O ESPÍRITO DE VINGANÇA - PARTE 3

Senhores, o conto está afunilando. O fim do conto está próximo e espero sinceramente que as pessoas que estão apreciando desde o início, gostem de mais essa parte. Agradeço também aos amigos que comentarem algo. Elogios, críticas, sugestões, tudo é bem vindo. Boa leitura.

O ESPÍRITO DE VINGANÇA

PARTE 3

M. DAMER SIMAS

- O que você fez Carl? Que droga foi aquela na sala de interrogatório?

- Ele me tirou do sério chefe Winstoll. Eu o questionei diversas vezes sobre as acusações e fui alvo de deboches. Aquele homem é um assassino frio e calculista, o senhor devia preocupar-se com as ações dele e não com as minhas.

- É inquestionável o fato de aquele sujeito ser um perigoso assassino Carl, entretanto, você foi treinado e para esse tipo de situação. Teve meses de incansáveis instruções sobre como tratar o suspeito e por fim agride o homem. Sabia que aquela sala estava sendo filmada e que se for de vontade comum entre ele e seu advogado, eles podem ter acesso à gravação? Como ficaria a sua carreira de policial garoto? Vocês jovens são inconsequentes.

- Eu sinto muito chefe Winstoll. Deveria ter me controlado, mas as...

- As o que garoto?

- Não é nada, somente a dor na cabeça que eu venho sentido.

- Tire uma semana de folga rapaz. Isso vai passar. Volte mais controlado e reze para o advogado daquele verme ser um panaca igual a ele.

Michael não deveria estar arrancando corações no Brooklyn. Jamais aceitaria ter aberto os olhos após a chacina no Oceano Azul. Seu próprio coração já estava esfacelado, sua vida estava minguada e sua alma dilacerada. Seus medos o tornaram por um momento mais fraco, quando saltou do navio. Ele devia ter morrido, mas essa não era a vontade das vozes. Eles tinham outros planos, precisavam de mais amas.

O jovem Rudolph era um procurado internacional, não pelo que fez no navio, pois ao andar pelo porto, viu o velho comandante sair algemado em uma viatura da Swat. Aos berros, dizia ser inocente e afirmava ferrenhamente que o demônio travestido em pelo humana havia matado seus companheiros, não ele. Os olhos dos dois chegaram a cruzar-se, mas o destino do velho já estava traçado. A prisão perpétua ou uma cadeira elétrica logo acalentariam a vergonha alheia do velho. Ser morto por um crime que não cometeu não seria algo cavalheiresco para um inglês.

O sol queimava as pálpebras de Michael quando ele percebeu que não estava no fundo de seu túmulo sem terra. Sua pele ardia e seus ossos fraquejavam à medida que tentava se levantar do piso molhado do porto do brooklyn. As vozes estavam quietas e então ele logo tentou se matar novamente. Jogou-se contra o trilho do trem esperando levar uma descarga elétrica violenta e ali jazer. Nada aconteceu. Tudo que ele tentava era em vão. Facas, cabeçadas em pedras, vidro quebrado, jogar-se contra carros, absolutamente nada ceifava seus dias. Ele sempre acordava machucado, dolorido e chorando por nem tirar sua vida conseguir. Algo teria que ser feito. Um modo de sessar com as possessões, um modo de tirar as vozes de sua cabeça. Absolutamente, ele estava perdendo a sanidade. Em algum lugar ele teria que encontrar as respostas, só não sabia aonde. Caminhou solitário pelas ruas e vielas de nova Iorque, minguou de marmita em marmita um pouco mais de energia para seguir em sua peregrinação. Ele vivia de doações ou de roubar outros moradores de rua. Sua vida não tinha mais nenhum acalento quando pensou em desistir e deixar que as vozes o consumissem e por fim terminasse como um monstro assassino. Quem sabe não era em uma cela que encontraria sua salvação? Os dias passavam no novo país e nem sinal das vozes ele tinha mais. Foi então, que passando por uma viatura policial em disparada ele pensou:

- É isso, eu tenho que voltar. Não posso ser consumido por essa penumbra que assola minha mente. Eu vou voltar.

