternativa propícia):

□ Baixo

□ Médio

□ Alto

■ Impróprio para a vida humana

Estimativa de descontaminação do ambiente: Entre cem e duzentos anos.

Ações a serem tomadas:

Isolar a área.

Controlar o fluxo de entrada de civis na área (em caso de necessidade, o uso de violência é permitido).

Analisar o solo e água da área a cada seis meses.

Montar uma base de controle permanente na fronteira da área de risco.

Eliminar possíveis vetores animais oriundos da área.

Construir um museu em homenagem a presidente morta no Evento Zero.

Construir um monumento homenageando os mortos do Evento Zero.

Criar um feriado homenageando os jogadores da seleção nacional mortos durante o evento.

Criar uma campanha em favor das investigações do Evento Zero (indicamos o senhor Inácio como garoto propaganda).

Atenciosamente,

J. D.

Diretor Vitalício do Departamento Geral de Informação do Itamarati.

***

Carta aberta ao povo brasileiro.

Caros cidadãos do Brasil, após a divulgação de documentos secretos, relativos aos eventos ocorridos durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, onde um artefato nuclear foi utilizado contra inocentes em uma ação terrorista do governo brasileiro, os países membros da ONU decidiram em uma assembleia geral por enviar uma força de ocupação, para assegurar que os culpados pelo incidente sejam levados à justiça internacional.

Essa força será encabeçada pelos E.U.A, Rússia e China e visa além da captura dos culpados, assegurar o bem estar da população e a preservação dos recursos naturais, principalmente os hídricos, pois percebemos que os mesmos pertencem não só ao povo brasileiro, mas ao mundo.

Pedimos a cooperação de toda população, sobremaneira do aparato público, pois a captura e prisão dos responsáveis pelo atentado é uma questão, a nosso ver, de suma importância para todas as nações.

A ação terá início na próxima quarta-feira, dia 25 de novembro de 2015.

Sem mais, pedimos novamente sua cooperação.

Atenciosamente,

Paul Craig Smith.

Diretor Geral do Conselho de Segurança da ONU.

***

Transcrição de uma gravação do momento do bombardeio da ONU em Brasília encontrada nos desertos radioativos de Goiás:

Não foi nossa culpa...

Meu Deus eles jogaram a coisa!

Não meu Deus! Não!

Eu vou morrer!

Socorro! Mãe!

Socorro! Foi tudo obra do Obama e do Lu...

(Estática).

TTAlbuquerque
Enviado por TTAlbuquerque em 13/07/2014
Código do texto: T4880023
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