Maria Eugênia - segunda Parte

- Mentira!- exclamou Marina, batendo com força o pezinho no chão. - A Maria Eugênia é minha!

- não, ela é minha! - insistiu o menino, e de repente seu rosto se transformou numa caveira e ele sumiu no ar.

Marina saiu correndo e entrou aos berros em casa, gritando pelos pais, que acudiram assustados.

- Marina, o que houve? - indagou Jorge, descendo as escadas correndo seguido de Helena. - Porque você abriu a porta?

- Pai, mãe, tem um menino horrível lá fora! Ele tem cara de esqueleto! - disse a garota chorando muito. - Ele disse que a Maria Eugênia é dele!

Jorge tomou a filha nos braços para acalmá-la.

- Filhinha, você teve um sonho, só isso. Fantasmas não existem, muito menos meninos com cara de esqueleto. E a Maria Eugênia está lá em cima, dormindo na caminha dela!

- Não, pai - insistiu a menina - Eu vi, eu acho que a Maria Eugênia é um fantasma também. Ele disse que veio trazer flores pra ela, e sumiu!

Jorge e Helena foram até o quarto de Marina, ele com a menina no colo. Ela tremia muito. Acenderam a luz. Lá estava Maria Eugênia, dormindo tranquilamente em sua caminha cor de rosa...

Marina ficou confusa.

- Mas, pai, eu juro... ela me levou lá fora, e tinha um menino com cara de esqueleto... o nome dele é Lucas.

Jorge acariciou os cabelos da filha e a fitou longamente.

- Marina, foi só um sonho. Acredite no papai.

- Será que ela é sonâmbula, Jorge? - indagou Helena, preocupada

- Acho que ela apenas teve um sonho muito real. - disse Jorge.

Marina se abraçou ao pescoço do pai.

- Pai, eu estou com muito medo... eixa eu dormir com vocês?

Helena tomou a filha nos braços.

- Vem, querida. Vamos lá na cozinha tomar uma água com açúcar...

- Mãe, eu juro que eu vi...

Enquanto Helena ia para a cozinha com Marina, Jorge resolveu checar o pátio, para ver se havia alguém. Como a casa tinha cerca elétrica por toda a volta, isso era quase impossível. Estava convencido de que Marina tivera um pesadelo. Chegando ao meio das árvores, que com o vento eram um pouco assombrosas, Jorge então viu um pequeno monte de terra, em forma de sepultura, em que não reparara antes. E lá havia um perfumado ramo de rosas e jasmins frescos.

Marina dormiu o resto da noite na cama dos pais. Jorge não conseguiu mais dormir. No outro dia, bem cedo, enquanto Helena preparava o café na cozinha, Marina ainda dormia e Maria Eugênia comia ração em seu pratinho, com a delicadeza própria dos gatos, ele disse à mulher o que encontrara nos fundos da casa.

Helena arregalou os olhos.

- Você está querendo dizer que ela não sonhou? - disse Helena. - que existe mesmo alguma coisa lá fora?

- Ainda não sei. - respondeu Jorge. - Mas o fato é que as flores estão lá, e nossa filha teve um choque sério ontem à noite.

Maria Eugênia terminara de comer e limpava os bigodes tranquilamente. O casal olhou para ela e depois se olharam. Jorge foi até a garagem e voltou com uma pá de jardinagem.

- O que você vai fazer? - perguntou Helena.

- Vou descobrir o que tem lá nos fundos. - ele respondeu. - Vem comigo...

O casal seguiu para o pátio e Jorge começou a cavar. A terra estava fofa e úmida. Helena sentia inusitados calafrios. Cavando mais um pouco, ele descobriu parte do esqueleto já desfeito de um animal que não se podia identificar.

Os dois ficaram atônitos.

- Jorge, - ela disse, - Você não acha que...

Mas havia alguma coisa a mais! Jorge abaixou-se e pegou entre os dedos uma coleira já decomposta, mas onde ainda se podia ler um nome: Maria eugênia.

CONTINUA

Maryrosetudor
Enviado por Maryrosetudor em 25/02/2014
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