TERROR- ENTRE A FANTASIA E A REALIDADE

TERROR - ENTRE A FANTASIA E A REALIDADE

Jorge Linhaça

Qual é a linha que delimita o terror do suspense?

Alguns poderão dizer:

-O terror é permeado de sangue, de criaturas fantásticas e sanguinárias que se esgueiram no meio das trevas, muitas vezes executando vinganças ou simplesmente buscando aplacar sua fome.

- O suspense pode ou não ter sangue, mas por certo é uma dissertação com grande predominância de fatos que brincam com a mente do ser humano, com voltas e reviravoltas , fazendo o leitor perder-se num labirinto de possíveis soluções.

Pode ser que essas definições estejam corretas, ou que se aproximem da definição pretendida, não sei.

E parece que os roteiristas de filmes também não sabem, pois, muitos deles vêm classificados como terror e suspense ao mesmo tempo.

Quem já não sentiu calafrios de terror explícito com as matanças de Hannibal Lecter, com Seven; Jack o estripador; O albergue e tantos outros filmes de suspense?

E quem não se sentiu desvendado mistérios em filmes com os Anjos da noite ou Blade?

Não podemos esquecer o terror presente em filmes de ficção científica, como Alien; Predador e todas as suas variações...

No meu caso, muitos de meus contos de terror contemplam o terror urbano, o do dia a dia, que muitas vezes fingimos não ver embora, corramos para a frente da TV ou para o cinema para ver filmes de terror estrangeiros, assim como muitos autores se distanciam da realidade dos contos que escrevem utilizando nomes de gringos e de cidades estrangeiras em seus escritos.

Será o medo de olhar dentro do abismo à nossa volta, contemplando de longe as cavernas abissais de outras localidades? Ou será apenas o desejo de “internacionalizar” seus contos?

Será mesmo que o terror só acontece alhures e nunca no nosso quintal?

Nossos mitos e lendas , assim como nossa história, estão repletos de personagens capazes de inspirar grandes contos de terror e suspense, mas parece que estamos cegos para essa realidade, nos rendendo aos mitos e lendas alheios, abjurando nossas raízes como se estas só servissem para realizar um filme de baixo orçamento que jamais chegará às telas.

Aqui não existe faroeste, existe o cangaço, não existe área 51, existe varginha, não temos zumbis em nossa cultura, mas temos o chupa cabra, e por aí afora.

Desculpem se soa como uma crítica, mas é apenas uma constatação do que vejo e leio aqui e em outros lugares. Somos muito Stephen King e pouco Zé do caixão. E este último é um cult lá fora apesar de desprezado e esquecido no Brasil. Mas insistimos em ser meros imitadores e deixar a originalidade em segundo plano.

Contentamo-nos em ser mais um, escrevendo mais do mesmo, sem explorar um universo imenso que teimamos em desconhecer.

Claro que cada um tem suas predileções e seus motivos para ater-se a uma ou outra temática que lhe “encha os olhos”, mas dar uma espiadinha em outra direção pode resultar em descobertas tão ou mais apavorantes que aquilo que se importa.