“Uma Rapidinha para descontrair” Mini Conto
Sempre que chegava a minha humilde casa, ela estava lá, era mais velha do que eu, ainda assim eu gostava dela. Meu falecido pai, que Deus o tenha, sempre me falava que ás vezes as mais velhas são as melhores.
A porta se abriu, num rangido, leve e irritante. Minha cabeça latejava intermitentemente. Depois de um dia árduo de trabalho fica difícil não pensar nas contas ou no pouco dinheiro que eu receberia ao final do mês. Era sufocante. Nada melhor do que chegar e encontrá-la ali, tão incitante.
Entrei. Quando a vi com as pernas abertas, bem ali sobre o carpete, me esperando, olhei-a e tive a certeza que precisava dar um jeito nela, e ela me queria. De fato tínhamos uma relação interessante, era somente ela e nenhuma outra. Fui ao seu encontro, senti aquele aroma reconhecível no ar, aquele perfume que carrega o ambiente, e a cada passo o sentia mais, e mais. E como isso era bom, muito bom.
Entre as pernas eu podia vê-las. Era uma pequena aranha negra, e suas teias finas e delicadas, e essas se agarravam as pernas, porém não se movia, parecia me suplicar para tratá-la com um tapa, e eu queria fazer isso, mas não o faria de imediato, não com aquela espécime de aranha.
Já estava farto de tudo, queria sentir o quanto ela poderia me acalmar, queria relaxar um pouco após aquele dia exaustivo. Ela continuava imóvel, se pudesse sorriria para mim, isso se ela pudesse. Sentei sobre ela e logo vi que a mesma sentiu meu peso, e respondeu a esse sentimento com um som que se assemelhava a um leve gemido ou quase isso, até que abruptamente revidou, e me derrubou, porém ela também foi ao chão.
A adrenalina me tomou naquele momento e logo me levantei deixando-a lá. Olhei para ela, "maldita"; pensei, enquanto via as pernas separadas, e num ato impulsivo comecei a chutá-la, chutei-a até que meu pé sangrasse e por Deus, como eu queria que ela ficasse em pedaços microscópicos.
Só Deus sabe o quanto eu preciso de uma cadeira nova! E que não seja de madeira, por favor!