Filhinho...
- Coma carne menino!
E aquelas rodelas de dourado macio, tendo um veio de sangue a brotar de cada corte, eram-me servidas em fartura doentia.
E mesmo que estivesse farto, ela continuava insistindo:
- Coma mais, meu filho.
- Chega mamãe! – Dizia-lhe já agonizante não querendo mais.
Devora ou te devoro. E abria sua bocarra enorme, mostrando as grandes presas que sua aparência frágil, de uma mãezinha na casa dos 50 anos escondia.
E aquelas rodelas de dourado macio, tendo um veio de sangue a brotar de cada corte, eram-me servidas em fartura doentia.
E mesmo que estivesse farto, ela continuava insistindo:
- Coma mais, meu filho.
- Chega mamãe! – Dizia-lhe já agonizante não querendo mais.
Devora ou te devoro. E abria sua bocarra enorme, mostrando as grandes presas que sua aparência frágil, de uma mãezinha na casa dos 50 anos escondia.
- Filho de loba é lobinho. Tem que ficar forte para comer menos na sua primeira transformação na próxima sexta de lua cheia.
A primeira virada de um lobisomem é terrível. Por isso ela me forçava tanto. A noite de estreia é incrível. O lobinho ganha grande força e, literalmente, quer sair devorando tudo pela sua frente. Encher-me a pança quando no estado ¨humano¨ é a melhor terapia para evitar-se o pior, além disso, ficarei acorrentado e preso, segundo ela: para a minha própria segurança.
Enquanto os pedaços gordos de carne malpassada vão sendo servidos, fico pensando naquela minha natureza sinistra: a de ser um devorador de pecadores, o que, em parte, alivia-nos a consciência já pesada.
- Te vejo nas próximas sextas de lua cheia, prezado leitor?