O ENIGMA DOS MUNDOS DTRL 16

...Surge então imponente como nobre capacidade.

Alheia a razão e adepta ao abstrato.

Ela! A grande senhora, que nos corações e mentes não povoa a indiferença.

Alguns a julgam como insana, psicótica e até mesmo vã.

Mas outros, que com absoluta certeza digo que são muitos a tem como uma deusa e por ela são devotos.

É a progenitora da criatividade e simbólica, mas também literalmente da vida a criação, seja neste ou em outros mundos.

A Chame de Imaginação e ela certamente o atenderá.

Por isso cuidado!

Deus do Egito.

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Miau!

Tossi, e de minha boca saiu àquela gosmenta bola de pelo.

Ah! Você esta ai. Você é o ser escolhido! Eu estava ansioso a sua espera.

Dentre todos os Deuses e seres sagrados que podem transitar entre os mundos de matéria, por algum motivo fui eu o designado para narrar o fim dos seres de carne.

Ou seja, estou aqui para armazenar historicamente como a sua raça morrerá e preciso que você seja testemunha do meu trabalho, afinal, logo você estará no mundo antimatéria e levará consigo até o chefão, a memória da estória da história que lhe contarei.

Eu sei é triste, mas o que lhe falei não é necessariamente uma verdade absoluta. Sei tudo o que aconteceu, o que acontece e o que provavelmente acontecerá. Porém surpresas são um fato incontestável, tenha esperança e venha comigo.

Até porque acho que você odiaria passar as ultimas horas de sua vida com uma sonda implantada ao seu cérebro, limpando todas as informações que acabou de receber. Saiba que eu faria isso!

É mais fácil para ti, simplesmente aceitar e embarcar comigo nessa missão. Seja meus olhos e meus ouvidos, habite minha mente e salte comigo. Eles estão chegando!

AGORA!

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Veridiana é uma jovem pintora entusiasta, de cabelos pretos cacheados, corpo magro, rosto fino e olhos castanho-claros. Desde muito cedo seu maior sonho sempre foi conquistar o mundo usando pincel e tinta. E hoje esse objetivo parece estar mais próximo de se concretizar. Afinal, a estreia dela no universo das artes, esta marcada para essa noite na galeria, Diversa Arte.

Que, aliás, é o local onde ela se encontra, organizando a exposição com a ajuda do namorado, André, um músico, de cabelos loiros, pele clara, corpo atlético e um estilo meio Punk Rock.

Que trouxe consigo o melhor amigo, Samuel, um escritor e roteirista de livros e filmes ainda não lançados, possuidor de uma aparência bem desleixada, cabelos despenteados e camisa e shorts largos, mas que mesmo assim conquistou o amor de uma linda moça, professora de educação física, dona de um corpo escultural, um rosto lindo e cabelos castanhos, chamada Ana Júlia. Que frustradamente acompanha Samuel, André e Veridiana na missão de organizar todos aqueles quadros até o fim do dia.

— Samuel olha aqui!

— O que foi dessa vez, Ana?

— Onde é que eu coloco esse quadro?

— É abstrato, coloque com os outros abstratos.

— Não é não, olhe aqui no meio, pode parecer uma mancha preta, mas é uma vaca. — Diz ela enquanto aponta para um borrão no quadro.

Samuel ri.

— Quadros abstratos servem para isso, eles fazem com que o inconsciente das pessoas forme imagens de alguma necessidade interior.

— Diz ele.

— Nada a ver, nem de churrasco eu gosto. Cala a boca!

Ana pega o quadro e começa a ergue-lo.

— Cuidado! — Grita Veridiana ao fundo.

Ana solta a tela na mesa e ergue as mãos em sinal de espanto

Veridiana corre até eles e se explica:

— Ai, desculpa gente, é que esse é o meu preferido. Deixaram ele aqui por engano. O lugar dele é na entrada. Afinal, essa pintura representa a minha personalidade ao longo de todos os anos, desde quando resolvi pintar até hoje. E como eu sempre desejei, darei as ultimas pincelas nele agora, nesse grande dia, para dar sorte!

Veridiana sorri, pede ajuda de André e juntos eles começam a levar o quadro para entrada.

Ana cutuca Samuel, coloca a boca perto da orelha dele e fala em tom baixo:

— Você tinha razão, não tem uma vaca no quadro. Ele apenas foi inspirado em uma!

Samuel expressa um leve sorriso, balança a cabeça e diz:

— Vai Ana, vamos acabar com isso logo, mãos à obra!

Os dois começam a organizar os quadros novamente, mas Ana não para de reclamar um minuto sequer.

Na entrada da galeria, André ajeita a tela em um cavalete, enquanto Veridiana coloca as tintas na aquarela.

