Ano 2213
 
Observamos, incrédulos, a criatura à nossa frente.
 
Um ser estranho, horripilantemente estranho! O conselho decidirá seu destino.
 
A missão encontrou a cápsula vagando no negro espaço e após a ordem do conselho, recolhemos e o trouxemos para nossa nave. Todas as medidas de prevenção foram seguidas, como rege o protocolo.
 
Apesar de desconhecermos o organismo que aparentemente se mostrava inconsciente, notamos que ainda vivia. Mas nada sabíamos sobre o que presenciávamos. A ala médica, totalmente protegida não deixaria que qualquer contaminação dizimasse a tripulação. Se algo saísse errado tudo seria incinerado, inclusive nós, da equipe designada a pesquisar tal criatura. Preservando o restante da tripulação na nave que estava seguramente protegida atrás das grossas paredes.
 
A pequena cápsula manteve-se isolada até que descobríssemos mais sobre ela. Muitas perguntas iam se acumulando enquanto tentávamos encontrar respostas.
 
O equipamento era, de certa forma, sofisticado e, porque não dizer prático. Longe de nós compararmos com a tecnologia atual que possuímos, mas estava cumprindo o propósito.
 
Infelizmente o sistema de manutenção, sem explicação, deixou de funcionar e a criatura seguiu o envelhecimento natural e já se mostrava em fase final de vida. As orbitas oculares sustentavam minúsculos globos sob finas camadas de que um dia poderia ter sido pele, ou outro tipo de organismo.
 
Encontramos o dispositivo que talvez abrisse a cápsula. Deixamos o trabalho para os Drones. Após recipiente aberto a leitura do ambiente não registrou nada de anormal e os gases que foram liberados ao abrir o artefato não nos apresentava perigo.
 
Achamos melhor não retirar a máscara que cobria parte de seu rosto, pois poderia terminar de vez com a criatura, antes mesmo de nossa pesquisa ter chegado ao fim. Precisávamos de mais informação, pois afinal de contas um novo tipo de vida foi, enfim, encontrado e o conselho não perdoaria uma falha sequer de nossa parte.
 
Um dos estranhos filamentos que projetava de seu corpo segurava um pequenino bastão de cor azul. Que iluminava nossas mascaras de proteção, ofuscando nossas vistas.
 
Com imensa dificuldade, não sem antes descartarmos a possibilidade daquilo ser um mecanismo de destruição, conseguimos retirar o artefato sem que causasse danos ao membro. Mais um desafio aos integrantes da equipe. Descobrir a capacidade tecnológica daquilo. Rapidamente, ao scannear o bastão, descobrimos ser informações armazenadas.
 
 
Levamos algum tempo para realinharmos as imagens e os sons emitidos pelos seres igualmente horríveis, o mais difícil foi decodificar a linguagem. Difícil, mas não impossível. Cientistas graduados trabalhavam por longos e incansáveis ciclos de tempo. Até que obtivemos êxito.
 
Aquele ser grotesco, criatura estranha trazia consigo uma triste história...
 
O planeta de onde vinha agonizava por faltas de recursos naturais a mais de dois séculos. Então guerrearam entre si, morriam aos milhões em meio a disputa pelo liquido que se tornou ainda mais precioso, fonte de vida que chamavam de agua.
 
Armas de destruição em massa foram detonadas e o planeta entrou em colapso. Terremotos assolavam continentes, vulcões cuspiam as entranhas incandescentes, chuvas acidas, altamente corrosivas, consumiam toda a forma de vida ainda existente no planeta.
 
Antes do fim, uma nave tripulada por cientistas foi lançada ao espaço, com intuito de perpetuar a espécie em outro mundo.
 
Depois de cinco anos, a nave foi surpreendida por uma nuvem de asteroides, comprometendo a vida da tripulação. Então colocaram na capsula o ser que levava consigo, não uma, mas duas vidas em seu ventre. O scanner confirmou a história. Havia duas vidas insistentemente pulsantes dentro da criatura que morria aos poucos para que os seres vivessem.
 
O relato final daquela mensagem soa como arrogância. Todo o conselho ouvia pela centésima vez as palavras do comandante da nave.
 
“Somos poucos agora, mas em breve seremos bilhões! Nossa raça não perecerá, iremos prosperar em outros mundos. Somos a Raça Humana!”
 
 
O conselho convocou a alta cúpula e o veredito foi dado:
 
Por unanimidade, os membros do alto conselho entende que uma raça que destrói-se mutuamente, que consegue sem remorso algum matar seu semelhante apenas por prazer, exaurir suas fontes de vidas e matar seu próprio planeta, Pode facilmente comprometer outras formas de vidas com suas manias de sobrepujar os mais fracos e fazer uso de armas de destruição em massa.
 
Decidimos enviar o último remanescente alienígena com suas outras duas vidas para um dos três sóis imediatamente e não permitir que essa terrível espécie floresça novamente. Protegendo nosso universo.
 
Poucos instantes após a sentença a pequena cápsula seguia em direção ao seu destino final, levando consigo a horrenda criatura. O universo estava limpo e salvo.
 


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Paulo Moreno
Enviado por Paulo Moreno em 21/03/2014
Código do texto: T4738722
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