Natasha
Mais uma linda noite de luar. Natasha levanta de seu esquife e pára diante do espelho. Escova os longos cabelos negros e alisa o vestido de cetim cor de púrpura. Impecavelmente bela , como há séculos. Natasha sai do quarto e começa a vagar lentamente pelo castelo em ruínas, arrastando a comprida cauda farfalhante. Outra noite de luar, outra noite de tédio e solidão.
Quando, 800 anos atrás, ela, uma jovem da nobreza russa, fora transformada em vampira pelo Conde Drácula, ficara feliz por ter conquistado a vida e juventude eternas. Agora estava entediada... terrivelmente entediada dessa vida eterna e sem sentido. A imortalidade era uma carga.
Natasha Alexandrovna era o seu nome completo. Nascera nos arredores de Moscou na época das Cruzadas. Seu pai, um príncipe obscuro, recebeu um dia no castelo da família a visita de um nobre estrangeiro chamado Drácula. Ele logo se encantara pela exótica beleza de Natasha, seus olhos cor de violeta, pele alva e cabelos negros como asa de corvo. Eram sete irmãs, mas com certeza ela era a mais bela de todas.
Pouco tempo depois, um surto de peste negra vitimou toda a família e a criadagem do castelo. Lágrimas afloravam aos olhos de Natasha ao relembrar o cenário desolador. As pessoas adoeciam e morriam em poucas horas, jogadas pelos cantos. Os corpos permaneciam insepultos, o cheiro era insuportável, abutres começavam a invadir os salões ricamente decorados. Não vinha nenhum socorro de fora pelo medo do contágio.
Foi quando o Conde Drácula apareceu. Natasha era a única sobrevivente da epidemia, mas já agonizava. Ela lembrava que o Conde se debruçara sobre ela e lhe dissera para ficar tranquila que ele iria ajudá-la. Então a jovem sentiu uma mordida em, seu pescoço, o sangue quente escorrendo, e depois foi tragada para um abismo de escuridão...
Quando acordou, não estava mais no castelo de sua família, e sim num luxuoso e desconhecido quarto. Sentia-se forte, sem as terríveis dores musculares e a febre escaldante. Mas não era só isso, sentia que estava diferente. Visão, olfato, audição, tudo parecia mais aguçado. E também sentia uma sede abrasadora, mas mão de água... tinha sede de sangue.
CONTINUA