Maria Eugênia - Quarta Parte

A princípio pensou que fosse Marina, mas ela estava dormindo tranquilamente. Porém alguém chorava, como se fosse uma criança soluçando...

Jorge levantou devagar para não acordar a mulher e a filha, e resolveu verificar a origem daquele som. Abriu a porta do quarto devagar. Sentiu que o ar do corredor estava mais frio do que o normal, gelado mesmo. O choro parecia vir do andar de baixo. Jorge começou a ficar com muito medo, pânico mesmo, de algo desconhecido com que estava prestes a se confrontar. Mesmo assim desceu as escadas, bem devagar.

- Quem está aí? - perguntou.

Silêncio... depois o choro novamente. Jorge atravessou a sala às escuras. O soluçar parecia vir da garagem.

- Quem está aí? - ele perguntou outra vez. Somente o choro em resposta.

Ao chegar na garagem, Jorge acendeu a luz, e então viu um menino agachado. Ele usava uma roupa de cor imprecisa, toda rasgada e velha, e chorava estreitando Maria eugênia nos braços.

- Quem é você? como entrou aqui? - perguntou Jorge aproximando-se.

Então sentiu um cheiro de podridão fétida... o menino ergueu o rosto, que estava reduzido aos ossos e restos enegrecidos de tecido. Maria Eugênia também estava desfigurada, com enormes buracos no pelo e dois buracos no lugar dos olhos.

- Eu sou o Lucas... - disse a medonha aparição. - Ela é minha. Deixa eu levar a Maria Eugênia comigo!

Jorge então abriu a boca e gritou... gritou a plenos pulmões.

Agora ele sabia que sua filha estava dizendo a verdade... que aquela casa era de fato assombrada pelo fantasma de um menino e de sua gata de estimação. Maria Eugênia era de fato um fantasma, já estava morta, eram os restos dela que estavam enterrados no fundo do pátio... como era possível? Ela não tinha o peso, o calor e o comportamento de um ser vivo? Não comia na frente deles? Não dava e recebia carinho? Aquilo estava acima da capacidade de compreensão de Jorge, mas ele não queria assustar Helena. Voltou para o quarto e não contou nada a respeito do que vira. Felizmente elas não haviam acordado...

Decidiu que iria conversar com os vizinhos mais antigos e tentar descobrir alguma coisa.

CONTINUA

Maryrosetudor
Enviado por Maryrosetudor em 26/02/2014
Reeditado em 27/02/2014
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