Após acabar de arrumar ele se afasta para que a pintora possa enfim terminar o quadro.

Ela se posiciona, afunda o pincel na tinta vermelha, e em seguida a leva a tela. Faz movimentos circulares por 5 vezes, e depois bem no centro do círculo começa a traçar um risco vertical. Porém no meio dessa ação o pincel começa tremer.Confusa Veridiana tenta puxa-lo. Mas as cerdas estão fortemente grudadas na tela. .Ela persiste o agarra com força e novamente tenta retira-lo. O pincel desgruda por um segundo, todavia em seguida é sugado para dentro da pintura, levando junto parte da mão de Veridiana.

As pupilas dela dilatam, os olhos esbugalham-se, a boca trêmula se abre, e ela solta um terrível grito de horror.

André que estava distraído espanta-se ao olhar a situação em que a namorada se encontra e de imediato tenta ajuda-la.

O grito da pintora ecoa pela galeria!

— Que porra é essa? — Pergunta Samuel, voltando a cabeça em direção a entrada.

— Não deve ser nada, essa sua amiguinha que é uma fresca. —Responde Ana Júlia

Nesse momento as luzes se apagam, e um forte odor podre toma conta do recinto.

André puxa a mão de Veridiana do quadro, mas é em vão.

A pintora desespere-se, e começa a bater a tela em todos os lugares a fim de quebra-la.

A luz volta!

Vozes, gargalhadas e gritos começam a sair de algumas obras!

Veridiana olha ao redor e percebe que as pinturas estão se mexendo.

Rapidamente ela pede para o namorado que segure o quadro.Ele segura fortemente, ela une todas as forças que consegue e tenta se desgrudar. Finalmente obtém êxito, a mão sai, porém extremamente machucada.

André joga a pintura no chão, e ao cair a tinta vermelha ainda fresca se mistura ao sangue e começa a borbulhar.

— Samuel, Ana Júlia, venham, temos que sair daqui! — Grita Veridiana.

Os quatro começam a se dirigir para a porta principal!

Como estavam perto, a pintora e o músico chegam rapidamente. Entretanto encontram a porta trancada.

Começam a tentar arrombá-la.

O segundo casal se aproxima correndo. No entanto algo inesperado acontece.

— Cuidado com o quadro da vaca! — Grita Ana Júlia

Mas é inútil!

Samuel tropeça, cai, e bate a cabeça!

A pintura que estava borbulhando, começa a jorrar feito uma fonte e inexplicavelmente inicia um voo na direção de André e Veridiana.

A pintora escuta o grito de Ana e vira-se para ver o que se passava. Nesse momento nota que o quadro a atingirá. Mas fica estática!

Por sorte André a empurra para o lado a tempo.

Ela se salva! Mas ele é atingido e jogado contra a parede.

O quadro diminui a velocidade e chega próximo dele novamente, mas desta vez, para, vira–se na horizontal e fica flutuando no ar um pouco acima da cabeça do rapaz. Que rapidamente tenta passar por baixo.

Mas antes que pudesse realizar essa ação, a moldura da pintura pega fogo. E fogo se expande rápido, prendendo André em uma espécie de véu flamejante, pelos lados e por cima. Deixando-o encarcerado entre a parede e a morte por queimaduras.

Veridiana que estava de bruços, caída ao chão. Começa a se levantar. E percebe que a galeria toda foi tomada por uma tinta vermelha que sai daquela maldita tela. Como se não bastasse todas as obras estão caindo em uma harmonia terrivelmente preocupante.

Ela levanta e começa a chamar pelo namorado.

As luzes estavam piscando sem parar o que dificultava a procura.

Eis que então uma mão agarra seu braço. Veridiana alegra-se, pensando que é André, vira-se para vê-lo e... Desmaia!

Não aguentou, ela não podia crer no que seus olhos viam.

OS PERSONAGENS DAS OBRAS GANHARAM VIDA!

Enquanto isso, Samuel e Ana estavam novamente nos fundos da galeria.Correram para lá fugindo de uma figura macabra, e acabaram no meio de um circulo, feito por umas pessoas esquisitas com poucas expressões faciais.

Mas que assustadoramente gritavam: RITUAL! Ritual! RITUAL!

Ana estava sentada, pois foi ferida na perna e não conseguia andar!

Samuel encontrava-se com um corte na cabeça e de punhos fechados, tentando realizar uma ginga de capoeira de uma maneira tímida e desastrada.

Os indivíduos estranhos abriram o circulo, para que alguns deles levassem até o centro um tronco de arvore.

Nesse momento Samuel parti em fúria ao encontro deles. Dá um salto armando um chute e acerta um dos integrantes. Todas aquelas pessoas ficam enfurecidas.

Capturam-no e violentamente o amarram com correntes em torno do tronco.