Michael resolveu então conseguir dinheiro e roupas decentes. Precisava de uma nova identidade também. Ele sabia que a única forma de arranjar tudo isso era com sangue em suas mãos.

A noite no Brooklin era um prato cheio para os famintos em aventuras. Lá, ele conseguiria tudo que precisava e além, uma nova vida. Foi na 87 avenida que tudo mudou.

Um homem. Dante. O maior agiota da zona portuária aliciava menores, meninos e meninas naquela local. Frente de madeira, uma fraca luz, um bar chamado State Parade. Michael precisava da ajuda das vozes naquela hora e atiça-las contra um braseiro seria o meio mais fácil de conseguir toda a crueldade que necessitava. Mataria todos que estavam no bar. Menos as crianças.

O espírito de vingança chegara à porta. Ao entrar, olhou em todas as direções e logo percebeu que haviam nove pessoas sentadas às mesas. Homens e mulheres que logo estariam esfacelados no chão. Dante seria o último a morrer, somente após lhe dar todo seu dinheiro. Aquele verme imploraria por sua vida antes.

- Ei vocês. Crianças. Saiam daqui. Um circo dos horrores banhado de sangue e dor começara nesse local amaldiçoado. Não quero que vocês fiquem chocados.

- Mate-os Michael. Precisamos de almas. Mate todos

- Que droga você está falando seu puto? – Disse Dante, o dono do local.

- Você logo entenderá.

Michael perfurou o peito de um homem sentado logo a sua esquerda, perto da porta. Tirou seu coração e mordeu com tamanha raiva, como jamais havia feito. Ele não estava possuído, estava presenteando sua maldição com aquilo. Um gesto de tamanha fúria deixara as almas contentes.

- Isso Michael. Mais, nós queremos mais! Almas!

- Calem-se! Eu sei o que tenho que fazer. Estou assumindo o meu destino. Mas será do meu jeito.

As crianças correram porta afora, atônitas pelo que viram. O cenário era perfeito para ele. Michael cometeu uma chacina no bar. Em pouco tempo todos caíram ao solo banhados em um caldo vermelho e quente. O fedor de tripas e sangue era repugnante e somado a um assustado Dante com as costas pressionadas contra a parede do bar criava um cenário perfeito de mortalidade.

- Eu preciso de dinheiro homem. Quero tudo o que você tem aqui.

- Eu não tenho dinheiro homem. Por favor, deixe-me em paz.

- Nós sabemos bem qual a sua profissão Dante. Eu sei do seu negócio como agiota nesse lugar. Minhas vozes não gostem de homens que aliciam menores, espero que tenha entendido o recado. Seu pescoço logo será comida de peixes.

- Eu pago você. Quanto quer?

- Pouco. Meio milhão para começar.

- Você está louco? O que te faz pensar que eu tenho isso.

- A sua renda vai bem além do ramo dos empréstimos, seu porco. Eu sei bem o que você faz nas entrelinhas da noite. Seu sujo.

- Está bem, mas você vai me deixar em paz?

- Eu quero o dinheiro.

- Está bem. Solte-me que eu vou buscar.

- Você acha que eu sou trouxa? Vamos até o seu cofre.

Ao abrirem o cofre, localizado atrás de um quadro vagabundo na parede do próprio bar, Michael teve a visão de bem mais do que meio milhão. Logo exigiu uma quantia mais compensadora. Ao ser pago, Michael estripou o Criminoso. Naquela noite as vozes haviam conseguido suas almas. Ele estava satisfeito. Alugou um quarto num hotel vagabundo chamado Riviera. Lá conseguiu roupas novas, um barbeador e uma nova ideia. A polícia era seu destino. Lá ele teria novas respostas

Michael viu o anuncio de que precisavam de jovens, entre vinte e vinte e cinco anos, para treinamento para se tornar investigador. Durante a madrugada, enviou às vozes mais uma alma. Um homem chamado Carl Junior cedeu seu nome e seus documentos à causa de Michael. Pelo menos essa morte não havia sido em vão. Ele também pintou seu cabelo de ruivo para que se parecesse mais com a vítima. O endereço do cartaz o mandava até a academia de polícia de nova Iorque, era lá onde tudo recomeçaria.

