A PARALISIA DO SONO
Hey meus queridos, depois de muito tempo sem aparecer por aqui, me bateu uma breve inspiração para um pequeno conto, pois recebi e-mails de alguns leitores que sentiram minha falta, então aqui estou.
Espero que curtam a paralisia do sono.
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Era como se Benjamim estivesse com mãos e pés atados, ele acabara de abrir os olhos, mas era melhor tê-los mantidos fechados, pois a escuridão no quarto ainda era a mesma. Piscou várias vezes e a sensação ruim não ia embora.
Respire fundo Bem! – Lembrou-se, mas entrou em um pânico maior ainda quando percebeu que o ar fugia-lhe dos pulmões, resfolegou, não conseguia controlar seu ar, tentou se debater, mas só conseguia mexer os olhos.
Medo invadiu suas veias, foi movendo os olhos de um lado para o outro que viu um vulto, ou talvez fosse sua imaginação, não! Definitivamente não era sua imaginação, pois sentiu todos os pêlos de seu corpo se arrepiando e uma presença ao seu redor, como se o observasse.
Algo o observava.
E nesse devaneio, não sabia ao certo se estava mesmo deitado na cama, se estava caindo ou flutuando na escuridão, seu corpo adormecera.
Estava prestes a chamar por alguém, mas o grito ficou preso em sua garganta e se perdeu em seus pensamentos, foi tomado por uma angústia que lhe parecia infinita, ouviu um ruído gutural, muito próximo de seu ouvido esquerdo, teve um calafrio, havia algo.
Havia algo muito próximo dele, mas algo prendia seus movimentos, não conseguia virar o rosto para ver o que estava ali, e assim seu coração disparou e o suor frio escorreu-lhe a testa.
Mais ruídos, como se algo tentasse se comunicar, mas era um ruído muito grosso e contínuo, como portas rangendo. Algo molhado encostou-se a sua orelha, era gelado como um anfíbio a percorrer-lhe o corpo, como uma língua, mas era fria demais...
Perdeu o pouco ar que tinha, por um instante pensou estar se afogando, mas não havia água ali, foi aí que se desesperou mais ainda.
Isso nunca acontecera antes...
Ben sentiu um corpo gélido e molhado encostar-se ao seu, não conseguia distinguir nada na escuridão, nem se mover, mas sentiu o encosto em seu corpo, sentiu um cheiro diferente que nunca antes havia sentido.
O cheiro do medo.
Fechou os olhos com força, estava exposto a algo muito ruim, mas não conseguia se mover, tentou com todas as suas forças, mas não conseguiu.
Alguém acendeu a luz.
A escuridão foi engolida pelo brilho branco, Benjamim, acalmou-se, conseguiu controlar seu fôlego, respirou bem profundamente numa arfada agressiva, seu coração estava se acalmando, o ritmo diminuindo. Conseguiu se sentar na cama e percebeu que estava molhado de suor, completamente encharcado. Passou a mão pela testa, levantou e olhou ao redor, não havia nada de diferente, mas quem teria acendido a luz? Se não há ninguém além dele em casa.
Desceu correndo até a cozinha, precisava de água, na volta passou pelo banheiro, defronte ao espelho, abaixou-se para lavar o rosto, quando ergueu a cabeça a luz apagou-se e houve o som do espelho se estilhaçando.
— Mas o que é que está acontecendo aqui?! SOCORRO! — Gritou.
Inutilmente.
Abriu a porta do banheiro e correu para a sala, queria se jogar no meio da
rua, havia algo ali dentro, podia sentir. Quando estava prestes a sair, que pôs a mão na maçaneta da porta de entrada. Um barulhinho metálico veio do primeiro andar.
As chaves!
Chaves caindo no chão, as chaves de seu carro, precisava dela para fugir dali e ficar em segurança, mas como subiria até lá e se sentia um mau presságio?
Se as chaves eram realmente necessárias, então teria que valer o sacrifício. Benjamim subiu a escada lentamente, com um nervosismo que o fazia ter espasmos e tremer como nunca, encontrou a porta de seu quarto aberta à meia luz que vinha do abajur.
Entrou lentamente, olhos vidrados de preocupação, viu as chaves no chão, deviam ter caído da escrivaninha, mas como?
Abaixou-se para pegá-las, quando se ergueu, sentiu uma presença bem próxima às suas costas, estava paralisado novamente, arrepiou-se dos pés à cabeça, quando moveu os olhos na direção do espelho à sua frente, viu uma figura putrefata por trás de si, sentiu uma respiração em sua nuca, seus pelos se eriçaram, seu coração bateu tão nervosamente que pensou que fosse cair, mas estava preso dentro de seu próprio corpo.
O espelho estilhaçou-se novamente, o abajur apagou-se e um som alto ecoou no quarto, a porta foi fechada violentamente e Ben, impotente, estava novamente entregue à escuridão...
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