Enquanto é amarrado Samuel em desespero, tenta correr os olhos no local procurando Ana Julia , que não estava mais sentada na região central do circulo.Na cabeça dele os segundos passam com a velocidade de milênios.

A dor que sente é gigante, mas ainda é menor do que a preocupação com a amada.

Ele tenta se mexer, mas não consegue, as correntes estão bem apertadas o que faz com que se machuque ainda mais.

A sensação de impotência o rega de ódio e tristeza.Tenta gritar, mas não pode pois sua boca esta paralisada por uma mordaça de metal. No ápice da raiva ele a morde. É agonizante ouvir o barulho dos dentes se quebrando.

A preocupação dele com a amada de fato fazia sentido.

Ana Julia não escapou das pessoas estranhas, pelo menos não sozinha. Ela foi levada por bruxas!

E agora a Bela professora de educação física se encontrava, frágil, nua e desmaiada, em outro canto da galeria.

Ao lado dela as bruxas aprontavam um caldeirão, preparam uma poção que tem Ana como ingrediente principal.

Espera ai. Ouvi um estrondo!

A fiação começou a faiscar e um curto se sucedeu. Todas as luzes estouraram. O breu e o silêncio tomaram conta da galeria.

E no centro da galeria um dialogo surgiu:

— Eu te darei poder, tanto sobrenatural quanto social. Mas em troca quero sua fidelidade e obediência. — disse um voz misteriosa

— OK

— Então prometa e faça!

— Eu juro a você e a seus povos a minha fidelidade eterna. Que a tinta se misture ao meu sangue, e que se algum dia eu pensar em que te trair, desejo que ela seque minhas veias.

Ditas essas palavras uma bola de fogo surgiu no ar, e a claridade exercida por ela revelou a face de quem fez a jura. Foi Veridiana!

A pintora pega um pincel no bolso da calça e o rela no fogo, fazendo um tocha. Em seguida respira fundo e engole seco.Olha para a pintura que deu inicio a tudo aquilo e começa a se dirigir até ela.

Atrás da maldita obra André encontra-se desmaiado, a asfixia esta o levando a morte. A pele e as roupas dele estão molhadas de suor e as mãos e os pés começam a ser sapecados pelas chamas.

Porém de repente o fogo se extingue, Veridiana chegou!

Ela se abaixa, coloca a mão na cabeça de André e o acaricia. Em seguida morde os lábios e fecha os olhos com força. Tira do bolso umas pequenas pílulas laranjas. Abre a boca do rapaz e as empurra garganta abaixo.

Depois a pintora, se levanta, e com os olhos cheios de lagrimas diz:

— Queime!

Nesse momento André fica vermelho, e subitamente acorda. Fadigado e desesperado, e ele olha fixamente para a namorada.

Diante dessa situação Veridiana arrepende-se, não entende como pode ter sido tão fútil ao ponto de selar aquele pacto. Sem saber o que fazer, ela desesperada. Abaixa-se novamente diante de André.

Em mil prantos pede perdão a todo instante. O abraça, abre a boca dele e tenta retirar as pilulas, mas é em vão, pois elas já desceram. Aterrorizada a pintora começa a enlouquecer, e em sua mente começa achar que pode salvar André se conseguir abrir o corpo dele e retirar as malditas capsulas. Então ela olha para o lado, a vista o pé de um cavalete e não pensa duas vezes.

Quebra um pedaço da madeira, escolhe o lado mais pontiagudo e o crava no pescoço de André com toda a força. A madeira atravessa o rapaz , o osso se destronca e voa sangue na face de Veridiana. Quando o sangue toca o rosto dela, ela volta a sanidade e percebe o que fez.

Horrorizada a pintora leva as mãos ao rosto e aperta forte, tão forte que suas unhas rasgam a região abaixo dos olhos.

—Não pode ser! - Ela diz baixo.

Em seguida sai de cima do corpo e começa a rolar no chão.

Fica nessa situação por algum tempo e depois levanta.

Com um olhar maligno ela limpa as lágrimas, arruma a postura, pega a tocha e diz:

— Eu te amava, mas não tanto quanto me amo.

Depois começa a ir para fundos da galeria.

Não demora muito e ela chega ate o local onde Samuel esta:

— Afaste-se — Ordena Veridiana, se dirigindo aos povos estranhos.

Todos os indivíduos correm.

Veridiana chega bem perto de Samuel que esta todo esfolado, com sangue por todo corpo e dentes quebrados.

Mas de repente ela ouve.

Como você fez isso? — Diz Ana Júlia.

— O que? Como você escapou das bruxas? — Espantada, pergunta Veridiana.

Como sabe que eu estava com bruxas? — Indaga Ana Júlia

Veridiana percebe que Ana suspeita de algo, por isso a ignora.

