O Bebê de Charlotte
Charlotte era uma garota dark. Usava maquiagem pesada, cabelos tingidos de roxo, tinha tatuagens de caveiras e cobras e andava sempre com longos e esvoaçantes vestidos pretos. Ela sentia que não pertencia a esse mundo e nada a satisfazia. Charlotte amava a morte e seu mistério insondável. Amava os dias sombrios e chuvosos, e a noite era o seu elemento. Charlotte flertava com o suicídio. Gostava de pegar um estilete e fazer cortes em sua pele muito branca e acetinada, e ver o sangue escorrer.
Sentia que não era amada por ninguém, nem mesmo por seus pais que não aceitavam aquela filha estranha. Certo dia, folheando um antigo livro de magia que comprara num sebo, Charlotte encontrou um ritual para invocar um Incubus, demônio do sexo. Decidiu chamar um deles, só para ver o que aconteceria. À noite, trancada em seu quarto, Charlotte realizou o ritual. Acendeu juntas uma vela preta e outra vermelha e um incenso de canela, dentro de um prato virgem. Em um papel escreveu em círculo seu nome completo e o pedido de que um lindo Incubus a procurasse aquela noite e lhe desse muito prazer. Isso feito, a garota abriu a janela do quarto, apagou a luz e deitou-se completamente nua.
A lua cheia brilhava enorme no céu, as velas tremulavam. Charlotte se espreguiçou na cama, aspirando o sensual perfume do incenso. Estava excitada, tocava-se de leve, apertando os róseos bicos dos seios.
Depois cochilou... fechou os olhos. Estava na fronteira entre o sono e a vigília quando ouviu um pesado rufar de asas. Sim, alguém entrara pela janela... era um homem alado. Charlotte sorriu, deliciada. Então, aquela magia funcionava mesmo! O Incubus aproximou-se. Tinha um cheiro almiscarado. à luz do luar, Charlotte pôde ver que ele tinha um corpo bem definido, grandes asas de plumagem cinzenta, olhos muito azuis, longos cabelos dourados... estava completamente despido, assim, ela pôde ver seu lindo falo também...
Ele logo mostrou ao que vinha. Charlotte gemeu ao sentir aquelas mãos fortes e carinhosas ao mesmo tempo acariciando a tenra carne de seus seios. Deitado sobre a moça, o belo Incubus a penetrou. Charlotte sentiu um êxtase que não era desse mundo com aquele falo em suas entranhas... ele fez amor com ela demoradamente, e somente depois de levá-la ao orgasmo também se permitiu ter prazer. Então Charlotte sentiu o longo gozo da entidade, que a inundava com seu sêmen... e perdeu os sentidos.
Na manhã seguinte, ao despertar daquele desmaio ou sono, Charlotte percebeu estranhas manchas verdes no lençol. Levou a mão ao meio das coxas e a retirou manchada de verde também. Então, o esperma de um Incubus é verde? Pensou, meio risonha. Queria muito repetir aqueles deliciosos momentos. Refez o ritual, e na outra noite ele estava de volta, mais lindo que nunca. Passou a vir todas as noites. Dava muito prazer a Charlotte, com as mãos, com a boca, de todas as maneiras.
Charlotte estava totalmente apaixonada pelo belo Incubus e queria saber o nome dele. Ele disse que se chamava Agathos. Que não pertencia ao Céu nem ao Inferno, mas a um lugar intermediário entre ambos, a morada dos Elementais. Só que um dia ele não voltou mais... Charlotte estava pálida, fraca, sentia-se muito doente. Sua mãe a levou a um médico, o qual depois de fazer um ultrassom constatou que a moça estava grávida de quatro ou cinco semanas. Charlotte ficou feliz, queria muito rever seu amado Agathos e contar-lhe que teria um filho dele... mas ele não voltou, por mais que ela o chamasse. Que estranha barreira se formara entre os dois mundos?
Apesar do tratamento médico, havia algo de errado naquela gravidez. Charlotte sentia horríveis dores internas e não podia sair da cama. Internada no hospital, uma nova ultrassonografia mostrou que o bebê apresentava uma estranha má formação. Quando Charlotte entrou no sétimo mês, os médicos decidiram fazer uma cesariana para tentar salvar a vida da jovem, pois seu estado era muito grave.
Ao extraírem o bebê, ficaram petrificados ao ver que o menino tinha um grande par de asas nas costas, e seus olhos muitos azuis estavam abertos e encaravam os médicos! Nesse momento, um pesado rufar de asas se fez ouvir na sala de cirurgia. Um homem alado, anjo ou demônio, entrara voando pela janela e pairava no ar! Toda a equipe fugiu em pânico do bloco cirúrgico, deixando Charlotte sobre a mesa, com o estranho bebê ainda ligado a ela pelo cordão umbilical.
Agathos então se aproximou... cortou com os próprios dedos o cordão e o amarrou. O bebê começou a chorar... Agathos o agasalhou em seu peito com infinita ternura.Ele tinha fome, precisava encontrar logo uma Súcubus com seios bem grandes para amamentá-lo. Olhou tristemente para Charlotte, que já estava morta, e disse consigo,nós Incubus não deveríamos nos envolver com as mulheres mortais. Mas nesse ponto não valemos mais que os homens terrenos, não é a cabeça de cima que nos comanda, mas a outra... Obrigada linda Charlotte, você me deu momentos maravilhosos e um filho lindo. E saiu voando pela janela...
A autópsia revelou um fato estarrecedor; Charlotte estava oca por dentro, seus órgãos internos haviam sido devorados, como se o feto a tivesse usado como alimento... o misterioso homem alado e o bizarro bebê nunca mais foram vistos.
FIM.
Nota: Esse ritual realmente existe, é para chamar tanto Incubus como Súcubus. Desnecessário dizer que é totalmente contraindicado fazê-lo.