O GRITO.
Era o Terror.
Num contraste entre cores frias e quentes, um homem paralisado, morto de cansaço, afogado em melancolia, desesperado e angustiado, gritava sua dor à surdos berros. Seus agonizantes gritos deformavam aquele horripilante quadro onde vivia. O corpo, já de saúde miserável, contraía-se pelo temor daquele céu vermelho sangue que se refletia abaixo, nas frias e tortuosas águas dum esquecido rio. E assim eram sentidos os abafados gritos do homem pelos tremendos Gritos da Natureza.
Não restou mais ninguém ali, seus amigos não pararam, continuaram seguindo em frente naquela retilínea e inabalável estrada; insensíveis àquela brisa de melancolia que os seguiam, e cegos perante à aflição daquela paisagem que tanto admiravam. E nem o homem já mais existia, restaram apenas suas lembranças, e a inesquecível memória de um longínquo grito que ainda permanece vivo, intocável.