Olha para Samuel e grita : — Fogo!

Uma fogueira se inicia aos pés do rapaz.

— MALDITA! — Grita Ana, que começa a correr na direção do amado para tentar liberta-lo.

Mas quando ela chega perto da fogueira.

Veridiana olha para o casal com um olhar maligno.

— Mais fogo! Diz em um tom praticamente de deboche.

Um enorme fogaréu envolveu Samuel e Ana, a moça consegue chegar perto do amado, mas ao ver que tentar liberta-lo é algo irracional, ela o abraça. E assim romanticamente os dois abraçados morrem carbonizados.

Após assistir a morte dos pombinhos. Veridiana joga a tocha no chão e começa a fazer um ritual.

— Furgunare alme as dirá foryuniari.

Dito isso, um pote de vidro surge na mão de Veridiana , e esse pote sugou e aprisionou dentro dele as almas de André, Samuel e Ana Júlia.Após este fato um enorme clarão tomou conta da galeria e tudo que estava lá foi teletransportado para o MUNDO DE TINTA.

Bem em frente ao palácio DA VINCI, principal sede do governo.

Onde os auto-retratos dos pintores governavam até serem dominados por uma Criação.

É é essa criação, personagem de uma obra-prima, que quer tomar o mundo de carne, para que assim os seres de Tinta passem de criaturas para criadores.

Veridiana com o pote das almas na mão, entra no palácio.

O interior dele é muito belo, tem paredes e pilastras douradas e gigantescas.

As janelas de vidraças ficam no topo e como esta de dia, os raios solares irradiam a sala.

Ao fundo do recinto existe um trono, nos braços do trono duas cabeças estão de captadas, são as dos auto-retratos de Da Vinci e Michelangelo. Sentada no trono uma mulher de vestido preto e com um véu branco cobrindo o rosto, acaricia os cabelos deles.

No chão existe um tapete vermelho que corta a sala toda, ao redor dele estão os corpos de todos os pintores que ocupavam o governo.

Enfim, o palácio é belo, mas nesse momento esta cheio de morte.

— Entre nobre pintora, e me de o prometido! — Disse a mulher

Veridiana com medo, nojo e com vontade de vomitar pelo cheiro fétido dos cadáveres vai ate a mulher e a entrega as almas.

A mulher pega o pote o eleva o contempla e sorri.

Mas enquanto olha, algo estranho acontece.

Duas almas se unem, tornando-se apenas uma.

A mulher espantasse e o pote quebra!

As almas fogem!

Com a explosão a mulher cai ao chão e o véu se solta.

Veridiana corre para ajuda-la e assusta-se.

— Mona Lisa! — Diz Veridiana

— Afasta-se de mim, você deve ter feito algo errado sua imbecil.

— Não, eu fiz tudo certo!

— Se mate imediatamente!

— O que?

— Você jurou fidelidade e obediência a mim , agora eu quero que você se mate, eu ordeno!

Veridiana começa a correr.

— Lembre-se do juramento — disse Mona Lisa

Neste instante Veridiana, para, sente um arrepio na espinha.Seu corpo começa a formigar e aquecer. Uma forte pontada no peito a abate. A visão começa a ficar turva e tudo ao redor começa a girar. Uma dor de cabeça insuportável toma conta dela, aliás a dor invade o corpo todo, o coração começa a pulsar extremamente rápido, ela da uns passos para frente e nesse ato tem a sensação de estar pisando em agulhas.

A pintora cai de joelhos e começa a gritar!

Mona Lisa diz umas palavras, chega perto de Veridiana, agarra o cabelo dela e a levanta. Fica frente a frente com moça, que nesse momento treme e esta prestes a ter uma convulsão. Agarra a cabeça dela e em seguida a vira com toda força, assim quebrando o pescoço da jovem. Depois ela joga o corpo brutalmente no chão e sai correndo gritando para alguns soldados presentes na sala:

— Chamem todos, vamos capturar as almas fugitivas.

E então todos saem.

Mas é em vão, nunca conseguirão, almas não são matéria e viajam na velocidade da luz.

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Tendo em vista isso, não há mais por que narrar.

PARABÉNS! Sua raça esta salva, ao menos por enquanto!

Sei que por mim você não cultiva bons sentimentos, posto a situação em que nos encontramos isso não poderia ser diferente.

Mas quero dizer-lhe uma coisa, eu deveria ser totalmente imparcial quanto a todos os mundos e seres, mas espero nunca mais te ver!

ADEUS ser escolhido.

Vá, viva e defenda o mundo de meus Faraós!

Tema principal: Quadros.

MarcosMazutti
Enviado por MarcosMazutti em 30/05/2014
Reeditado em 07/06/2014
Código do texto: T4826036
Classificação de conteúdo: seguro
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