Foi aprovado para o início do curso. A seleção era simples. Apenas atributos físicos e isso Michael tinha de sobra. O curso também não se mostrou problemático. Em seis meses ele estaria na rua, caçando as almas malfeitoras para suas vozes.

Fazia dias que tudo ia conforme planejado, Em seu primeiro caso, no mesmo dia 27 pela manhã, encontrou um homem chamado Rush, o qual havia afirmado que Winstoll, o chefe do departamento era um homem dos feitiços. Em seu segundo caso, teve que investigar o assassinato de um jovem. Um homem que dizia ser Morte matou um colega de serviço com um tiro no peito. A causa do assassinato havia sido banal. O amigo, Roger Klauss recusara-se a emprestar uma quantia de dinheiro. Chegando até a cena do crime, O inspetor Carl e seu parceiro Sam depararam-se com um Morte já algemado e debilitado. O mesmo morte que logo confirmaria a versão de Rush.

- O que você fez seu porco? – Perguntou Michael, ou Carl.

- São vozes em minha cabeça policial. Elas me mandaram matar aquele desgraçado. Eu sou inocente.

- Vozes? Você só pode estar de brincadeira comigo! Sam ponha esse traste na viatura. Vamos para a delegacia.

37 DP NOVA IORQUE – 27 DE OUTUBRO A NOITE

- Você esta me dizendo que o chefe Winstoll meche com bruxarias? Você já é o segundo que me fala isso.

- Sim! Por favor, pare de me bater. Se seus amigos vierem aqui e souberem o que eu disse vão bater mais.

- A porta está trancada seu cão sarnento. Eu quero a verdade! Agora!

- Sim, esse tal Winstoll frequenta casas de feitiçaria no porto. Ele tem respostas que você procura. Eu já o vi por lá.

Michael caminhou até a porta, destrancou-a e assim seus companheiros entraram na sala correndo. Aos gritos chefe Winstoll o chamara:

- DETETIVE CARL! EM MINHA SALA AGORA!

Era tudo o que Michael precisava. Após ouvir algumas frases e um mandato para tirar férias, Michael não se conteve:

- Tire uma semana de folga rapaz. Isso vai passar. Volte mais controlado e reze para o advogado daquele verme ser um panaca igual a ele.

- Chefe Winstoll, antes que eu vá. Responda uma pergunta se puder.

- Fale Carl.

- O que o senhor sabe sobre feitiçarias?

- Você está de chacota comigo garoto? Por que eu saberia algo sobre isso?

- Almas Michael, Almas. Mate a todos!

- Meu deus... O que é isso?

- É o que você vai me responder se quiser continuar vivo.

Winstoll foi pego em uma sinuca de bico. Sabia que sua vida dependia das respostas que daria à Michael. Aquilo não era uma hora para brincadeiras e nem para teste. Era a hora da verdade.

- Garoto, eu vou contar o que sei sobre isso na sua cabeça.

- Então se apresse. Minha vontade de matar está quase aflorando.

- Enfim, o que controla sua mente não são vozes. Apenas um demônio pode fazer isso. Controlar um corpo em busca de almas. Alguém está tentando fugir do inferno e está usando você como receptáculo para apanhar o tributo do diabo. Nada disso foi de graça meu filho, alguém lucrou vendendo seu corpo para esse demônio. Quem precisava disso em sua casa? Alguém estava doente? Alguém estava para morrer?

- Minha mãe estava doente. Meu pai disse que iria dar um jeito. Eu... Eu não acredito. Meu pai fez isso comigo?

- Provavelmente garoto. Se sua mãe está viva até hoje pode contar com isso.

- O espírito saiu dele quando eu fui prendê-lo em Londres. Eu nunca imaginei que ele mesmo tenha procurado isso e me oferecido. Mas porque o espírito saiu dele para mim.

- Ele sacrificou a si mesmo até que você estivesse pronto Carl.

- Meu nome não é Carl. É Michael. Fale logo. Como eu desfaço essa porcaria?

- Eu não sei filho.

- Então é melhor começar a lembrar, pois se não, logo eu estarei oferecendo seu coração para esse maldito demônio.

CONTINUA NA PARTE 4

M Damer Simas
Enviado por M Damer Simas em 20/02/2014
Código do texto: T4699849
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